Está tudo ligado

No Reino Unido à Índia, na América, da americana à Latina, passando por África, até aqui, na Europa,

O ecocídio do planeta (e da natureza) é o genocídio da humanidade, não da natureza (nem do planeta). Ela e ele, regeneram-se. Nós não.

Há quem diga que precisamos travar os desastres ambientais porque estes estão a impedir o crescimento, logo o lucro, logo o aumento de riqueza para uns. Esta é  premissa da terra do Capitalquistão.

Não, não precisamos nem de mais capitalismo, nem de mais crescimento, consequentemente de mais exploração, por ganância, sem tirar da pobreza e deixando com fome  – nos e dos países mais ricos – milhões de seres humanos. 

Precisamos de sustento e de caminhos de alimento para o corpo, espírito e mente, em ciclos de ligação com a natureza para parar o ecocídio em curso. 

Qualquer ser na política que não actue neste sentido merecem o meu desprezo incluindo os que estão no activo, os que estiveram recentemente nestas últimas três décadas, a destruir sistematicamente o ciclo da vida. 

Só radicalizando a luta pela democracia – o poder na mão de quem produz – se poderá reverter este ciclo de ecocídio e genocídio. Só repito as palavras dos que me antecedem e vivem contemporaneamente. 

Também por isso o Brasil precisa de novo de Lula, pela defesa dos povos índios, da Amazónia, pulmão da humanidade, dos agricultores, dos sem terra que querem a terra para trazer o essencial para a vida humana. 

Pelas mesmas razões África e Índia ou o Reino Unido precisam reverter as políticas da terra e do ambiente, de preservação da comida, e da democracia. 

Porque não precisamos de mais crescimento, precisamos de alimento. 

A Europa teve uma vantagem, aprendeu com pensadores e políticos da democracia a entender a distribuição da riqueza, e o Estado Social, que serve os mais vulneráveis. 

Depois da Escravatura, que fez nascer o Capitalismo, não se podia deixar ninguém para trás.

Quando a Escravatura terminou oficialmente, nenhum negro que foi explorado e oprimido recebeu um cêntimo de compensação. Ou um pedaço de terra para cultivar. 

No entanto os donos de escravos receberam milhões como compensação. Além de terras que já tinham e produziam. Este foi um caso flagrante no Reino Unido. 

Com a Revolução Industrial enganaram-nos de novo, a todos sem distinção de cor, etnia e religião. Íamos trabalhar, ter bons salários, e como compensação, uma vida mais confortável. A exploração era agora feita de forma velada.

Onde viémos parar? Veio a dependência do dinheiro, veio a formatação na Educação para nos preparar para o trabalho, chegou a desumanização do trabalho e da vida, as Ilhas para esconder e lavar dinheiro dos dividendos, de quem não paga impostos, sobrando em obrigações aos que pagam impostos. 

O Estado Social que nasce com o final da II GM de protecção para com os mais vulneráveis para onde é que foi? De novo fomos enganados. 

E agora apresentaram-nos a Inteligência Artificial que se entranhou nas sinapses da vida, inteiramente dedicada a quebrar o círculo de ligação com a natureza. 

Enrolaram-nos num fio de Ariadne que nos conduziu à morte por fome e asfixia. O oxigénio foi-nos cortado no cordão umbilical que liga à sobrevivência no mundo – a natureza. 

O dinheiro não tem cheiro, nem cor, nem religião, nem fórmula química que salve o planeta do dióxido de carbono que expele pela sua produção.

Ser o novo PM no Reino Unido de origem Indiana– o reino unido do sistema financeiro que nunca perdeu a ligação com a Escravatura, o colonialismo ou com a brutalidade das guerras, inclusivamente inventando-as, nunca largando a mão do irmão do outro lado do lago – é um eufemismo para uma crónica anunciada a um desastre. 

Não porque não seja um homem jeitoso (incomparável aos anteriores), mas porque representa os interesses exclusivos do dinheiro, da riqueza sem limite, da exploração desumana, da obscenidade que são os bilionários (sobretudo os que não pagam impostos como é o caso da sua família- da mulher), das grandes corporações que têm vistos de ouro em qualquer nação, que são supranacionais para roubar recursos, trazer fome, provocar ecocídio no planeta (natureza), e sobretudo “masters” nas artes obscenas de quebrar a ligação entre homem e natureza. 

E isto está tudo ligado. 

Ficam aqui as perguntas que andamos todos a fazer – se eu não puder ser humano na minha casa, qual é então a minha razão de ser aqui, numa era de tanta riqueza, de globalização e inter-relação humana? 

Porque passamos fome?

Para servir os rishis, os bidens, os bozos, os trumps, os bannon, as von der Leyen, os barroso (manipuladores e marionetas) desta vida, que engrossam não apenas as suas bolsas como a de uma meia – dúzia de gananciosos que se estão nas tintas para pessoas e natureza e nos separam em castas? 

Ah! Não me parece, digo eu cheia de vontade de desobedecer. E no entanto levanto-me doente do corpo, saio de casa com o rabo entre as pernas, insanamente infeliz do espírito e vou trabalhar para eles, louca da mente. 

Já não sou escrava digo-me, já só tenho o meu dono que me dá um dinheiro mínimo para lhe devolver em mil e uma contas impossíveis de pagar,num círculo perpétuo e infinito. 

Sou obrigada a ser pobre, a amassar diariamente o pão que encarece e que para muitos não existe. 

Quando chego a casa sem forças, nem penso, nem me rebelo, só obedeço. 

Tenho mais isto para acrescentar – “todos os Homens são iguais”, mas há uns mais iguais que outros, não é? 

Sabemos que dentro da classe dos pobres e com fome há hierarquias e sub-divisões – pretos, ciganos, mulheres entre os mais pobres –  no entanto pobres de qualquer cor, grupo étnico, nacionalidade e religião, além de sermos o objecto de grandes negócios  – que vão desde a exploração física, sexual (incluindo a pedofilia), mental e emocional –  todos precisamos de comida. 

Sabemos de fonte segura que a pobreza gera negócios gigantes aos donos disto tudo que nas sombras se movem. 

Sabemos que as doenças e a fome frutos da árvore da pobreza estão a aumentar exponencialmente (busquem relatórios). 

Voltaire que explorou conceitos sobre a ligação entre humanos e a natureza não os inventou, apenas recriou, copiou e colou . 

A natureza é a nossa melhor educadora – dela e nela aprendemos a inter-relacionar cabeça-mente-coração logo em círculo com a vida. 

Aprendamos com educadores Indianos, como Satish Kumar, Vandana Shiva e Arundhati Roy, alguns dos Indianos que de facto merecem o meu respeito e veneração que expõem a hipocrisia e os falsos deuses. 

Por ironia do destino o discurso educado e aparentemente maduro do novo PM Inglês levou-me à Índia, a Ghandi e à falsidade do endeusamento de que este último está rodeado, cuja batalha foi a de ajuda e da expansão dos negócios da Índia para e com o Reino Unido (que para além das traições deram imensos frutos fazendo crescer as disparidades entre as castas), incluindo o seu racismo contra os “cáfir”(pretos e infiéis), e a favor da manutenção do sistema de castas, contrário à sua retórica. 

Retóricas bem articuladas e pomposas das quais precisamos desconfiar, ou as mais ignorantes e populistas (venham de onde vierem), num sistema de castas que hoje como ontem se confrontam com o mesmo desejo:

 -controlo e poder por parte dos que consideram ter mais direitos, dos que se arrogam superiores e escolhidos sobre outros incluindo sobre a natureza e o planeta. 

Levanta-se a questão: “a sério”?

À gente que é a respiração, o oxigénio que alimenta os sonhos, a dança da fantasia, a brisa da poesia do mundo, deixo as palavras de um poeta, Luis Britto Garcia. 

“Em nome do imperialismo humanitário, da atrocidade bondosa e do holocausto benfeitor, intensificamos a agressão pacífica, o bombardeio filantrópico, o extermínio vivificante e o genocídio benévolo para assegurar o arrebatamento honrado, o saqueio generoso e a pilhagem altruísta. Multiplicando as guerras preventivas, expandimos o assassinato profiláctico, o extermínio saudável, a hecatombe caritativa e a matança benfeitora para impor a barbárie progressista, a democracia oligárquica, o racismo tolerante, o encarceramento libertador, a tortura compassiva e a opressão redentora.”

Anabela Ferreira

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