BE (Bloco de Esquerda), os empata!

blocoPropus-me escrever sobre as declarações que o antigo ministro da defesa proferiu na Comissão Parlamentar de Inquérito aos Programas Relativos à Aquisição de Equipamentos Militares (EH-101, P-3 Orion, C-295, torpedos, F-16, submarinos, Pandur II)… Irra com um nome deste tamanho quando acabam de o ler já estão na hora de almoço. Adiante, pensei escrever sobre isto mas fica para outra oportunidade.

Da redacção do Notícias Online pediram-me para escrever sobre o BES, tema muito na moda, toda a gente escreve e, mais importante ainda, toda a gente lê. Como sou teimoso, gosto de ser eu a escolher os meus temas, não vou escrever sobre o BES. Vou escrever sobre o BE, só fica a faltar o “S”, posso sempre dizer que estava sem óculos e não vi o “S”.

“AH era sobre o BES? Desculpem, não li bem, pensava que era sobre o BE!”

O BE (Bloco de Esquerda) é na prática um empata, se dúvidas podiam subsistir ficaram agora totalmente esclarecidas. A guerrinha entre Francisco Louçã, Daniel Oliveira e Ana Drago veio confirmar que o BE, o BE de Louçã, o BE do primo do Rabaça Gaspar que foi ministro das finanças do actual regime. Esse BE na realidade não têm nenhum projecto para Portugal, os tipos nem querem governar.

A posição que Francisco Louçã quer para o BE é a de permanente oposição, até critica quem, legitimamente, ambiciona chegar ao governo da nação. Realmente é mais fácil, ser da oposição, ser permanentemente da oposição é bem mais simples, só tem de dizer mal de tudo e de todos, basta criticar tudo o que é feito e dizer que esse não é o caminho.

Ninguém se atreva a perguntar qual é o caminho ou como se faz bem porque vão ficar a falar sozinhos. Muito menos se atrevam a sugerir ou pedir que façam, isso vai contra a génese dos que se assumem sempre contra.

O BE de Francisco Louçã é um empata, não faz nem sai de cima. É uma espécie, para pior, de Velho do Restelo:

Mas um velho, de aspecto venerando, Que ficava nas praias, entre a gente, Postos em nós os olhos, meneando Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando, Que nós no mar ouvimos claramente, C’um saber só de experiências feito, Tais palavras tirou do experto peito:   – “Ó glória de mandar! Ó vã cobiça Desta vaidade, a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça C’uma aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! – “Dura inquietação d’alma e da vida, Fonte de desamparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinos e de impérios: Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo dina de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana!   – “A que novos desastres determinas De levar estes reinos e esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas Debaixo dalgum nome preminente? Que promessas de reinos, e de minas D’ouro, que lhe farás tão facilmente? Que famas lhe prometerás? que histórias? Que triunfos, que palmas, que vitórias?

Em democracia a existência de oposição é fundamental, o contraditório, o debate de ideias, a auditoria que é feita às decisões do governo são essenciais. Mas só serão essenciais, só serão fundamentais quando praticadas por alguém que queira ser mais que treinador de bancada, por alguém que queira fazer, por alguém que tenha vontade de fazer, por alguém que saiba fazer ou que em consciência pense saber fazer.

Uma oposição que não quer fazer, não tem vontade de fazer e, por maioria de razão, não sabe fazer. Uma oposição que não quer ser governo não é uma oposição, são uns empata.

Se Ana Drago, Daniel Oliveira ou qualquer outro cidadão no pleno gozo das suas capacidades tem vontade de fazer, quer fazer e julga saber fazer não é criticável, é louvável.

Se Ana Drago, Daniel Oliveira ou qualquer outro cidadão no pleno gozo das suas capacidades quer dar o seu contributo ao País no exercício de funções governativas não é criticável, é louvável.

Criticável e muito pouco louvável são as criticas corrosivas ilustradas com capas de livros infantis que têm feito parte do veneno que Francisco Louçã anda a carpir.

É caso para dizer… Oh Louçã não empates, se não fazes sai de cima!

(PS: Anabela Ferreira, já sei… já sei que terias escrito esta frase de outra forma, mas eu não quero roubar o estilo de ninguém, muito menos duma autora com obra publicada)

Um comentário a “BE (Bloco de Esquerda), os empata!”

  1. Manuel Araújo diz:

    Isto foi escrito sobre Louçã e o Tio Jerónimo, em 2011, na sequência da sua ação, em conluio com a direita

    A esquerda que me querem vender

    Caro Louçã, o economista

    Contrariando a tendência que me faz lembrar as modas, em que os carneirinhos votam todos no mesmo sentido, que detesto, diga-se de passagem, fico deliciado com as últimas que me chegam do PCP e do Bloco:
    devem sim, ser penalizados pela demagogia, mas também pela desfaçatez de recusarem entrar na solução dos problemas do País, que não é de todo, o aumento da despesa social sem dinheiro.

    Quando se fala de distribuição de riqueza, concordo com tudo o que tenha em atenção, esse objectivo: Gestores e Chefias da Banca, EDP, PT, GALP, o mesmo, no Sector Empresarial do Estado, em contradição com os funcionários de nível médio, quiçá, com desempenho acima dos próprios gestores, mas tratados abaixo de cão.

    Os sindicalistas ditos de esquerda que estão lá, apenas para negociar em seu próprio benefício, com alguns cheques passados por debaixo da mesa, vindos das Administrações das EPs, para que estas sejam consideradas, solidárias, quando a realidade é bem, outra.
    Mas…as greves continuam, como sempre, prejudicando tudo e todos.

    Partidecos auto-denominados, de, esquerda, que pensavam ser esta, a oportunidade de oiro, de ir para o poder, é claro que gostaria de ter um poder à esquerda, mas com pragmatismo, sem promessas vãs, vazias de sentido e de dinheiro.

    Para que se dê algo a alguém, é preciso ter o que dar, dando menos a quem mais tem.

    E que melhor oportunidade que entrar num governo, qual “Cavalo de Tróia”, forçando políticas sociais que os poderosos eventualmente, não aceitarão se a isso, não forem forçados; só assim, o Bloco teria o meu voto.

    Caro Louçã, o político

    Acho que a política deve basear-se numa coisa muito simples:
    os mais fracos fisicamente, devem, com a sua argúcia, fintar os mais fortes, mesmo, sem as armas que aqueles possuem e dou um exemplo:

    Se a nossa selecção de futebol, valesse só pelo potencial atlético/físico dos seus jogadores, no ranking mundial, estaríamos de certeza entre os últimos: não é o caso como sabe.

    A Inteligência não serve apenas para acumular Mestrados e Doutoramentos, deixando os desafortunados compatriotas em situações de pobreza e miséria.

    Pense nisto e volte à vida real; se não estiver para isso, dê lugar a outros, mesmo se forem apenas doutorados pela sua/deles, VIDA vivida.
    Manuel Araújo

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