O Azulinho

São quase trinta e seis milhões de pessoas que sofrem com a degenerescência cognitiva, provocada pelas proteínas beta-amilóide e TAU que formam placas nas ligações neuronais do nosso sistema operativo, conduzindo ao apagamento de memórias no hipocampo – onde são armazenadas – causando a doença conhecida como Alzheimer, o nome do médico alemão que a descobriu. 

Cientistas pediram ajuda à Inteligência Arificial para que está lhes desse o nome de um medicamento já descoberto, que pudesse ajudar no combate desta doença que incapacita tantos humanos. 

E a Inteligência respondeu: Viagra! 

O princípio activo sildenafil do medicamento reduziu a possibilidade de desenvolvimento desta doença já nos primeiros ensaios clínicos. O que é fantástico e faz desenvolver a esperança de reversão dos números assustadores que leva a outras questões: 

-estão os serviços de saúde e redes familiares preparadas? Como se arranjarão cuidadores para todos estes pacientes actuais e futuros?

Calcula-se que até 2050 mais de cem milhões de pessoas venham a ser afectados com a doença. Nada está provado cientificamente enquanto mais estudos clínicos e revisão entre pares não forem conclusivos. Mas que devolve a esperança, devolve. É isto a ciência. Conhecimento, teste, análise, tentativa, erro, correcção, resultado, conhecimento, cura, tratamento. É para isto que serve a IA a trabalhar em conjunto com os cérebros criativos dos seres humanos. Sobretudo é para chegarmos a resultados destes que serve o investimento na Educação, na Saúde, na Ciência. E que este investimento beneficie o colectivo.

Lembrem-se disto quando forem votar. O investimento que deve ser e na sua maior fatia é feito pelos governos, que é o mesmo que dizer, nós os cidadãos, através dos impostos.Quem sabe daqui por algum tempo, no caso do género feminino, fluído ou outro, pedir um azulinho na farmácia será apenas para voltar a sorrir e a manter o hipocampo livre de barreiras e placas. E, no caso masculino, o azulinho não servirá apenas para tratar a disfunção eréctil mas também (e sobretudo neste caso) para lembrar a função vital de levantar o membro. 

Como conheço demasiadamente bem esta doença, a notícia fez aumentar os níveis de oxitocina no meu disco rígido e por consequência descarregou o programa da esperança. 

Espero que a vossa oxitocina também se eleve sem sequer precisar de tomar um azulinho.

Anabela Ferreira

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