O Primo Basílio

Basílio Horta, actual presidente da Câmara Municipal de Sintra, faz parte daquele grupo de políticos que, já lá vão muito anos, provocou o sentimento de repúdio que desenvolvi, não pela política, mas pelos políticos que se começavam a perfilar.

O baixo nível, a falta de elevação, a tentativa de condicionar o debate de ideias com ataques pessoais, a falta de respeito que Basílio Horta teve nos debates para as presidenciais de 1991 definiram-no, perante mim e certamente perante outros como eu, como uma pessoa intragável desprovida dos valores éticos que devem estar presentes na política e no debate político.

Acresce o facto de Basílio Horta ter definido o Socialismo como um “andar para trás”, ora se isto vindo dum membro da extrema direita não passava dum inconsequente ataque de quem não tem mais nada para dizer o mesmo já não se pode afirmar quando esse extremista passa a integrar as listas do partido… … … socialista. Se isto diz muito em relação a Basílio Horta também não pode deixar de dizer muito em relação a momentos que foram vividos no Partido Socialista onde, aparentemente, as fronteiras estavam abertas acolhendo todo o tipo de gente, Basílios incluídos .

Não pensem com isto que sou fundamentalista ao ponto de não aceitar mudanças de opinião, acho que a opinião deve acompanhar o nosso amadurecimento, o nosso crescimento. Já o mesmo não digo em relação aos princípios, os nossos princípios são o que nos define enquanto pessoas e quem, como o actual presidente da Câmara Municipal de Sintra diz mal do socialismo não pode acordar um belo dia a dizer “agora sou socialista”, isso revela, na minha modesta opinião, falta de princípios.

Agora que já casquei no Dr. Basílio Horta vamos lá à segunda parte deste texto. 

Tem feito correr muita tinta o facto de a Câmara Municipal de Sintra (CMS) não ter autorizado Madonna a fazer filmagens com um cavalo no hall principal dum palácio em Belas. Reza a estória, que não chega a ser história, ter sido pedida autorização à CMS para a realização das filmagens do videoclip Indian Summer. Foi enviado o plano de filmagens juntamente com o respectivo pedido de autorização e foi tudo aceite com excepção da cena em que era feita uma filmagem, no já referido hall principal, com um “cavalo deitado no chão a interagir com a protagonista”, essa foi chumbada. Diz a CMS que “o piso do rés do chão assenta sobre estrutura de vigas de madeira, sendo a caixa de ar ventilada, portanto um piso não estabilizado estruturalmente, o que impede a utilização de atividades que provoquem vibrações”.

Até aqui parece não haver grandes dúvidas, as filmagens podem ser feitas, mas, por uma questão de protecção do património e por não ser tecnicamente possível garantir a integridade desse mesmo património há uma cena que não pode ser feita. O problema não está no soalho de madeira que podia ser protegido o problema está mesmo na estrutura em si, a caixa de ar onde assenta o soalho não é uma estrutura que esteja estruturalmente estabilizada e seria arriscado.

Começa aqui o drama da diva Madonna, podia filmar a cena em que estava deitada na cama, podia filmar a cena das bailarinas, podia filmar as cenas em que circulava pelos corredores e por algumas salas  mas não podia filmar a cena do cavalo deitado no chão a interagir com ela e ela queria essa essa cena, queria rebolar-se no chão do palácio com o garanhão e eis que aparece um tolo que não a deixa satisfazer os seus divinos desejos. 

Além de acusar Portugal de ingratidão por já ter dado tanto a este país, Madonna lamenta-se de que pede um simples favor e é-lhe negado. É um facto, deve-se a Madonna o baixo défice orçamental, deve-se a Madonna a recuperação do nível de vida da maioria dos Portugueses e até deve ser a Madonna que se deve os novos passes metropolitanos. “Desculpa, minha rainha. Estou a fazer o meu melhor” lamenta-se o agente que terá tentado inclusive chegar à fala com o primeiro ministro numa desesperada tentativa de satisfazer os divinais desejos da desejosa diva. Infelizmente não terá conseguido, António Costa não estava disponível, estaria certamente numa reunião familiar… perdão, numa reunião do conselho de ministros.

Esteve bem, nesta decisão, Basílio Horta! 

Madonna já tinha tido uma contrariedade quando quis convencer o proprietário dum palacete em Paço de Arcos a ceder-lhe o espaço “á experiência” por 6 meses fazendo ela umas obras e depois decidiria se arrendava ou não, correu mal o proprietário não lhe fez a vontade. Já Fernando Medina tem sido mais complacente com a diva cedendo, a preço de amigos, espaço para estacionamento de 15 viaturas e sabe-se lá mais o quê.

Embora o título do videoclip seja Indian Summer temos verão, mas não somos índios, por vezes parece eu sei.

Madonna, se esta “ingratidão” for, de todo, insuportável a fronteira por onde entraste continua aberta e também serve para sair!

O Primo Basílio quando confrontado com esta cena da Madonna certamente terá dito “Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine”

Jacinto Furtado

2 comentários a “O Primo Basílio”

  1. António Rosinha diz:

    “Não pensem com isto que sou fundamentalista”. Quando alguém se sente na obrigação de se explicar é porque o contrário é verdadeiro. Sempre. Por conseguinte, este Jacinto Furtado é fundamentalista. Aliás, chamar extrema direita a um partido liberal da democracia cristã, não revela apenas fundamentalismo. Mostra sobretudo uma forma complexada de observar a política. Inferior nas ideias, vai a Eça buscar um título. Atravessa o artigo com um ar de, “ora aqui vou eu, sim senhor”, referindo-se sempre ao Presidente da CMS como primo basílio com letras maiúsculas, como se de Eça se tratasse. O tal Basílio é igual ao Jacinto, coitados. Faz tudo errado, incluindo recusar um pedido simples de Madonna – vai para o seu curriculum em página a pendurar na parede. Não têm mundo e nunca vão ter pois, nem sabem o que é.

    • Jacinto Furtado diz:

      Caro António Rosinha,
      Antes de mais muito obrigado por ter lido e comentado.
      Permita-me, no entanto, discordar tanto da forma como do conteúdo do seu comentário. Não só não tenho complexos nem na forma de observar a política nem em qualquer outro aspecto, por outro lado essa do liberal democrata cristão tem muito que se lhe diga e não deixa de ser interessante, mais que bater no peito e dizer-se que se é liberal e democrata cristão é necessário que se demostre por actos e, na realidade esses alegados democratas cristãos têm sim por actos e omissões provado precisamente o contrário.
      O pedido simples de Madonna como lhe chama, ainda bem que o considera simples, poderá sempre convidá-la para ir filmar para sua casa na companhia do cavalo e assim ficam todos satisfeitos. Bem sei que, estando a administrar um organismo público seguramente utilizaria a velha máxima “isto não é meu nem do meu Pai ela que venha”, felizmente Basílio Horta teve a inteligência de recusar e proteger o património público.
      No que se refere à página a pendurar na parede, depreendo que seja com o texto comentado, creia-me que com muito orgulho a penduraria se fosse de andar a pendurar coisas nas paredes, pendurava com muito mais orgulho do que um despacho de exoneração com a fundamentação que segue: “foram seriamente atingidas a credibilidade, o prestígio, a boa imagem e a fé pública da administração e das instituições públicas verificando-se a existência de fundamento válido para a hipótese de exoneração das pessoas em apreço sem direito à percepção de qualquer indemnização podendo este comportamento consubstanciar igualmente o crime de abuso de poder, razão pela qual recomenda que o Governo remeta todo o expediente para a Procuradoria-Geral da República.”
      Isto é que não tinha mesmo orgulho nenhum em pendurar.
      Reafirmo o agradecimento por ter lido e comentado e lamento não partilhar da sua opinião, mas continue a ler-nos e a comentar.

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