Polícia localiza os dois suspeitos pelo atentado no Charlie Hebdo

895657Os dois irmãos Kouachi foram vistos no Norte de França ainda no carro com que abandonaram Paris e continuam armados.

A França procura dois irmãos, suspeitos pelo atentado de quarta-feira na redacção do jornal Charlie Hebdo, que terminou com a morte de 12 pessoas. A polícia localizou os dois homens no Norte do país, segundo algumas fontes citadas pela imprensa francesa.

Por trás do ataque em pleno centro de Paris estiveram três homens: os dois irmãos Kouachi, de 32 e 34 anos, e Hamyd Mouradi, de 18 anos, que se entregou durante a última noite, após descobrir o seu nome entre os suspeitos.

A polícia concentra agora as buscas sobre os dois irmãos, Chérif e Said Kouachi. Ambos foram localizados na Estrada Nacional 2, na região de Aisne, no Norte do país, de acordo com testemunhas ouvidas pelo jornal Le Parisien. Os suspeitos encontravam-se a bordo do mesmo veículo no qual abandonaram Paris, um Clio branco com a matrícula tapada, ao fim da manhã de quarta-feira, minutos depois do atentado.

Os suspeitos deslocam-se na direcção de Paris, segundo fontes policiais, temendo-se que possam tentar um novo ataque na capital francesa.

Em Crépy-en-Valois, perto do local onde os suspeitos foram localizados, está em curso uma grande operação policial para a qual foram mobilizados helicópteros e carrinhas. À AFP uma fonte da polícia confirmou que o carro em que seguiam os dois irmãos foi abandonado e a televisão local France 3 Picardie diz que ambos estarão num quarto fechados. O autarca da cidade, Bruno Fortier, confirmou à Reuters a existência da operação, mas revelou desconhecer se os suspeitos estariam de facto escondidos em alguma casa.

Os homens foram vistos numa estação de serviço, que terão assaltado, e foram identificados pelo gerente, que contactou a polícia. A testemunha afirmou que ambos estavam mascarados e ainda dispunham do armamento com que executaram o ataque.

Helicópteros sobrevoam a região, a cerca de 80 quilómetros a Nordeste de Paris, e unidades do GIGN – uma força de intervenção especial das Forças Armadas – encontram-se nas imediações. Algumas fontes relatam que foi posto em marcha o plano Epervier na zona sul do departamento de Aisne, onde foram localizados os suspeitos. Este plano é utilizado para limitar uma certa área em situações de perseguição policial, através do bloqueio de estradas e de outros acessos.

O Presidente francês, François Hollande, seguiu a operação policial na sede da polícia de Paris, de acordo com o Le Figaro.

Entretanto as buscas ao carro abandonado em Paris, ainda na quarta-feira, pelos autores do ataque durante a fuga revelaram, segundo uma fonte policial citada pela AFP, a existência de duas bandeiras jihadistas e cerca de dez cocktails Molotov. De acordo com um jornalista do Le Monde, uma das bandeiras teria o símbolo do Estado Islâmico.

Perante a possibilidade de uma fuga dos suspeitos, o Reino Unido aumentou o nível de segurança nos seus postos fronteiriços. No entanto, o Governo britânico considera não existir uma “ameaça específica” para a segurança interna do país, segundo a BBC.

Quando revelou a identidade dos suspeitos, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que os dois irmãos eram já “objecto de vigilância”. Porém, “não havia elementos sobre eles que atestassem a iminência de um ataque”, explicou o ministro, citado pela AFP.

A polícia deteve na última noite sete pessoas “do círculo próximo” dos irmãos Kouachi, segundo o jornal Libération.

Entre os três suspeitos, Chérif Kouachi é o que recolhe mais atenção, uma vez que se trata de um nome conhecido dos serviços de contra-terrorismo franceses. Em 2008 foi condenado a três anos de prisão, dos quais 18 meses de pena suspensa, pela sua participação numa rede de envio de combatentes que se pretendiam juntar à Al-Qaeda no Iraque.

Dois anos depois, Chérif foi um dos suspeitos de conspirar para libertar um antigo dirigente do Grupo Armado Argelino Islâmico (GIA), Smain Ait Ali Belkacem, condenado a prisão perpétua em 2002 como um dos responsáveis pelo ataque a uma estação de metro em Paris, em 1995, que matou oito pessoas. O irmão de Chérif também era suspeito, mas ambos acabaram por ser ilibados por falta de provas, segundo a BBC.

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