Vamos chamar os bois pelo nome… O referendo! (por Jacinto Furtado)

hugo soaresO PSD tinha um mestre em acção psicológica, Alberto João Jardim foi oficial do exército Português especializado em  acção psicológica, informação e contra-informação, tem ao longo dos tempos colocado as técnicas aprendidas ao seu serviço e ao serviço do partido. Agora tem vários aprendizes que, com maior ou menor sucesso, vão cumprindo os requisitos necessários para entreter a malta, para condicionar a opinião pública ao mesmo tempo que vão silenciando, manipulando e distraindo a comunicação social.

Hugo Soares é um dos mais recentes aprendizes de feiticeiro, do alto dos seus trinta anos pode não ter grande experiência de vida. Não tem! Pode não ter grande experiência profissional. Não tem! Mas tem algo para singrar na vida politica é essencial, neste tipo de politiquice a que nos querem habituar, obedece à voz do dono.

Hugo Soares diz que é advogado desde 2007 mas estranhamente a ordem dos advogados só o reconhece desde Dezembro de 2009, nada de grave apenas a já costumeira falta de rigor por parte de quem desempenha cargos públicos e políticos, dois anos de diferença sempre dão alguma credibilidade acrescida a tão suculento curriculum. No seu percurso de vida e profissional entre 2007 e 2009 terá sido formador em 3 empresas. Outra vez as empresas de formação no caminho do pessoal do PSD, outra vez no caminho dum líder da JSD, estranha atracção esta.

Algumas acções de formação têm nomes engraçados, como por exemplo, Técnicas de embelezamento das unhas, com uma duração de 50 horas. Calma, penso que não terá sido Hugo Soares a ministrar esta acção, pelo menos de acordo com os dados que disponibiliza, nessa altura já não colaborava com a empresa. Não foi, mas seguramente, dentro do género da especialização em generalidades, podia muito bem ter sido.

Curiosidade, uma acção de formação em folha de cálculo e base de dados teve duração de apenas 25 horas, metade do tempo para embelezar as unhas. Será que foi esta acção que formou um ex-ministro que nem à lei da bala acertava nas contas? A malta pode não aprender a utilizar folhas de calculo mas pelo menos fica com as unha bonitas.

Deixando de parte esta estranha atracção pelas actividades formativas, eles lá saberão porquê. Vamos mas é à questão da acção psicológica, da manipulação da atenção da opinião pública, ao deitar lenha para a fogueira mediática para reduzir o incêndio social. A manobra de levar a referendo uma decisão já tomada pela Assembleia da República abre também um grave precedente.

O Dr. Hugo Soares, como advogado que é, pelo menos desde 2009, tem obrigação de saber, deve ter ouvido falar nas aulas ou em alguma acção de formação da Ordem dos Advogados que a jogada por ele comandada se tivesse ocorrido num tribunal acabava o dia condenado em litigância de má fé.

Ninguém pode ficar indiferente à forma pouco democrática como são conduzidos os destinos da nação. Para analisar o caso em apreço é importante ignorar, de todo, ao que diz respeito a lei que tinha sido aprovada e ao que diz respeito o referendo. Analisemos princípios, analisemos os truques, analisemos a guerra psicológica a que todos se rendem, oposição incluída.

Ficam todos a fazer a festa e esquecem os reais problemas do País, esquecem os idosos a quem está a ser sonegada a pensão, esquecem as crianças a passar fome, esquecem as centenas de milhares de desempregados, esquecem o património do estado alienado em condições estranhas, esquecem a incapacidade governativa para de forma real e eficaz, sem truques estatísticos, endireitar as contas à custa de quem pode mas que se defende em vez de o fazer destruindo quem não tem capacidade para se defender.

Como referi, todos entram no jogo e todos fazem a festa à volta das manobras de diversão. Olham para o acessório ignorando o essencial. Pedro Passos Coelho diz não ter nada a ver com isto e dá o dito por não dito no que era a sua posição em campanha eleitoral e o que é agora a disciplina de voto do seu partido.

Pedro Passos Coelho diz não ter nada a ver mas de algum lado saiu a ordem da disciplina de voto. Este tema da disciplina de voto, utilizado por todos os partidos é maior aberração democrática que inventaram. Aberração só comparável às tristes declarações de voto feitas após a cega obediência à voz do dono. Um dia alguém vai ter de explicar aos senhores deputados que a voz do dono é a voz do Povo e não a voz dos descartáveis lideres de ocasião.

Este referendo vai custar mais de dez milhões de euros, caso o Tribunal Constitucional não o defina como inconstitucional e caso o presidente da República o aprove. Já que estamos tão virados para os referendos que tal referendar outros temas de grande interesse nacional e que de igual forma não devem restringidos “às quatro paredes do parlamento”, há outros temas que merecem de forma imperiosa um “debate nacional sobre a matéria”.

Vamos então referendar se devem ser reduzidos as regalias dos titulares de cargos públicos? Vamos referendar se devem acabar ou não as centenas de assessores sem nenhum curriculum mas contratados como especialistas? Vamos referendar se devem ser os menos protegidos a ser prejudicados pelas politicas negligentes? Vamos referendar se devem ser anulados os negócios perdulários feitos pelos mais diversos governos? Vamos referendar a responsabilização criminal de quem engana o Povo? Vamos referendar e vamos referendar.

Vai ser uma festa, vou comprar uma caneta nova para ter tinta para tantas cruzes!

Não vale dizer que as minhas ideias de referendo são inconstitucionais. Não vale porque o actual governo já demonstrou que nem sabe o que isso é, não vale porque tão inconstitucionais são as minhas ideias de referendo como é esta agora aprovada. A grande diferença está no facto de umas serem verdadeiramente de interesse nacional e não meras manobras de distracção.

Vamos chamar os bois pelo nome, num partido em que Teresa Leal Coelho consegue distinguir-se pela positiva está tudo dito. Não está?

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