Mais amor e menos nucs

Claro que se o mundo fosse um sunday de paz e amor seria altamente chatinho para quem tem placas entre as ligações neuronais, os psicopatas de serviço. E claro que se o mundo só tivesse como riquezas espargos e coentros ninguém andava à batatada.

Só pretendo perceber o conflito e leio análises de gente que percebe do jogo de estratégia! Porque eu de ciência política e jogos de risco que não envolvam a poesia estou fora, nem deles percebo. Mas sei que quando se fazem acordos e promessas estes devem cumpridos. E não foram. Desde o pós Segunda Guerra Mundial. 

Tudo o que faço é jogar ao jogo de “unir os pontos”. É simples e fácil. No entanto de repente eis senão que a divisão aparece. Com raiva. Os pró uns e os contra outros. Diriam os Mounty Phyton, os seguidores da sandália versus os seguidores da oliveira.

Então não se propõe parar para pensar além dos uns e dos outros? Não! nós temos necessidade de criar heróis falsos porque são marionetas. Os heróis a sério são assassinados. Ou desaparecem, ou são esmagados e triturados com espargos e coentros.

Se não houvesse um Imperador – o complexo industrial de armas – a mandar nisto tudo com complexos de superioridade hegemónica unipolar há setenta anos, estaríamos em paz, de facto.

O armistício foi assinado mas a guerra nunca deixou de ser fria, quente, morna, requentada e servida na mesa. O equilíbrio do mundo faz-se agora entre várias forças. Em setenta anos deixou de ser monógamo e passou a polígamo. Com interesses diversos não em terrenos agrícolas mas de outras riquezas.

E os direitos Humanos? e os direitos dos refugiados de várias guerras lançadas pela máquina de guerra? Todas as vidas importam? 

Esses são perfeitamente dispensáveis a jusante e obviamente a resgatar noutras latitudes. Depende da quantidade de espargos e coentros nesses cantos. Parece-me que o cemitério Mediterrâneo está esquecido e abandonado.

A vida na Palestina, no Yemen (sabem onde fica?) ou Sudão vale bem menos que a vida na Ucrânia. Somos assim, que querem? Uns são filhos da mãe e outros da outra. Quem o diz? Os que nos manipulam.

Ver a guerra mediática de manipulação contra uns actores e forças a favor de outros é como ver a tragédia de Hamlet. Absolutamente magistral! Como se consegue dominar a cognição de tantos apelando à emoção e esta sem qualquer crivo crítico tudo engole? Come tudo sem mastigar, e sem sequer escolher o molho com que quer ser comida.

Há quem perceba de manipulação e veja o que se passa de ambos os lados e os analise com frieza. E explique. Não há anjos caídos de um lado e diabos do outro.

O Putin é o demónio, os EUA, a NATO e a UE os deuses no Olimpo. A ONU e a OMS os alívios cómicos. A máscara que se usa é a de Molière e o certificado digital como bilhete de entrada deixa de ser necessário. A peça é gratuita, assiste-se na Ágora.

Só que como no Teatro há ilusões por detrás da cortina. A História conta uns dados interessantes. Ide verificar.

Isso não faz de mim defensora de Putin contra a UE. Mas sou contra a Nato e a sua expansão. E sou contra a guerra e as invasões. Mas de todas.

No segundo acto aconteceu uma pandemia, no terceiro uma guerra. De armas que matam também. Todo o barulho é pura distracção para os servos no tabuleiro.

Estou de queixo caído com o poder do big brother e da manipulação. Somos tão básicos e primários que até assusta.

Na plateia, abanamos os cachecóis, fazemos a onda e pateamos.

Quem me vier dizer que menos é mais, ide falar com Shakespeare. Ele não podia ter escrito melhor tragédia com uns milhões de páginas, tantas quantas a nossa existência como espécie.

No final de um chatíssimo solilóquio (este meu, não o de Hamlet), despeço-me destes assuntos da guerra que trazem emoções ao rubro, divisões acesas como num jogo de futebol, junto com o nosso lado necessitado de descarrregar a consciência.

Se uma pandemia é tão necessária quanto batucada num enterro (a menos que seja do pandeirista) e tendo esta sido suplantada e enterrada pela guerra, criando novos ódios e divisões, significa que a humanidade tem o toque de Midas. Só que ao contrário. No que toca, fode!

Só gostaria que o mundo fosse um lugar chato, onde só se fizesse “muito barulho por nada” e fosse também um lugar sagrado, porque a vida o é. De qualquer um. Incluindo a dos africanos, a quem os Ucranianos não deixam passar para a Hungria ou Polónia por serem pretos.

E o resto?

“O resto é silêncio”.

Anabela Ferreira

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