Voluntário :Aquele que exerce uma actividade voluntária e não remunerada em qualquer entidade pública ou instituição sem fins lucrativos que tenha objectivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social.
Quando a vida pede mais alma, ou quando a alma quer viver uma vida autêntica.
Hoje celebra-se o dia Internacional do Voluntário. Quase precisamos de mais um calendário para celebrar dias especiais.
Mas este é para mim muito especial. Vou escrever sobre uma das minhas experiências de vida como voluntária.
Em 2001 fui a escolhida num concurso internacional para ser a Promotora/Coordenadora do Ano Internacional do Voluntário (escolhido pelas Nações Unidas) em Moçambique.
Ser Voluntária das Nações Unidas, o “braço forte no terreno” como nos chamou Koffi Annan, o nosso representante à data de 2001, foi das experiências mais inspiradoras que tive. Que me levou a ser melhor, a dar o que sou de melhor, a implicar a alma no trabalho. Tornei-me um ser humano mais próximo dos outros, importante para a vida dos outros e tudo o que fiz e partilhei, foi com o objectivo de ter impacto real na vida das pessoas.
Ao bombardearmos a vida das pessoas que precisam, com oportunidades reais para o seu desenvolvimento e sustentabilidade abrimos novos caminhos para o seu verdadeiro crescimento.
Esta é para mim a definição de voluntário.
São muitas as histórias, pessoas e experiências que partilhei e guardo eternamente. Porque vão viver para sempre em mim e no ser em quem me transformei depois de ter sido voluntária. Agradeço a todos e à vida, por me ter dado a oportunidade de dar largas à minha alma.
Das muitas actividades que desenvolvi e pessoas com quem trabalhei, não me posso esquecer do projecto- lei que uma larga equipa elaborou e pessoalmente entreguei na Assembleia da República de Moçambique para protecção do trabalho Voluntário inexistente até à data.
Viria a ser aprovado em 2008 o que me encheu de orgulho e vaidade.
Das acções de formação de activistas para o HIV-Sida, às inúmeras feiras de angariação de fundos, aos leilões de quadros generosamente doados (Naguib por exemplo) por artistas Moçambicanos para atribuição de bolsas de estudos a jovens voluntários.
Nessa noite de leilão, ia ficando muito pobre já que o meu filho que me acompanhava em todas as acções dos voluntários, licitou em €1,500 USD um dos quadros do Naguib, simplesmente porque o adorou. Felizmente a Visabeira licitou mais alto e ganhou o quadro, ou eu teria deixado de comer por um ano.
A construção de uma escola e um centro de saúde numa aldeia remota do centro do país onde se chegava apenas de tractor, com o trabalho incansável por duas semanas de várias organizações de Voluntários foi dos maiores marcos do ano.
A imensa tela pincelada por todos os participantes na Meia-Maratona contra a Pobreza patrocinada pelo PNUD e pintada voluntariamente pelo mestre Malangatana foi mais um degrau do AIV 2001.
A tela, de valor incalculável, oferecida à Cruz Vermelha de Moçambique(a maior organização de Voluntários comandada pela enorme e querida amiga Drª Fernanda Teixeira), com cinco metros de comprimento por dois de altura, transportei-a debaixo do braço até Genebra para a conferência dos UNV´s onde iria representar o país.
Expus a tela e o nosso Patrono (do Ano Internacional do Voluntário) ao vê-la, convidou-me para ser recebida por ele e falar sobre as actividades do ano em curso em Moçambique. Não era um convite, era uma ordem que vinha de sua Alteza Real o Príncipe Filipe das Astúrias, hoje Rei de Espanha. Por ele fui recebida, ouvida e Moçambique e os seus voluntários ficaram assim orgulhosamente conhecidos.
A grande celebração aconteceu no dia 5 de Dezembro de 2001, com um espectáculo de várias horas com todos os artistas moçambicanos que voluntariamente cantaram e tocaram na celebração do Ano comigo na apresentação qual Julio Isidro no “Natal dos hospitais”. Sem doentes porque até ministros dançaram (o que não é difícil conseguir em África).
Ser voluntário é dar largura, comprimento e estender uma tela de estrelas que são os voluntários quase sempre pouco reconhecidos, e às suas almas, que nela se comprometem em fazer o que deve ser feito. Estar próxima de quem precisa e ter impacto na vida das pessoas.
Por isso somos “o braço forte no terreno”. E necessário.
Obrigada voluntários.
Vivam os voluntários.
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