O presidente da comissão europeia, Jean-Claude Juncker, teve na passada quarta-feira uma crise ciática violentíssima, foi mesmo necessário o apoio, entre outros, do nosso primeiro-ministro, António Costa, para que o Sr. Juncker não se esbardalhasse no meio do chão.
Quem tem crises de ciática sabe bem o quão terrível elas podem ser, os momentos que as antecedem até podem ser bons, mas, quando ela chega é terrível, dá sempre jeito ter por perto um braço amigo que nos apoie. Foi simpático o gesto de Jean-Claude, por intermédio do seu porta-voz, ao agradecer o apoio que lhe foi dado pelos outros líderes europeus naquele momento difícil. Diz ele, o porta-voz, que o Sr. Juncker já está a tomar medicação para a crise ciática que o atacou. Ainda bem que assim é, com o tratamento certo amanhã já estará pronto para nova crise ciática, se assim o entender.
Não sei que tratamentos costumam fazer, lá por Bruxelas, para tratar estas crises. No tempo em que eu tinha crises ciáticas, também já as tive, o melhor tratamento que me podiam dar era canja de galinha e muita coca-cola (passo a publicidade). Aquilo era remédio santo, em poucas horas todos os sintomas da ciática desapareciam, não só aqueles estranhos enjoos como também aquele irritante cambalear muito associado à ciática.
Más línguas têm tentado insinuar, difamando o presidente da comissão europeia, que Jean-Claude Juncker estaria alcoolizado e que a justificação da crise ciática era apenas a forma politicamente correcta de designar uma vulgar bebedeira. É dantesca a capacidade que as pessoas têm para atacar outras quando estas se encontram em situação de alguma debilidade.
Basta ver com atenção o vídeo que, exaustivamente, circula nos mais variados órgãos de comunicação social e redes sociais para se perceber, no rosto de Jean-Claude Juncker, o aparecimento com alguma regularidade de um esgar de dor, mais vulgarmente conhecido como sorriso aparvalhado.
A própria expressão de António Costa é coincidente, solidário com Juncker, esboça o mesmo tipo de sorriso embora neste caso, tratando-se do primeiro ministro de Portugal, não lhe chamemos sorriso aparvalhado vamos antes chamar-lhesorriso solidário. Está bom de ver que a reacção de Costa é compatível com o apoio que se dá a alguém que se contorce com dores. Vocês não fariam o mesmo ao ver um amigo/colega com uma brutal crise ciática e, por causa dessa crise, a cambalear necessitando do vosso apoio? Digam lá, não fariam o mesmo, dar braço e rir?
A ciática é coisa que tem de se levar a sério, é doença que não escolhe idade, formação ou nível social. A ciática é transversal a toda a sociedade e ninguém está livre dela ou de ter alguém próximo que de vez em quando tem uma crise com consequências mais ou menos traumáticas.
Um dos problemas mais graves da ciática é o facto de ser muito difícil quem dela sofre aceitar que padece da doença, acham sempre que foi uma crise momentânea, vai passar, nem se dão conta que a frequência e regularidade das crises é cada vez maior. A problemática da ciática é igualmente complicada para quem está por perto, amigos e família, normalmente os primeiros a verem o caminho que está a ser percorrido, a verem o desastre a aproximar-se e a sentirem-se impotentes perante as constantes crises.
Fazem o que melhor sabem, fazem o que melhor podem, dão a mão para apoiar, o braço para amparar e esperam que as recorrentes crises ciáticas deixem de aparecer sabendo, de antemão, que elas só desaparecerão no dia em que quem delas sofre entender que as tem.
A ciática é um grave problema, não pode ser levada de ânimo leve, não pode servir para atacar quem dela sofre e, muito menos pode servir para que, no sofá como treinadores de bancada, fiquemos a assistir, impávidos e serenos, à hecatombe que se avizinha e adivinha.
Jacinto Furtado
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