À primeira vista pode parecer estranho que um líder duma central sindical se mostre subserviente ao regime e à voz do dono. Parece estranho mas de facto não é nada estranho. Quem ainda tem ilusões de que os sindicados servem para defender os interesses dos trabalhadores que perca as ilusões.
O assalariado de Ricardo Salgado, perdão o líder da UGT, Carlos Silva, em relação ao qual se desvaneceram as dúvidas, não se sabia se era um activo do Novo Banco ou do banco mau ficámos a saber, é clara e objectivamente um activo tóxico.
Carlos Silva deixou cair a máscara ao revelar-se sem qualquer tipo de pudor cúmplice da fraude praticada por este governo em relação aos números do desemprego. É mentira que haja menos desempregados. O número real de desemprego ultrapassa os 22% contabilizados que sejam os que foram “limpos” dos centros de empregos, contabilizados que sejam os que estão a fazer biscates porque não conseguem um emprego decente e contabilizados que sejam os que estão em manhosas acções de formação.
Nem sequer é um exercício difícil de fazer. Quantos desempregados conheciam à vossa volta e quantos conhecem agora? Esse número baixou? Não pois não? Claro que não! A fraude poderá servir para as fantásticas campanhas de propaganda ideológica do regime, mas não é o facto de repetirem mil vezes a mesma mentira que fará com que esta se torne verdade.
Já que abordámos o tema das acções de formação certamente o facto de a UGT ter assinado um protocolo de parceria com IEFP não é de todo estranho a esta prostituição ideológica de Carlos Silva. Diz o povo que não se deve morder a mão que nos dá de comer e, uma vez que Ricardo Salgado está fora de jogo obedece-se à voz de outro dono. O que é preciso é garantir a gamela sempre cheia.
O que sentirão os trabalhadores que todos os meses descontam parte do seu vencimento para uma estrutura que supostamente devia servir para os defender e para defender os que, infelizmente não têm emprego ao ver essa estrutura trair os seus interesses?
Há muito que o sindicalismo em Portugal deixou de ser no interesse dos trabalhadores e passou a ser o braço “armado” de alguns partidos políticos ou de alguns corporativismos que quase roçam o crime.
Nos últimos anos apenas um sindicato foi digno desse nome, o sindicato dos estivadores que lutaram e lutam pela garantia das condições não só dos trabalhadores no activo mas, muito em particular, em defesa dos que ingressam na profissão.
O actual modelo sindical está ultrapassado, serve interesses cada vez menos claros e cada vez mais partidarizados. É urgente encontrar um novo modelo a bem dos que ainda têm trabalho e dos que precisam de o ter.
O actual modelo sindical, da forma como está estruturado, um forte aliado das politicas ultraliberais de ataque às classes trabalhadoras. Parte está dominado pelo regime e seus caciques a outra parte está de tal forma partidariamente profissionalizada que é impossível serem levados a sério.
Sindicalistas pagos pelo poder económico não são sindicalistas, são instrumentos, são armas, utilizadas contra os trabalhadores em defesa de quem lhes paga.
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