Em Janeiro de 1933 Hitler chegou ao poder na Alemanha e pouco depois começaram as campanhas de difamação, expropriação e perseguição dos judeus alemães e posteriormente dos judeus dos países ocupados pelo III Reich.
Como resultado desta política criminosa, surgiu um conjunto de reações internacionais na comunidade judaica que culminou no boicote comercial que conduziu a debilitada economia alemã à beira do colapso.
A economia alemã, como consequência da I Guerra Mundial, estava num estado caótico com o endividamento crónico devido às elevadas reparações de guerra, isolamento internacional, inflação, crise económica e elevado desemprego.
O regime nazista começou a culpar os judeus por esta situação.
Entretanto, os judeus sionistas alemães decidem enveredar por uma atitude colaboracionista com os carrascos nazis.
Nesse sentido, iniciaram a negociação do Acordo de Haavara (significa transferência em hebraico): a troco de apelarem ao fim do boicote, os nazis permitiriam a emigração de judeus para a Palestina com parte do seu capital.
Para evitar a fuga de divisas, a emigração não se produziria com dinheiro efetivo, mas mediante a aquisição na Alemanha de produtos alemães.
Uma vez concretizada a emigração de cada judeu para a Palestina, as mercadorias seriam vendidas e ele recuperaria o dinheiro investido com os descontos de comissões para os bancos e outras instituições participantes no acordo.
Os principais promotores do Acordo foram Sam Cohen e Chaim Arlosoroff.
Segundo o projeto de Cohen, as operações de fixação da mão de obra dos judeus emigrantes, que ficariam vinculados a tarefas agrícolas, seriam canalizadas através de uma empresa agrícola Hanotea especializada em citrinos.
Esta empresa, por outro lado, comprometeu-se a importar da Alemanha todo o material agrícola necessário no futuro.
De acordo com o historiador Iván Gómez Avilés, houve uma parte do movimento sionista que se opôs a este colaboracionismo com o nazismo e que defendeu a manutenção do boicote até às últimas consequências.
O sector colaboracionista estava representado pelo David Ben- Gurion, enquanto os defensores do boicote se concentravam em torno de um elemento ainda mais à direita como Vladimir Jabotinsky.
Este Acordo esteve formalmente em vigor de 25 de Agosto de 1933 até 1941, mas a partir do início da guerra em 1939 deixou de estar operacional.
Depois do assassinato de Arlosoroff, as negociações em torno do Acordo de Haavara não pararam e continuaram com Georg Landauer, diretor da Federação Sionista da Alemanha, que abandonou definitivamente o projeto de Cohen.
Uma vez iniciada a guerra, o setor colaboracionista assumiu abertamente esta opção, oferecendo até apoio militar de um dos seus braços militares “Lehi” desde que Hitler se comprometesse com a criação e reconhecimento de um Estado judaico na Palestina.
Alguns dos militantes desses grupos terroristas sionistas foram Isaac Shamir e Menachem Begin.
O balanço tenebroso desta situação histórica é que entre 4,5 e 6 milhões de judeus inocentes, de acordo com as várias estimativas, foram barbaramente assassinados.
Desde há cerca de 7 décadas que o Estado sionista vem desenvolvendo uma política de genocídio do povo palestiniano com a cumplicidade ativa dos Estados Unidos e EU.
Os massacres das últimas semanas com bombardeamentos indiscriminados de alvos civis e milhares de mortes vieram colocar a nú o cinismo revoltante de grande parte dos países europeus e do seu patrono americano.
Onde está a retórica sobre a Ucrânia? As vidas palestinianas têm outro valor?
Porque razão é escamoteada pela generalidade da comunicação social que o Hamas é uma invenção, em 1987, dos serviços secretos americanos e israelitas para combater a hegemonia política e social da OLP. Aliás, como também aconteceu com a Al-Qaeda.
O livro de Domingos Lopes e de Luís Sá “ Com Alá ou com satã” assume uma atualidade enormemente esclarecedora sobre este tipo de “negociatas” de conveniência.
Antes destes últimos atentados do Hamas, o primeiro-ministro israelita B. Netanyahu estava atolado em processos de corrupção, o seu governo de extrema-direita à beira da ingovernabilidade e a deterioração social e militar atingia níveis se precedentes, eis que surge o atentado do Hamas fazendo mortes de inocentes.
E este ato miserável e bárbaro acabou com a crise governamental em Israel, a corrupção do seu primeiro-ministro deixou de ser falada e forneceu o pretexto tão desejado de poderem reiniciar com uma violência ainda mais selvagem a limpeza étnica do indefeso povo palestiniano.
O sionismo e o fascismo sãs as duas faces da mesma moeda.
Malditas sejam as guerras, TODAS!!!
Mário Jorge Neves, médico.
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