Pequeno-poema de conjunção entre o chegano andré e a le pen maria
uma joint-ventura na gastronomia
Prestem muita atenção
Não ao poema, mas ao lançamento do jogo de mão
Pé ante pé, floresce o fascismo
primeiro tomaram o pulso do chão,
colocaram os ovos e esperaram
como ninguém os veio esmagar, continuaram
em seguida com os ovos amassaram
um animal disforme
como não veio ninguém quebrar a massa, a massa levedou
deitaram na forma uma massa sem aparência
e no forno a deixaram
enquanto incansavelmente trabalhavam
como não veio ninguém apagar o forno
a massa cresceu e num bolo insustentável se transformou
num mal banal
em mar de banalidades
mas como ninguém o veio cortar
pé ante pé, o fascismo foi para cima de todas as mesas
que buscam fugir da pobreza, da violência, da tristeza
de famílias desarrumadas
Agora bannon na penumbra, le pen e outros chulos desaventurados
sentam-se à cabeceira
comendo o bolo regalados
se não vier ninguém contestar com o voto
porque o ovo já não pode ser crucificado
e o bolo já foi cozinhado
não haverá ninguém para defender
o nós colectivo,
porque seremos todos comidos
Que o Natal confinado entre compotas, em patamares aprazíveis, seja útil para reflectir sobre o caminho que queremos seguir na rota inevitável da evolução.
Ou não.
Somos feitos de histórias, História e escolhas.
Anabela Ferreira
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