A vida transcendente e a escravatura (por Anabela Ferreira)

GetAttachmentEm África diz-se: “tenho uma preocupação” e “estou incomodada”.
Os gregos incomodam-me e preocupam-me.
Tsipras e Varoufakis poderiam estar a circular nos corredores dos poderosos, de Armanis e Vuittons a espalhar charme à “lagardere” e, em simultâneo aceitarem ser donos de escravos, no sistema de escravos ( tal como tantos outros o fazem com essa mesma garantia), onde donos de escravos sabem que contam com a anuência, acordo e autorização da maioria dos escravos (ler Platão, a República). 
Mas eles não estão. Fazem-me lembrar Sócrates e Platão a discutir a polis dos dignos, dos seres livres, dos homens justos. 
Estão a mostrar que a vida tem mais corredores. São o cavalo de Tróia do seu povo na UE. 
Sócrates queria os seres livres a desenvolver o pensamento critico. 
Platão, pensou na vida humana como algo algo de transcendente. Deve ser usada para a levar ao reino das ideias. Que somos muito para além do que conhecemos. E temos o direito de nos transcender. A nossa vida, é a missão mais corajosa e importante que acedemos cumprir. Porém quando nascemos esquecemos tudo.
E para mal de todos os crimes e pecados cometidos, acabamos escravos de um aquário pequeno de peixes iguais e não vemos para além do nosso pequeno espaço nubloso e aquoso. 
Ou cavernoso. 
Quem consegue fugir da caverna e decide regressar para informar que lá fora há tanto mais para transcender, tanto mais para viver…é assassinado pelos escravos da caverna que neles não conseguem acreditar. 
Ou pelos donos dos escravos com medo das suas imprudentes palavras e acções. Estes quais hienas, se os matarem comem os restos dos corpos dos escravos da caverna e riem-se muito, babando-se imprudentes para os cachecóis de quadrados que envolvem os corpos de quem ousou desafiá-los.
Quem os mandou a estes dois homens charmosos, não se ficarem pelos corredores brilhantes de instituições de respeito, credores, mercados ou outra qualquer nomenclatura politicamente correcta, criadas para proteger o sistema de escravatura e virem defender o seu povo escravo?
Quem os mandou sair da caverna e estar a informar o que há para além de uma vida?
Deve ser porque são gregos e estudaram os seus fundadores pensadores. E descobriram a verdade sobre a vida: ela é uma missão de transcendência não de escravidão.
Devem também estar imbuídos da missão de acordar os escravos. Começaram com poucos votos e chegaram ao poder real e dele se querem usar para despertar. 
Devem ter por missão regressar à caverna e gritar o que há para lá das sombras.
Estão vestidos de esperança tal como o vestido que cobria Obama e cobre o Papa Francisco. Despertam as mesmas emoções: esperança, vitalidade, entusiasmo e a promessa de comutação da pena de morte em que vivemos, os povos indigentes.
 
Como cidadã desta comunidade alargada de escravos que se chama terra, estou acordada e tudo vou fazer para que os interesses e as agendas escondidas dos “nossos” donos se manifestem mais alto e que os mensageiros não sejam chacinados.
A mensagem de Platão e Sócrates sobre a transcendência da vida vive nestes seus mensageiros.
Tenho motivos para “ter uma preocupação” e “estar incomodada” com a vida na caverna. Ela é apenas uma sombra do que a vida pode ser.
Querem-nos emudecidos, ensurdecidos,cegos para que não saibamos (como já sei) que o cálice tem veneno. 
Afastem-no de nós!

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