Anda Pa-CHE-co (por Anabela Ferreira e Jacinto Furtado)

thumb_2015-08-02-Pacheco-Pereira-cartaz-falso_1024Anda Pacheco!

Eu diria e não preciso ir longe para inventar: anda lá pá CHE co-nspirar para acabar com isto.

És o nosso Che!

Tio, desculpa a informalidade mas isto de ter heróis oferece esta proximidade. E como tenho origem africana esta é uma forma de estar e ser. Ancestral mas que traz também o maior respeito. Que é o que tenho pelo tio Pa-che-co. Che, um herói da luta. Também das lutas africanas.

Vou contar um conto para crianças.

Julgo que se for ao malão de viagem que veio de Angola com os refugiados de guerra meus familiares (todos eles refugiados políticos que queriam ver a terra independente e lá ser enterrados), encontro uma boina para lhe oferecer.

Alguns eu sei, como o meu pai, português da Rua da Prata, daria a vida pela terra, de tanto que a amava e o Che era também o seu guerrilheiro do coração.

Também o Che originário de um país, foi para outro que não o seu e lá combateu e noutro se deu à morte. Ou apanharam-no por denúncia, para o caso tanto faz. Como agora o querem também transformar a si. Em carne para canhão. Faz a luta e depois matam-no de morte matada.

O Che andou a combater guerras que não eram as “suas”. Morreu por elas e tornou-se uma lenda. Um herói sem passaporte.

Entre nós digo-lhe que ninguém nos escuta, desconsigo gostar assim tanto dele porque também mandou matar de morte matada os que não morriam de amores por ele.

Mas isso o tio não fará nunca. Esses eram também outros tempos.

Mas estes tempos agorinha agorinha exigem heróis de boina e kalashnikov. De fugir para a Serra de Sintra e tomar Lisboa aos traidores.

Neste cenário entra o herói no conto infantil. Com o tio, o Che, herói de uma Nação apunhalada pelas costas.

PaCHEco diz ter esperança que os cartazes que apareceram em Lisboa e Guimarães não tenham, directa ou indirectamente, sido pagos com dinheiro dos contribuintes. Acredito que o tio Pacheco, está a usar de ironia ao esperar o impossível, está a usar a sabedoria que o conhecimento e experiência lhe deram para apontar o dedo.

É óbvio que um ataque político, como é o caso, é pago directa e indirectamente com o dinheiro dos contribuintes, é pago através das subvenções que o Estado paga aos partidos e é pago através dos financiamentos, por vezes pouco claros, que são feitos aos partidos.

É aqui que a porca torce o rabo, na cultura Africana “tio” é o termo utilizado para nos dirigirmos a alguém mais velho, com mais sabedoria, com conhecimento e experiência de vida, esta estou certo o tio Pacheco tem, não o “tio” que de forma elitista por cá, na capital do império, se chama a algumas pessoas de bem com um pouco mais de idade mas com muito menos de respeitabilidade.

Imagine lá o tio que até havia, talvez ainda haja, partidos que tinham no cofre mais de um milhão de euros, quando apertados correram a depositar com nomes falsos. Mas ninguém leva a mal, faz parte da cultura dos tios da metrópole.

A diferença entre tios da metrópole e tios do ultramar não está no sitio onde nascem, nem no sitio onde vivem, nem sequer na cor da pele. Se assim fosse seguramente o povo do nosso rico ultramar não estava na miséria enquanto alguns tios que ocuparam o poder após a independência continuam a aumentar as suas fortunas pessoais com a complacência de alguns tios da metrópole.

Temos até um tio que, alegadamente, cometeu inúmeros crimes mas está a passar férias na sua luxuosa propriedade à beira mar, com agentes da policia a fazer de porteiros para as visitas não o incomodarem. Não pensem que é para não fugir, com a dimensão da propriedade e com a altura dos muros os policias só servem mesmo para porteiros porque se o tio quiser ou quisesse fugir, fugia.

Este era para ser um conto infantil, mas para contos infantis já nos basta os que conta o primeiro ministro, além disso nada melhor que as crianças começarem desde cedo a ter noção do triste futuro que as espera se nós não fizermos nada para o impedir.

Até porque já não há heróis, alguém me comentava, tempos atrás, um herói é um cobarde que não teve tempo de fugir. Mais perigoso são os cobardes que não fugiram mas também nada fazem, aqueles que no fundo se tornam cúmplices por omissão.

Faz falta que se levantem vozes a dizer o que necessita de ser dito, a denunciar o que tem de ser denunciado, a mostrar que há outros caminhos a seguir que não passam pela mentira, pela manipulação, pelos jogos de interesse nem pela cleptocracia. A voz do povo é uma arma, é uma Kalashnikov bem afinada que não tem medo do inimigo.

Na espuma dos nossos dias, é necessário chamar os bois pelos nomes, sem medo, sem receios e sem reservas denunciar estes tios mesmo que isso provoque, como é o caso ataques pessoais, mesmo que isso, como é o caso seja considerado pelo actual regime um delito de opinião.

Como dizia a grande Hermínia e agora dizemos nós “Anda Pacheco e isso bem picadinho que é para a voz sobressair”!

Nota da Redacção: ” Anda Pa-CHE-co ” é o resultado dum desafio lançado pelo Noticias Online a dois dos seus colunistas para, partindo dum tema comum, escrever individualmente parte dum texto que se complementasse entre si, mostrando, se possível, as diferentes visões e os diferentes entendimentos sobre a questão abordada.

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