Assange – ou um processo Kafkiano?

A maioria dos prisioneiros políticos geralmente morre na prisão, sobretudo os que mostram a verdadeira face da guerra e da corrupção – matar tudo o que incomoda e/ou possa provocar impedimentos aos interesses e agendas que o público desconhece.

Hoje, Assange começa o último ciclo de recurso no tribunal no Reino Unido, para não ser extraditado para a maior democracia do mundo (risos), o país que o tentou assassinar (há novas provas de quando Assange estava exilado na embaixada do Equador), e o quer condenar à morte.

O tribunal nem sequer está interessado em ouvir os seus argumentos. Como assim se o ocidente vive em democracias e Estados de Direito? O processo de Assange não está num tribunal da Coreia do Norte ou da Arábia Saudita, ou no Irão. Então? Esta é a prova da pantomina.

As razões todos sabemos – Assange recebeu informações, documentos militares e diplomáticos com provas verídicas dos crimes cometidos pelo estado americano no Afeganistão – um massacre de civis em Bagdad (incluindo a matança de jornalistas da Reuters das mãos de um “whistleblower” (Chelsea Manning) – telegramas comprometedores de Hillary Clinton, documentos sobre as torturas na prisão de Guantanamo (entre tantos outros crime do Estado que diz cinicamente representar os cidadãos), e de ter publicado esses documentos “confidenciais”.

Como disse Trump no seu mandato:” vamos apanhar esses e vão pagar um preço alto por terem denunciado”…

Que juízes são estes que não perceberam e não percebem o papel da Justiça sobre a Liberdade de Expressão, em democracia ao perseguir um jornalista/editor?

Eu respondo – o processo Kafkiano contra Assange é a perigosa prova com recibos de que o mundo está nas mãos do fascismo. Claro que a Justiça sabe o que está a fazer e com o que pactua.

Assange é o bode expiatório. É o exemplo a sacrificar para que ninguém tenha o atrevimento de divulgar segredos dos Estados que os representam, que interessam a vida pública.

O que está a acontecer com Assange pode acontecer com qualquer pessoa que esteja a fazer o seu trabalho de investigação, jornalismo, receber e dar informação política recebida das suas fontes (qualquer), ou publicar estas histórias para que o público a saiba, sobre o que acontece no nosso mundo que está dominado pela corrupção. Daí a importância do público e do Quarto Poder – a imprensa livre – não se calar. Ou calar-se-à para sempre se não falar agora contra este processo.

A plataforma Wikileaks é a única fonte de notícias reais e genuínas vindas de verdadeiras fontes do Estado (whistleblowers). Assange foi o único que deu apoio a Edward Snowden que está exilado na Rússia.

O “curioso” deste momento podre é o facto de só vermos processos contra os que denunciam os crimes e nenhum processo contra os criminosos…

E isso diz tudo sobre o nosso mundo corrupto e desesperado.

Anabela Ferreira

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