Prologando…
Nascia da bruma do fascismo o dia 25 de Abril de 1945. Com ele os “partigiani” em Itália derrotavam o fascismo e a ocupação nazi. Em Itália é também o dia da Libertação. Três dias depois os “partigiani” capturavam Mussolini e seus acólitos em Milão e penduravam-nos de cabeça para baixo.
Nessas forças de resistência italianas as mulheres tiveram um papel fundamental no desigual e injusto combate. Sobre os ombros das mulheres – como em todas as guerras – pesava também o trabalho árduo nos arrozais, no Norte de Itália.
Bella Ciao era a canção que as ajudava a aguentar o esforço. Tem um profundo e doloroso significado nas gentes italianas. Carrega a memória das desgraças que acompanharam a II Guerra Mundial.
Bella Ciao. De tutti i partigiani.
Anos depois em 1974, Portugal acordava sépia com o mesmo dia 25 de Abril. Batia na rádio a meia noite e vinte minutos e nascia a canção em código que informava a queda da ditadura do Estado Novo – a Grândola Vila Morena.
Ditadura essa que arrastou Portugal e as ex-colónias à Idade das Trevas do século XX, por quase cinquenta anos e uma guerra colonial que durou onze anos.
Nas mãos de Amílcar Cabral na Guiné-Bissau que cabe o papel de iniciar a libertação do colonizador. É em 1973 com a guerra colonial neste território e a declaração unilateral da sua Independência que se escreve o prólogo do 25 de Abril de 74. Uma guerra que opôs irmãos contra irmãos brancos, pretos, mestiços, com as balas, o derrame de napalm, as bombas incendiárias.
A morte…
Epilogando
Este ano celebramos cinquenta anos do final do jugo do amigo de Mussolini, Salazar e Marcelo Caetano no poder, o fascismo, a ditadura, a colonização, o racismo, a divisão, as prisões arbitrárias, as mortes políticas. O Portugal miserável. E isto, isto anda tudo ligado. Os fachos são todos bicho da mesma farinha.
O fascismo e as guerras o seu ligamento.
E também em Portugal as mulheres foram as enormes sacrificadas, as suas vidas para sempre mudadas. Carregaram às costas, os filhos, as perdas, o luto, o trabalho no campo, a divisão, a opressão.
Por tudo, viva a Dona Liberdade chegada de cravo vermelho ao peito, com os “partigiani”!
A democracia está muito doente, mais nada nos resta que levantar a bandeira da inconformidade. Memória colectiva sobre os “partigiani” mortos pela liberdade.
A liberdade que não devia ser uma causa na vida de ninguém. Devia ser um direito adquirido com a vida.
«È questo il fiore del partigiano, morto per la libertà!»
Um cravo, o símbolo da revolução em forma de flor. Celebremos, lutemos, não paremos de ambicionar a radicalização da Democracia e da Liberdade por uma sociedade mais justa, mais solidária, uma terra com mais igualdade e maior fraternidade e que a Liberdade não seja apenas um meio para atingir o novas ditaduras.
Anabela Ferreira
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