“Birds of a feather flock together”

(tradução livre – humanos com os mesmos atributos tendem a associar-se)

Os 12 apóstrofos de um partido inominável fizeram levantar a cortina sobre o assunto racismo, que floresce como margarida a anunciar a Primavera nos números crescentes de gente a pensar da mesma forma, com os mesmos atributos.

Nos tempos que correm, nem o cansaço com a corrupção, a pobreza, o custo de vida, a exploração humana, a indecência social, ou a ignorância justificam que meio milhão de aves se juntem ao bando de abutres populistas.

Podia desculpar? Poder podia, mas tudo isto ultrapassa as marcas do burrismo.

Sois burros dissonantes cognitivos é o que é!

Aposto que esta gente anda tão confusa quanto um camaleões em caixas de smarties.

A todas estas aves (nada) raras ofereço este diálogo.

-Imagina, o racismo acabou! Amanhã por decreto-lei coloca-se um ponto final. Assunto arrumado.

– Estou a perceber. Como com a Escravatura. Um decreto e já está!

-E o apartheid! Ponto final no assunto. Não se fala mais nisso!

-Acabou-se essa coisa ordinária de gente ser considerada propriedade como se fossem cavalos e vacas. A partir de agora vai ser assim : todas as pessoas são pessoas!

-“Os animais são todos iguais”!Conheço a frase, é de Orwell, no livro Animal Farm, aparecido uns anos mais tarde.

-E assim foi. Compensou-se os proprietários, deu-se benesses e benefícios aos que se tornavam ex-proprietários.

– E os que eram propriedade?

– Esses, bem, esses…sabes, há uns animais mais iguais que outros… do mesmo livro.

Por três quartos de hora tudo correu bem no mundo. A liberdade foi celebrada. Só por três quartos d´hora.

Parte do mundo que tinha sido construído à base de gente armada em cavalos e vacas escravizadas, de racismo e segregação racial.

Quando o mundo foi obrigado a ser “woke”, por causa dos decretos-lei, teve de se conformar e habituar.

Estavam agora todos em pé de igualdade.

Perante a lei dos homens e das religiões de Deus.

-Claro que sim. Está bem abelha! Então e amanhã quando forem aos lugares de sempre, incluindo os transportes públicos, as praias, os cinemas, os aviões, os supermercados, os hospitais, e todos esses lugares, sabes do que falo, quando forem e virem lá os que ontem eram suas propriedades?

E estes terem direito aos mesmos direitos?

-Vá lá não forcem muito, afirmam uns, estas coisas de termos de ser “wokes” e de nos desabituarem de velhos hábitos não é fácil. Temos de dar tempo para o desmame. Estamos tão viciados que nem com 12 passos nos libertamos, dizem ripostando violentamente outros…

-E se se encontrarem com aqueles que eram sua propriedade e segregados? Ou seja quando se encontrarem com os cavalos e as vacas?

-Não só ficaram sem as suas coisas como têm de as tratar como iguais? Imagina…isto vai ser maningue complicado, digo eu.

– E se amanhã te disserem que não podes comer canja de galinha e que por lei tens de tratar as galinhas como se fossem tuas iguais?

-E deixares que as tuas ex-propriedades tenham propriedade e acesso aos mesmos serviços que tu? E acesso a trabalho, casa, educação e protecção jurídica como tu?

– Hum… se calhar é melhor fazer umas leizitas, pelo sim pelo não, para que a desabituação não seja tão violenta e repentina.

-Acrescentamos umas nuances para também não se criminalizar quem quiser ser racista. Assim pode dizer e fazer o que lhe apetecer com a sua ex propriedade um pouco para todo o sempre.

– E que tal arranjarmos um país só para os racistas? Ficam sós, uns com os outros.

-Boa! E quando tiverem um país só deles, criam castas/classes sociais com vários tipos de pobres que possam segregar e trabalhar para eles.

-Racistas a serem racistas…

-Aos racistas não podes dizer que amanhã mudam as regras, que eles não deixam de ser racistas e de ter a programação com que nasceram, foram ensinados, e é sua por defeito, percebes?

– Parece que não tem resultado a tentativa de viver lado a lado. Já viste como está por todo os lugares?

– Imagina que por medo, conveniência e trinta dinheiros até os que foram propriedade se oferecem para continuar a ser propriedade.

– quando termina uma forma de opressão os racistas arranjam forma de reporem outra…nem que seja de forma dissimulada…

-portanto…união e tolerância não são considerados? O que podemos fazer para unir e trazer paz?

– É fácil!! Não fazemos nada! Dá muito trabalho pedir às pessoas para mudarem. Não estamos habituados.

-Sabemos que o racismo está a florescer. Não lidámos ainda com o assunto.

-Somos viciados em guerra, segregação, separação.

-Temos de lutar por terminar com a opressão e conseguir o seu oposto, a empatia e a solidariedade entre todos os que sabem o que está errado, para juntos dinamitar a fundação da casa.

-Vamos a isso. E boa sorte.

-Como diria Bocage, quem os vê e quem os viu, são todos essas aves, filhas de pai incógnito e da puta que os pariu, desculpem sim a coitada que de puta nada tem!–

Anabela Ferreira

Um comentário a ““Birds of a feather flock together””

  1. muito legal esse site parabéns pelo conteúdo. Your content is
    very good. i like so much all about it

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *