Todos nos lembramos do episódio em que uma centena de futuros procuradores do ministério público foram apanhados a copiar no exame do CEJ e que acabou com a atribuição de nota 10 a todos, prevaricadores, ou não. Pois bem. Vem isto a propósito da “caça” ao monstro, das 200 raparigas sequestradas na Nigéria e da tragédia do Meco.
Num país que se gaba de gastar milhões em “drones” com infravermelhos e que até tem uma tradição de saber treinar cães para as forças de segurança, parece-me um bocadinho absurdo que não consigam encontrar um “jovem” sexagenário fugido no meio do mato. Mas não é assim tão absurdo. Como diria “a outra”, é de um grande inconseguimento frustracional para estes homens, que certamente saberão, porque é evidente, que estão a procurar o que nunca vão encontrar: o homem já deve ir longe. Tivesse (quem de direito) accionado esses meios em devido tempo, e certamente nem seria necessário recorrer aos outros, naquilo que está a ser um regabofe inútil de dinheiros públicos e de recursos humanos. É evidente que a culpa não é dos homens que estão no terreno e que, certamente, estão a dar o seu melhor. Neste país onde as hierarquias nunca assumem responsabilidades, certamente que a culpa também não é dos cães…
Alguém perguntou, aqui há tempos, a propósito de sequestro na Nigéria , “se num país europeu desaparecessem 200 jovens, será que as autoridades demorariam 2 meses a reagir?” Pois bem. No caso do Meco, e a acreditar nas famílias das vítimas (a chatice é que não há como não acreditar em pessoas simples que acabaram de perder um filho… Nem há ninguém que venha dizer o contrário: a Procuradora Geral da República logo se apressou a dizer que a investigação nunca esteve parada, mas não disse quais foram concretamente os actos de inquérito pretensamente praticados naquele mês seguinte ao desaparecimento de 6 jovens no mar…). Voltando à interrogação: em Portugal, tal coisa, provavelmente, seria possível. Assim como foi possível algo ainda pior: colegas de universidade destes 6 jovens que o mar levou, foram aos quartos dos colegas mortos, reviraram tudo, levaram o que quiseram, remexeram em telemóveis, limparam a casa arrendada naquele fim-de-semana e até há quem diga que apagaram as pegadas deixadas na praia durante aquela fatídica noite. É claro que a morte dos 6 jovens foi um terrível acidente, causado, como quase todos, por uma elevada dose de estupidez, plasmada para memória futura no discurso de uma jovem da universidade de Coimbra que nos esclarece, do alto da sua sabedoria, que as praxes são um instrumento para aprender que neste mundo temos de aceitar ser pisados pelo nosso superior hierárquico. Há que concluir, portanto, que nem as praxes são algo de absolutamente mau… Afinal, servirão, ao menos, para formar um sentimento de aceitação colectiva sobre a incompetência das tais hierarquias que nunca assumem responsabilidade por coisa nenhuma…
Deixe um comentário