Capitólio e Brasília, algoritmo, fascismo, democracia & redes



Porque somos seres sociais criados com sinapses neuronais que nos ligam espontânea e naturalmente uns aos outros – sabendo que não sobrevivemos uns sem os outros – os amigos que temos nas redes ajudam a manter bolhas de conhecimento, de informação, de evolução, de educação, de alegria e de beleza.

No outro lado do espectro as redes servem para organizar golpes e tramar intentonas.

Os amigos são os condutores de electricidade – deslocam-se de maneira livre distribuindo-a. Essa é a chave para o ajuntamento. Ou para a separação. Sobretudo quando andamos todos com as emoções à flor da pele. Nas redes. Abrimos o flanco a ataques e a subversões.

A comunidade de comunicação nasceu para formar redes de apoio, de partilha, de conjugação de interesses, de ideias, sem preconceitos de cor, casta, género, nacionalidade, ou seja, a prática da democracia transparente onde todos somos iguais.

Antes de bater fundo no capitalismo, estúpidos. Nós somos a força motriz da conspiração usada por fascistas e extrema-direita manipuladora. Incluindo os nossos amigos. O meu compasso moral não é melhor que o teu, por isso o meu conselho é só um: usa os neurónios da rede do sistema nervoso central. Podem estar a manipular as tuas emoções.

Percebemos nestes últimos anos que foi dada à Inteligência Artificial o algoritmo para nos viciar primeiro, seguindo-se a patente reservada como seres vulneráveis, e podermos ser tratados como meros produtos. Facilmente manipuláveis. Ó fortuna!

À educação foi dado o papel de embrutecimento e formatação. Desprezada, passou a ser filha de um deus portador de deficiência. A Comunicação social passou a ser feita nas redes. Todos somos potenciais jornalistas de opinião.
As redes cumprem agora o papel de agregar. A Ágora é aqui. Para todos os fins. Incluindo os de manipulação.

Muitos ficam encolhidos numa bolha, isolados, porque o algoritmo assim decide.Neste recanto esconso e desimportante que é o meu, na rede, à qual foi retirada a sua essência que mencionei – o tico e o teco – construo o meu muro rupestre, onde coloco postais de desindiferença. Porque é preciso manter a indiferença afastada.
Sobretudo em tempos que exigem muita atenção e pouca procrastinação ao dever de cidadão.

Um dia ao acordar ficamos a saber da invasão do fascismo nas nossas casas, pela força de uma turba raivosa instigada por uns psicopatas que percebem de emoções humanas.

Foi essa manipulação de emoções, junto com as armas que fez a Escravatura durar por quinhentos anos. Foi a mesma táctica usada pela Inquisição que durou setecentos, e ambas terminaram há cerca de duzentos anos apenas.

Recentemente Portugal e Brasil foram dominados por ditaduras com tudo o que encerram.
Diz Boaventura Sousa Santos que o facto de não se ter responsabilizado, julgado e condenado os responsáveis pela ditadura ajudou a eleger Bolsonaro, com o apoio das redes sociais. Daí chegarem ao dia 8 de Janeiro foi um fósforo.

Em Portugal também não julgámos os crimes cometidos em ditadura, nem os seus responsáveis.
Nem os crimes cometidos nas colónias durante a guerra colonial. Sentem-se por isso, os efeitos através do racismo patente, não apenas latente.

Deuses me valham porque eu já sei que para levar uma mole a agir em rebanho, usando a força, e a falta de neurónios, basta conhecer as manhas das emoções humanas.
Não quero estar no meio dessa multidão perturbada, descontrolada e manipulada, à boa maneira dos sucedidos no Capitólio e em Brasília, usando para o conseguir, nesta era, as redes sociais. E pode acontecer por Portugal.

Quando alguém me quiser vir visitar nesta rede ou noutra, nesta exposição permanente, gratuita, tem a promessa de ser um passeio desconfortável. Aqui desconstrói-se uma coisa ou outra. Muitas vezes recebo denúncias por incitar ao questionamento e falar de assuntos difíceis, porque controversos.

Sim, o racismo é o principal. O fascismo também. O meu desprezo por ambos e por quem os pratica é visceral.

Fico de castigo no fim da lista, para sempre no fim da dita. Virada para a parede, a falar sozinha. Mas falo.
Nunca ficarei conhecida como uma “ morna” mesmo tendo uma raiz na terra da morna.
Sou uma influenciadora de propósito. Cada vida tem um. Cumpro o meu. Se alguém quiser seguir o exemplo, estamos juntos.

Por exemplo, com os meus antepassados pretos fiz um pacto. Eles são imortais e transmitem-me a sua força. Tenho por propósito contar versões vindas do passado, que aqui ficam em exposição. Versões duras. Versões que antes foram silenciadas.


Sou a antítese do típico Português “melhor ficar caladinha para não ter sarilhos”, herdado de um passado pidesco.
Nas profundezas dessa herança emocional fomos também buscar a inveja e a mesquinhez. E o pequeno golpe, a esperteza saloia, o compadrio, a pequena corrupção, até se alastrar ao topo.
É aqui que os déspotas de pacotilha vão manipular as emoções humanas sobre todos os assuntos que dividem.

Percebo que o algoritmo capitalista é estimulado por “gostos” (só falta pedir também subscrição, membros, partilhas e comentários para ser distribuído, como no youtube, para aqueles que pretendem ganhar dinheiro com a produção dos seus conteúdos), e eu tenho menos que zero visibilidade. No entanto, o propósito mantém-se. E os alertas sobre o fascismo também.

(O facto é que devíamos todos ganhar dinheiro do facebook, por conteúdo produzido. Não deveríamos oferecer almoços ao Zuca. Estou-me a dispersar. Hei-de escrever mais catorze páginas sobre o assunto. Agora tenho vinte para escrever sobre este manifesto. )

Nos últimos anos a força tem estado ao lado do pior perfil do capitalismo – o racismo, o patriarcado, a falta de responsabilização dos políticos, a corrupção, a violência contra as mulheres, o desprezo pelo ambiente, as políticas tóxicas dos narcisistas e psicopatas que governam, em todos os lugares desta casa-planeta.

A era Reagan-Thatcher foi o início do fim daquilo a que chamamos vida decente. O ideal Europeu desvaneceu-se há muito, por causa dos interesses e da manipulação das emoções humanas.

Espreitando está sempre o demagogo que servirá o próximo momento.

Já vimos invadir o Capitólio, vimos os doze apóstolos chegarem à AR em Portugal e com ele a mão do fascismo, do racismo, do capitalismo, do patriarcado tóxico e agora observamos Brasília de longe.
Tudo gerido pela mão da mesma Eminência parda. O Cardeal Richelieu era um menino.

Tenho amigos que acreditam no que os meus inimigos dizem. Os inimigos da democracia e da liberdade.

Olhando para o também meu país, lamento que uma maioria absoluta tenha transformado um governo, no grupo de vendilhões do templo. Venderam-se, reestruturaram-se, privatizaram-se, em nome de se governarem. E darem todos os trunfos à extrema direita.

À espreita estão os déspotas a aguardar vez, enquanto usam as redes manipulando as emoções humanas.

Cada dia que passa, aqui nesta rede, roubo o substrato a Jorge Amado – é fácil distinguir os amigos de mau carácter, os ruins e mesquinhos, ou até os ambíguos. Fazem tanta falta quanto a peste.

Têm falta de grandeza todos aqueles que defendem o indefensável dos tempos correntes:
– o racismo, o patriarcado, a violência contra as mulheres (ou qualquer outra vítima). Os que pisam os mais vulneráveis e desprotegidos enquanto adulam os poderosos. Desprezíveis são também os poderosos que usam os desprotegidos para invadir as moribundas democracia e liberdade.

Basta conhecerem as emoções humanas que o casamento se faz sozinho.

Os que se dizem de bem, são pobres e vulneráveis, e vendem-se por trinta dinheiros para subir de casta. Invadem as casas da democracia em nome de uns bandidos demagogos mau carácter. São carne para canhão e nem percebem. Ide defender a casa dos vossos pais. Não atacar a cada de um povo. 

Os que se dizem de direita, são antes de mais perigosos demagogos, que defendem a propriedade privada para invadirem a pública. Ide…

(Ou como acontece no combate que promovem à chamada cultura “woke” – cultura essa que mais não é que o descarregar a aplicação : “acordar para a decência humana”. )

Aqui neste muro obscuro ajuda-se a democracia a sentir-se vibrante e a viver cheia de saúde, sem cadeados nem dores nos ossos. Senão essa dama é colhida e fica amputada. Só em colectivo ela tem força. Anda doente, a soro na veia.

Deus Pátria e Família revitalizados em versão fascista 2.3 é um pilar que não se compadece com Liberdade de vida e de escolha, em nenhuma democracia que se preze. O Brasil precisa desse reforço sem apelo nem agravo. Nós por cá, também.

Uma parte do problema prende-se com os vulneráveis, os segregados, os zés-de-ninguém, que acreditam já só poderem ter direito à vida digna – pão, saúde, justiça, educação e habitação – sem democracia, o que é em si um paradoxo. Posso fazer um desenho para ajudar. 

Portugal toca a acordar – nos cinquenta anos de ditadura foste analfabeto, viveste em guerra colonial a matar os teus filhos por nada (as terras e as pessoas que possuíste à força nunca foram tuas), estiveste na categoria de pobre miserável só com a côdea do pão, sem serviço de saúde, transportes, justiça ou sola de sapato, opiados com o fado, o futebol e o terço.

Só os ricos tiraram proveito. Os da direita das intentonas, de restabelecimento da ditadura, com direitos e direito à vida de rico proprietário com larga criadagem, mal paga e mal nutrida.

É para lá que estamos a voltar? O saque serve para fazer chegar ao poder os da extrema -direita.

Tudo se resume aos interesses deles versus os interesses do cidadão.

“Se alguém mexe no meu quinhão eu organizo uma potente divisão que dará origem a uma guerra civil”, é este o diálogo interno do outro lado. Essa quadrilha também não vai salvar ninguém a não ser os interesses próprios.

E assim comidos e desunidos, desconseguimos conversar.

Adensa-se a trama…e os fascistas usam em seu proveito, as emoções humanas.

Não esqueçamos nem por um segundo, que os movimentos de extrema-direita, demagógica, fascista, déspota e outros sinónimos para separação, racismo, patriarcado, violência contra os (as) mais vulneráveis – em especial as mulheres e com particular incidência nas mulheres pretas – e a corrupção, são globais.

São eles os némesis da democracia e da liberdade.
Os glutões, usam (além da imprensa), as redes sociais para manipular as emoções humanas.

Hoje não existe diferença entre esquerda e direita, existem interesses, pessoas e agendas. As pessoas têm por defeito poucos direitos.

O segredo está na compreensão da manipulação.

No caso mais recente, o Brasil, os interesses são os enormes recursos naturais, a Amazónia, o dinheiro, o poder.
Neste momento, com ministros de várias cores e interesses antagónicos – porque focados nas pessoas e nos seus direitos – se for preciso, aos interessados que não querem perder o poder nem os seus interesses, ao país ao meio dividido, uma guerra civil pode ser provocada.

Com a democracia, a liberdade conquistada e as emoções não brinco, por isso vou continuar a estar atenta, produzindo conteúdos no meu muro, não deixando que gente de mau carácter e sem qualquer grandeza desmonte o pouco de crescimento conseguido por todos nós humanos.

Até que das redes e na Ágora se junte gente civilizada que se recuse a aceitar padrões inferiores aos que tem direito (sobretudo se vinda de gente sem grandeza). 

Anabela Ferreira

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