Carta aberta ao Presidente Fernando Henrique Cardoso

Sou português, dramaturgo, encenador, também director do grupo de teatro A Barraca com Maria do Céu Guerra.

Desde 1980 deslocamo –nos ao Brasil com vários espectáculos e trabalhamos em conjunto com a vossa classe teatral. Criaram –se laços de amizade, confiança e extrema Fraternidade.

Sentimos o Brasil como uma outra Pátria e preocupa-nos a possibilidade de esse magnífico país cair nas garras da renascida águia Imperial Nazi.

A nossa experiencia Europeia é bem dolorosa, como todos sabem.

As divisões partidárias com a teimosia persistente do dogmatismo e sectarismo, a recusa de entendimento e acordo geral, conduziram ( e serão sempre o caldo cultura) de várias derrotas frente à barbárie desumana, ao analfabetismo intelectual e cívico, ao renascimento de massacres e vários Holocaustos.

Entre as guerras, alguns proeminentes intelectuais – Bertrand Russel, Romain Roland e muitos outros – tentaram levantar a bandeira da Paz contra a iminência da guerra total predatória. Esforço sério que não resultou, e até Zweig se suicidou no Brasil que ele nomeava como o país do futuro.

Como é possível não ver a nuvem negra que se espalha pelo mundo alimentada pelo vampirismo, pela falsa Ciência de verdadeiros Frankesteins que criam os monstros modernos das epidemias, das mentiras, das ilusões místicas, desarmando as vontades e o raciocínio?

Não resisto a recordar a experiência portuguesa.

O seu amigo Mário Soares foi presidente da República graças à decisão de Álvaro Cunhal  dando essa directiva de voto ao Partido Comunista.

O mesmo Mário Soares nos seus últimos anos foi o grande obreiro do início pela unidade de esquerda que iria tomar o Poder e tão bons resultados tem dado a Portugal.

O Brasil atravessa uma grave situação de crise e desespero.

È precisamente a altura de os parceiros progressistas se entenderem para evitar a catástrofe.

Para esse triunfo – em que todos acreditamos – a decisão de Fernando Henrique Cardoso apelar à unidade de voto contra Bolsonaro, o inimigo público nº 1, será um trunfo imbativel.

Assim o esperamos, bem Haja!

Hélder Mateus da Costa

Lisboa, 16 de Outubro 2018

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