Era uma vez uma nave à deriva no espaço…
Vive esta nave há séculos após séculos em permanente jihad em busca de regimes teocráticos e totalitários. Em nome de religiões e um Deus menor e desconhecido.
E este é uma das razões pela qual também vivo em jihad.
Presumo que – a ocidente já somos poucos – em breve só restem o exército chinês laico (e muitos) de um lado, contra bombistas suicidas a uns quantos homens com vestidos e cofió e mulheres de burka a degladiarem-se.
Nós estaremos mortos numa nave mais segura a assistir.
Tenho muitos bons amigos cristãos, muçulmanos, hindus, espíritas, umbandistas, animistas, judeus, new age e ortodoxos.
Porque todos acreditam numa vida para além desta e num Criador do universo, ou num concílio de vários deuses.
Todos precisamos ter uma fé que explique a curta vida. É humano. Mas todos os meus amigos são civilizados. Respeitam as mulheres, nenhum é a favor nem dos territórios ocupados da Palestina – que valem milhares de mortos de palestinos- ou da pena de morte decretada e em vigor pelo Irão contra o escritor Salman Rushdie, ninguém é a favor da guerra na Síria ou no Yémen ou no Sudão entre os nossos países e os deles.
Nenhum gosta da interesseira amizade do Ocidente com a Arábia Saudita, ou do poder desmesurado que o Erdogan tem, numa região quente como o Médio-Oriente, ou de uma Índia onde um regime totalitário comanda e as suas gentes – religiosas na sua maioria – escravizados e que morrem pelas maiores atrocidades cometidas por humanos.
Nenhum dos meus amigos religiosos (muçulmanos no caso) gosta de chorar mortes em atentados cometidos por bombistas suicidas em nome da sua religião. No entanto, é em nome dela que o mundo está – em pleno século de avanço tecnológico e científico – virado do avesso.
São os interesses geo-estratégicos e de recursos sabemos, mas é também um assunto de domínio de uma religião, e, não ver este facto é varrer a pestilência para debaixo do tapete.
Aqueles que incitam ao ódio na religião muçulmana querem que a jihad se faça para que o poder lhes pertença. A sua expansão não é feita sem significado político.
A jihad entrou nas nossas vidas há séculos e nunca terminou. Os humanos adoram cortar cabeças. Está-nos na massa do sangue.
Por isso hoje venho professar a minha religião. A secularidade. Não faz sentido continuarmos assim. Hoje, dia em que o Reino Unido assinala a data dos atentados em Londres olho para tudo isto e pergunto-me? Vai continuar ainda?
Porque se morre hoje em Mossul, em Saná, em Islamabad, em Nova-Deli, na Palestina…?
Vamos todos morrer nesta jihad imbecil digna do século da Reconquista Cristã?
A única religião que deveria ser permitida por decreto-lei deveria ser a que professa o proselitismo de educar os obedientes e subservientes a se tornarem desobedientes livres- de qualquer religião ou políticas totalitárias.
A guerra continua a ser descarregada e eu, enquanto viver, auto constituo-me em nome dos deuses da via láctea e outros sistemas universais, soldada secular pró civilização. Nunca Khalada.
Em nome dos mortos inocentes.
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