(Contraditório) Senhor Ministro eu fico com os estaleiros!

aguiar branco

Publicámos no passado dia 2 de Dezembro na nossa coluna de opinião um artigo com o titulo “Senhor Ministro eu fico com os estaleiros!” da autoria de Jacinto Furtado. Este artigo tem sido objecto de variadíssimos comentários, uns de elogio outros não. O Noticias Online, como sempre, defende o contraditório e decidimos publicar com o mesmo destaque do artigo original alguns dos comentários.

Contactámos o autor para saber a sua opinião sobre esta nossa intenção e também para lhe pedir um comentário sobre as opiniões que foram expressas pelos nossos leitores. Jacinto Furtado enviou-nos a seguinte resposta:

“Encaro com toda a naturalidade a existência de opiniões distintas daquelas que são por mim apresentadas. Tenho um enorme orgulho em colaborar com o Noticias Online e, particularmente, nesta postura de dar relevo e destaque ao contraditório.

Tenho um principio definido que é não comentar os comentários que são feitos aos textos que escrevo, acho importante que a discussão e o contraditório seja feito pelos leitores sem que o autor esteja envolvido e de certa forma a condicionar essa discussão.

Aceito no entanto o desafio e o pedido para fazer um breve comentário sobre este contraditório publicado de forma especial e louvável. Tentarei ser o mais sintético possível pelo que abordarei apenas os principais pontos:

  1. Construir barquitos de rio e construção naval são coisas completamente distintas, será que o leitor que iça a bandeira da Naval Ria consegue dizer-nos o nome dum navio, navio a sério não bote a remos, construído por esta subsidiária da Martifer?;
  2.  Não entendo a alusão a um hipotético investimento dum partido politico nos estaleiros, imagino que seja apenas uma espécie de retórica do leitor. No que diz respeito à Câmara Municipal de Viana do Castelo e à sugestão apresentada pelo leitor de a própria Câmara tomar conta dos estaleiros. Bem, essa pergunta deverá ser dirigida à entidade em questão e, colocada a questão sobre o interesse de nas mesmas condições ficar ou não com o negócio;
  3. Tenho plena consciência que para o aparelho do sistema é muito desagradável ler textos que vão contra a propaganda do regime. Infelizmente ainda não conseguiram calar toda a gente. É um facto que têm feito um “excelente” trabalho ao nível da comunicação social, mas também é um facto que vão ficando algumas pontas soltas, algumas pessoas que não calam a indignação e que não se amedrontam com algumas mensagens “menos simpáticas” que vão recebendo.
  4. Campanha de desinformação é o que tem sido feito, de forma profissional, pelo governo, pelos partidos que o suportam, por alguma oposição rendida e assimilada por um Povo apático mas não adormecido. No que respeita a campanhas nas redes sociais, muito gostaria de obter resposta à pergunta que aqui fiz há duas semanas “Quem pagou a campanha de Passos Coelho?”. Acredito que a resposta vá ficando por dar, ou então vai sendo dada pelas Martifer’s, desta vida;
  5. A contra informação do regime, em desespero, até insinua que a Venezuela está falida e que não tem condições de pagar a encomenda, esquece-se que já pagaram 10% da encomenda? Esquece-se que este governo já recebeu mais de 12 milhões dessa encomenda?;
  6. A contra informação tenta ainda embrulhar este negócio como se de uma venda se tratasse. Não é uma venda, é uma figura estranha em que o estado assume todos os prejuízos (os ossos) e passa para um privado os bifinhos do lombo. Aliás, este governo é especialista em fazer estas habilidades, recordemos o que foi feito com o BPN;
  7. Fico contente por haver leitores que estão satisfeitos com o negócio, haja alguém. Haja também alguém que defenda que custe o que custar deve-se oferecer e ainda quem defenda que é preferível perder quase 500 milhões de euro a ter de, hipoteticamente, devolver 181 milhões;
  8. Apenas uma observação no que respeita à destreza para pregar pregos, embora não entenda a relação entre os pregos e os estaleiros navais, já preguei muitos, talvez mais que os que pregou o Sr. Ministro. Feita esta confissão, será que isso me habilita, em vez dele, de forma mais competente, a gerir este processo?

Bem sei que me alonguei no comentário que me foi pedido mas termino com dois últimos pontos. O primeiro uma recomendação ao Noticias Online, da mesma forma que assumo, assino e dou a cara pelos textos que publico era simpático ter por parte dos comentadores o mesmo, perfis claramente falsos, endereços de e-mail inexistentes em comentários publicados através de endereços de IP de organismos públicos não é bonito. Penso que deviam rever essa politica. Comentários sim mas feitos por gente real não por assalariados do regime disfarçados.

O último ponto deixo-o para a partilha dum texto Luís Miguel Novais que aconselho vivamente a leitura para que os que ainda possam ter algumas dúvidas as dissipem e entendam a mentira propagandista, mais uma, do regime.

“380 a 609 despedimentos

Em 8 de Agosto de 2011 fui convidado pelo Governo actual deste Portugal adormecido para assumir funções de administrador executivo na Empordef, a holding do Estado para as indústrias da Defesa. Preocupação número um na agenda: os 380 despedimentos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) decididos pelo Governo anterior. Seriam mesmo necessários?

Após noventa dias de intensa averiguação concluímos, eu e os restantes elementos do conselho de administração, pela viabilidade dos ENVC, com medidas de ajuste de ordem social que não implicavam despedimentos daquela grandeza. A inércia subsequente ficou conhecida. O processo da minha renúncia a esse caminho também é público. Tenho-me remetido, entretanto, a um silêncio expectante sobre o assunto. O despedimento agora da totalidade dos 609 trabalhadores colhe-me de surpresa e não me parece sério. Nem o mal menor. Quem conhece a indústria, sabe que a dita destruição criativa não funciona neste sector: uma fábrica demora muitos anos a construir e, como é evidente, não funciona sem trabalhadores. Pode-se reformular, mas não se pode ressuscitar. Morreu, Inês é morta, já não será rainha, como diz o povo.

Esta não era a melhor solução. Não é, sequer, uma solução. É um buraco negro com mais 500 milhões de euros de dívida pública, entre outras complicações de ordem pública, a caminho. E ninguém assume responsabilidades, ao menos políticas (para não falar das económicas, jurídicas e éticas), por este falhanço?

Luis Miguel Novais” (Original publicado aqui)

Seguem-se os comentários dos nossos leitores:

“Joer Jarbas diz:

O idiota que escreveu este artigo, que se informe primeiro antes de escrever algo:
A Martifer é dona da NavalRia e “percebe alguma coisa de construção naval”!!!

Não escreva estas asneiras/mentiras:
“Pode perguntar o Sr. Ministro o que é que eu entendo de construção naval. Repondo com todo o gosto, até lhe agradeço a pergunta. Sei tanto quanto a Martifer, andámos a estudar o tema no mesmo sítio. Onde? Em lado nenhum Sr. Ministro, não entendemos mesmo nada de construção naval mas isso certamente não será impeditivo para que eu fique com os estaleiros, se para eles não é, mutatis muntandis, para mim também não pode ser.”

Obrigado!

Nuno filipi diz:

Fico muito triste quando vejo muita gente so a destilar ódios e suspeições. Também fico triste com um povo que não quer investir nada e acha que investir é só para os outros. Porque é que o PCP e outros não investem se o negocio é tão bom?? Acham que todos são como o Sócrates e companhia? Fácil é estar sempre no bota abaixo de tudo o este governo faz e depois vamos ver e quando vão para o Governo PS e cia fazem igual ou pior. Perante o orçamento da Câmara de Viana do castelo ficar com os estaleiros ate era barato, muito barato. Que fique a Câmara com tão bom negocio, que tivesse emprestado dinheiro para fazer os navios e recebia com a venda. Fazia uma empresa municipal e estava tudo fácil. Pimenta no rabo dos outros é manteiga no meu diz o ditado. Estar sempre no contra é o mais fácil.

 Joao Fagundes diz:

Estes agitadores servem-se das redes sociais para as suas campanhas de desinformação vergonhosas.
Acha que um comprador ainda ia pagar para ficar com um passivo de quase 500 milhões de euros?
E que sem encomendas, ia suportar desde o primeiro dia os trabalhadores todos com os seus direitos de função publica para o resto da sua vida?
E ainda ‘ia pagar pelas ingerências das administrações anteriores e por todos os esqueletos que ficaram no armário?
Acha que a Venezuela, que nao tem dinheiro para pagar a luz, vai pagar alguma coisa pelos barcos que encomendou numa manobra fictícia criada pelo Sr. Sócrates no tempo da outra senhora e com um presidente Venezuelano que ja ca nem esta’?

A minha pergunta e’: como e’ que uns míseros estaleiros chegam a um passivo de 450 milhões de euros?? Desfaçam-se disso custe o que custar!

Nuno diz:

Eu fiquei contente com o desfecho do negócio uma vez que a empresa que agora vai ficar com o negócio e pagar uma renda ao estado vai ter que contratar trabalhadores para o estaleiro, pelo que dizer que os trabalhadores vão para o desemprego não e bem assim uma vez que são trabalhadores especializados que não são fáceis de substituir.
Não podemos esquecer a razão do encerramento da empresa porque e disso que se trata, isso fica-se a dever ao facto do ou dos anteriores governos terem injectado dinheiro na empresa quando pelas regras da concorrência não o podiam fazer.
E melhor este negócio do que ter que devolver os 181M€ a comissão europeia.
Todos os outros interessados não ficaram com o negócio porque não quiseram aceitar as regras quanto ao autor da carta e fácil pode impugnar o negócio e oferecer mais 1 ou 2 milhões de euros por ano ao estado e fica com o negócio, eu ficava satisfeito mas desconfio que se trata de mais um intelectual que nem pregar um prego sabe.”

2 comentários a “(Contraditório) Senhor Ministro eu fico com os estaleiros!”

  1. Excelente comentário Laurinda Pimenta.
    É um assunto que já me tenho debruçado sobre.
    A RTP tendo como objecto principal a prestação dos serviços públicos, poderia dar voz à própria opinião pública, em horário nobre, tendo como critério, por exemplo, os comentadores ou sites Portugueses mais vistos ou partilhados na internet.
    Talvez fizesse séria concorrência ao sabichão que mencionou.

    P.S. “comentários publicados através de endereços de IP de organismos públicos” – me confesso. Por protecção pessoal.
    Mas eu existo. Sou pessoa física. Basta enviar-me um email, identificando-se e dizendo quais os motivos, que eu respondo com todos os meus dados pessoais.

  2. É engraçado ler os grandes comentadores que dão a sua opinião sobre o assunto dos estaleiros de Viana do Castelo, que pena não os aproveitar para darem esses comentários na televisão, eram capaz de tirarem audiencia ao Marcelo Rebelo de Sousa, grandes sabichões

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