Da série tenho os olhos a sangrar. E a prostituta sou eu?

Eles veem com muita conversa, com muito explicar, com muitas citações académicas…nas entrelinhas entregam o objectivo.

Quem começou a separação, a diferenciação, a segregação não foram os grupos que hoje se levantam clamando pelas suas identidades.

Agora dizem que são estes grupos, nas suas bolhas identitárias que dão força ao fascismo, porque não permitem que outros as representem. Porque se auto-excluem. Muito me rio.

E se os que pensam assim fossem à real merd@?
Também me podem mandar, que eu vou, por estar nos vossos antípodas. E até a merd@ me parecer melhor que o vosso pensamento enviesado, distorcido e malicioso.

Todos temos direito a opinar e a pensar em polos opostos, blá, blá, blá. Em democracia.
Se for em fascismo, não se ouvirá uma mosca a pensar sequer.

Sangro dos olhos quando leio tiradas como a que li e me obrigam ao desabafo, no meu muro das lamentações.

Passo a explicar.

Ao clamar a voz dos meus antepassados, e dos que vivem na contemporaneidade, dos pobres, segregados, humilhados, silenciados, pisados e outros ados a jeito de quem os silenciou, exigindo ao falar, que não mais deixem de ser considerados, porque as suas vidas também contam, sou vista como comburente para fascista.

Por estar a dar campo fértil aos fascistas, quando me balizo e entrincheiro em bolsas de defesa identitárias sejam elas quais forem.

Os fascistas não querem a nossa existência. Sim, eu sou eles todos. Nós somos todos eles.
Sou parte dos que contestam, fazem barulho de qualquer maneira, dão pontapés às cadeiras e murros nas mesas.

Tenho o prazer de apertar a mão aos que pensam diferente, excepto os intolerantes com estes grupos e os fascistas. Esses são os fascistas, porque não os vêem como iguais.

Os outros, vou repetir devagarinho, como faço vezes sem conta:
– A única reclamação destas bolsas identitárias é a dignidade de existir. Pedem permissão para existência. E se não dão, exigem. Com pleno direito. Era o que faltava agora sermos apodados de fascistas ou de facilitar o campo aos fascistas.

Quem facilita o campo aos fascistas, são os que não se colocam do lado destes grupos. São os que promovem o capitalismo que anda a depradar as vidas dos despossuídos.

Os que insistem em vê-los como um incómodo identitário comburente do fascismo são os responsáveis. Não o contrário.

Explico devagarinho para iletrados – as pessoas de todas estas identidades representam algumas vidas.
Os fascistas representam a morte de todos nós.

Só mais uma coisinha incómoda – estes que assim nos fazem “gaslighting” chamando fascistas, aos que de nós defendem as existências das demais identidades, olhem-se ao espelho, ouvindo a canção “men in the mirror”, e pensem naquilo que vos trouxe a este lugar de intransigência e de reclamação de um palco só vosso. Vejam-se no espelho do medo.

É o capitalismo que vos faz dizer “ Não há alternativa” porque sois a casta que detém privilégios e lugares absolutos na sociedade.

Quando vos passar esta fase de exclusividade, daremos um salto quântico na evolução, como seres sociais e individuais.

Quando me recomendam que saia da minha bolha identitária, dizem que só querem o meu bem, para eu não espalhar raivas e semear fascismo.

Eu também só quero o vosso bem, ao contrário do que parece ser a vossa agenda subliminar de desaparecimento dos que vos aborrecem a vida com reclamações.

Quero muito que sejam individualmente grandes e participem na grandeza do colectivo.
Não vos quero excluir nem segregar.
Não sou fascista a esse ponto. Sou antes uma prostituta doce. Tenho pactuado com a vossa agenda. Vocês mandam-me deitar e abusam-me. Tenho deixado.

A básica decência humana está escassa, eis senão quando se queixam de ter o Ali bábá e os quarenta intrujões no lugar onde está, a preparar o assalto ao poder.
A um grau de separação do mesmo.
Se o PSD e o CDS puderem beneficiar de um acordo com eles e com isso chegarem mais depressa ao poder, não duvidem que o acordo acontece.

Desculpem qualquer coisinha, quando isso acontecer, venham ler este texto. A fascista sou eu?

O fascista é ele, a isca azeda vem dele e desta gente que sabe o que diz, e o diz com o propósito de dividir.

Leiam livros que ensinem coisas. Aprendam a ouvir. Leiam outras citações importantes e fundamentais. Já foi tudo escrito, dito e inventado. De Brecht a Orwell, a Henry Thoureau, a Marx, a Chomsky.

Uns ditadores – ou candidatos a ditadores – exploram o medo, outros exploram a ignorância, a apatia e a preguiça. Simples assim. Outros, na contemporaneidade, misturam os ingredientes.

Os que apoiam esta forma de “gaslighting”, ao afirmarem que são os grupos identitários nas suas lutas singulares o comburente do fascismo, apoiam subliminarmente a segregação dessas vidas, dos grupos das identidades a humilhar, apoiam um capitalismo predador que compra todos da esquerda à direita, tornando-nos prostitutos e proxenetas divididos, provocando medo e mantendo-nos ignorantes.

Atiram-me ao chão e obrigam-me ao acto, eu deito-me, mas enquanto me estão a … não me calo.

E a prostituta fascista sou eu?

Ide-vos foder! 

Anabela Ferreira

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