Delírios de uma sobrevivente no manicómio

Tenho muita vergonha alheia dos psicopatas no poder, na polícia que cegamente bate nos seus e no dinheiro gasto a atirar-nos areia para nos cegarem.
Tudo o que não quero é não poder escolher o molho com vou – provavelmente – ser comida. 

Preambulando, sobre o medo estabelecido de que a “casa está a arder e vamos todos morrer” (absolutas verdades, de uma forma ou outra). Vamos todos morrer sim, e, a terra, casa mãe, sábia que é, mais cedo que tarde está a planear – por cansaço e fastio – cuspir-nos para um qualquer planeta chato (plano e pleno de aborrecimento), quando lhe apetecer.

Li uma história que quero deixar aqui como aperitivo ao delírio. Um velhote numa bicha de supermercado foi acusado por um jovem, de fazer parte da geração que lhe estava a deixar um planeta sem condições de sobrevivência. Ao que o velhote ripostou lembrando algumas situações: as garrafas eram de vidro, reembolsáveis e reutilizáveis, não havia “fast food”, não havia telemóveis,nenhum aparelho (ou cidades/tecnologia como uma grelha que liga e tudo controla) era esperto, havia muito menos carros, tudo se arranjava quando se avariava (não se conhecia a obsolescência programada),não se deitava fora e comprava novo – quase sem necessidade – e, quase todas as máquinas eram “aquela máquina” que duravam uma vida, comprava-se apenas 2 pares de sapatos e 1 bom casaco, quando necessário e, quando havia dinheiro. O rapaz retirou-se sem argumentos. A pensar na divisão que os separava.

Não quero voltar ao passado, mas o que vivo agora não está a ser bom em muitas maneiras, sendo no entanto absolutamente maravilhoso ter tecnologia que me deveria servir. Eu desconfio e pergunto, quem beneficia com esta divisão e este conflito? Que tem tudo isto a ver com os protestos generalizados por melhor vida? Tudo. São peças da mesma engrenagem.

Pensemos primeiro que o caminho em frente talvez seja não deixar um mundo melhor para os Rolling Stones, ou pior, culpar os velhos do lugar onde estamos. 

Perguntemos porque razão a tecnologia não está de facto disponível para o progresso das nossas vidas mas para controlar e retirar-lhe liberdades? 

Perguntemos porque consumimos desenfreadamente e estamos totalmente dependentes da matrix. 

Perguntemos porque razão estão presos quem nos diz a verdade sobre os crimes cometidos por aquela gente que nos quer vulnerável, dependente e burra? 

Como é que de facto se pode deitar abaixo este paradigma onde o diabo se sentou, fazendo da minha vida o seu recreio num mundo de apps?No planeta dos “apes”…

Vejo aproximar-se a distopia Orwelliana, tendo a polícia e as Instituições contra os rebeldes, que lutam por uma vida digna em liberdade (reprimindo,batendo, prendendo,silenciando, matando). Vejo as Instituições ao serviço do poder que divide. 

Chegará o dia nesta distopia que me virão buscar e obrigar a usar uma pulseira, como fizeram com os meus antepassados que foram escravizados. 

Se me querem comer e me vierem buscar, vou informar que quero e vou (como disse Eduardo Galeano), escolher o molho com que quero ser comida. 

Não sirvo para comprar bilhete para o primeiro lupanare que me vendem, em troca da minha liberdade. Dedicado aos povos que escolhem dar as costas ao cabo do cacetete do que aceitar a distopia que nos querem fazer engolir.

Saúde e Liberdade.

Anabela Ferreira

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