Sempre ouvi dizer que os opostos se atraem, no fundo têm semelhanças. É o caso de dois partidos do panorama Português, o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Popular Monárquico (PPM), um é quase residual, o outro para lá caminha.
O BE tem claramente uma costela monárquica, não podemos esquecer que quando Francisco I abdicou do trono deixou decreto régio a indicar como seus sucessores naturais D. João e a Infanta Catarina. Gostam muito de gritar “demissão, demissão, demissão”. Não são particularmente produtivos, não fazem, mas também não deixam fazer. A sabedoria popular tem uma frase muito adequada para este tipo de gente (abstenho-me de a reproduzir aqui).
O PPM está a dar os primeiros passos (fora do Paço) nestas coisas do radicalismo e eis que, no dia seguinte à vitória de António Costa nas eleições primárias do Partido Socialista (PS) começaram a gritar “demissão, demissão, demissão”.
Querem os jovens radicais, decanos nobres que António Costa renuncie ao cargo de presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com o supremo fundamento de que o vencedor das eleições do PS, sendo líder do partido não pode acumular com a função de residente e câmara, muito menos receber o vencimento.
É uma teoria interessante, estou mesmo a imaginar os jovens radicais engrossarem a voz e começarem a gritar a plenos pulmões, em direcção a Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, “demissão, demissão, demissão”.
Por maioria de razão se António Costa não pode ser líder do PS e simultaneamente presidente da CML também Pedro Passos Coelho não pode ser primeiro ministro e líder do PSD nem Paulo Portas pode ser líder do CDS e ministro de estado. Nem venham com o argumento que Costa vai ter de preparar a eleições legislativas de 2015 porque esse argumento é válido para todos.
Passos e Portas já começaram a preparação, até aumentaram o salário mínimo. Coitados, esqueceram-se de pedir autorização à patroa Angela (Merkel) e vão levar um puxão de orelhas, ela já mandou fazer contas.
O PPM, talvez por ser maçarico nestas andanças mais radicais, retirou a cavilha a uma granada que lança estilhaços em todas as direcções. Talvez esse seja o motivo pelo qual o PSD está em silêncio e o CDS só para mostrar que existe “estamos aqui, estamos aqui” pela voz dum vereador ensaiou um tímido pedido de esclarecimento. Querem saber se Costa fica ou sai.
António Costa é o presidente da CML, da mesma forma que não fazia sentido que lhe perguntassem se renunciava ao mandato caso perdesse as eleições do PS de igual forma, tendo ganho não faz sentido, não há uma causa efeito entre uma coisa e outra. Pode perfeitamente continuar a ser presidente da CML até ao dia seguinte às eleições legislativas, partindo do principio que as vence e após o convite do presidente da republica para que forme governo, aí sim terá de renunciar à CML.
Não consigo no entanto evitar olhar com algum carinho para esta iniciativa do PPM. Caso esta iniciativa também se aplique aos outros dois personagens, Passos e Portas, estarei na primeira linha a gritar em coro com o PPM “demissão, demissão, demissão”. No caso destes dois nem coloco, como o PPM a questão do vencimento, podem continuar a receber o vencimento mas demitam-se, sai muito mais barato ao País e aos Portugueses.
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