Vou fazer um shampoo dois em um para lavar umas ideias.
Hitler foi eleito democraticamente. As pessoas (alemães judeus, alemães ciganos, alemães pretos) deixaram que a intolerância mascarada de intolerância tomasse conta do dia a dia, antes mesmo da chegada do comboio a Auschwitz. O novo normal passou a ser o apartheid. Primeiro vieram buscar os…e nós deixámos…
O novo normal em Portugal é a guerra civil. Há os portugueses pretos, portugueses ciganos, portugueses brancos, portugueses filhos da outra e portugueses filhos de puta. Tudo ao molho. Deus já perdeu a fé, se querem que vos diga. Alguém se pode intitular desta terra? Logo em Portugal?
Se respondeu sim, precisa de ir estudar e muito. Felizmente há livros de História com fartura.
Quando há um português filho da outra, sou a favor de todos os votos contra as declarações de guerra do indivíduo intolerante porém eleito democraticamente para a AR. Que este intolerante não passe com a sua intolerância. Se aprenderem História percebem logo a sua ignorância.
Repito, o que este ser faz não é o uso da liberdade de expressão, antes sim mascarar-se de democrata eleito, representante de uma meia-dúzia, para propagar a divisão, o racismo e a guerra civil aberta aos que estão a sair do armário com esta oportunidade. Eu sou a favor da filosofia de Popper – intolerância contra intolerantes.
A proposta da Joacine é parva? Um bom bocadinho. Porém a ideia não é da Joacine nem do Livre. Pode-se e deve-se discutir, obviamente. Como se discute há alguns anos, por todos os países que foram colonialistas, a devolução de artefactos (diga-se que em relação a alguns objectos de arte estou plenamente de acordo), aos países de origem de onde foram subtraídos (o Louvre vai-se esvaziar).
E os Portugueses (os descendentes do Estado Novo, que somos todos) vão buscar as obras arquitectónicas que deixaram nas ex-colónias? Podem ir buscar os Pelourinhos e espalhá-los pelo país – um deles pode até ficar na AR – para que ninguém se esqueça da escravatura, por exemplo.
É esta uma discussão prioritária num país que tem tanto para reflectir? Claro que não. É apenas comburente para uma fogueira estúpida, de santos populares fora de época, esta do racismo. Além do mais é parvo. O racismo por outro lado é crime.
E é aí que um bom político faz a diferença. Na escolha das propostas. E nos tiros que dá no próprio pé. Livre/Joacine digam lá, o que é que essa merda interessa agora?
Neste momento a política portuguesa parece sofrer de uma enorme dissonância cognitiva que mata as células cinzentas. Deve ser algum vírus pior do que o corona.
Enfim, não se deixem contagiar. Protejam-se bem. Agasalhem-se e bebem chá de mel com folhas de bom-senso. Ouvi dizer que faz bem. Sobretudo não saltem para a fogueira, mas ataquem os intolerantes. Façam-lhes um mata-leão, antes que eles nos levem para um comboio com destino desconhecido.
Tudo isto é carnaval, tudo isto é circo, tudo isto é palhaçada, tudo isto nos mantém distraídos em guerra civil. Tudo isto é oportunidade para crescimento da intolerância. E eles sabem aproveitar porque são mais organizados que os outros.
Para facilitar a distribuição e a divisão quando da entrega dos objectos (estava a pensar no obelisco egípcio em Paris)…fica o mapa de África, quando as nações europeias exerciam soberania no continente.
Considerações finais ou cautelas no shampoo sobre quem mandam para a sua terra: A nação portuguesa era e é constituída pelas migrações dos seguintes povos : Celtas, Iberos, romanos, ciganos (o ventura tem pinta de lelo com árabe), romanos, Norte d´África, judeus, indo-europeus.
Mais tarde acrescentou-se o preto e a criação divina, o mulato.
E agora, os portugueses voltam para que terra se já não há mais mar para descobrir?
Anabela Ferreira
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