Dia 1 de Abril, dia de Passos Coelho! (por Jacinto Furtado)

pinoquioTodos, ou quase todos, os dias invocam uma pessoa ou um conjunto de pessoas. O dia de Natal o nascimento de Cristo, o dia de Páscoa a ressurreição, o dia dos namorados os namorados, o dia do trabalhador os trabalhadores etc. etc. etc.

O pobre dia das mentiras andava aqui perdido no meio disto tudo. Coitado faz-lhe falta a pessoa ou conjunto de pessoas invocada ou invocadas neste dia especial. Parece-me da mais elementar justiça que este seja o dia dedicado à classe politica no geral e a Pedro Passos Coelho em particular.

Não pensem que é um favor que faço ao actual primeiro mentiroso, perdão, ao actual primeiro ministro, ao propor o seu nome como personalidade invocada no dia 1 de Abril. O esforço deve ser reconhecido e, sem margem para qualquer tipo de dúvida, Pedro Passos Coelho tem-se esforçado por merecer esta distinção.

Fica o registo do que foi dito por Pedro Passos Coelho na altura em que, nas suas próprias palavras, não tinha pressa de chegar ao pote, mas quanto mais depressa fosse melhor seria, acrescento eu.

Digam lá se distinguir Passos Coelho e dedicar-lhe este dia é ou não é merecido?

Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução.

Na altura ainda havia pão e água. Esta frase deixa-me duvida se merece ou não figurar no rol das eleitas. Na realidade é uma enorme verdade, se bem que o sentido que lhe foi dado na altura é que com ele seria diferente, com ele também haveria manteiga para barrar o pão.

Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa.

Pois, mais uma que se insere na mesma categoria da anterior. Estranho será que os políticos têm uma costela decente antes de chegarem ao poder e, após lá chegarem, ficam sem ela?

Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias.

Pois…

Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou.

Esta insere-se no rol das verdades por antecipação, estava a antecipar o que ia fazer.

Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas.

Ai sim? Então não foram porquê?

O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa.

Como? Estilo números meio aldrabados? Desempregados que desaparecem misteriosamente, malta que recebia o RSI e que de repente (para a fotografia) têm todos mais de 100.000 no banco, velhos a quem cortam o CES porque contam com o complemento que receberam no ano anterior para que ultrapassem o escalaão este ano. É também destas situações que falava?

Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos.

Parece-me muito bem. Aplica-se também a quem recebe o País com uma “insustentável” divida de 98% do PIB e já vai nuns simpáticos e “sustentáveis” 130%?

Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos.

É sempre a mesma coisa. Os gordos dizem sempre que a dieta começa amanhã mas nunca começa.

Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos.

Exacto, entenda-se por “os que têm mais” aqueles que têm “mais” falta de dinheiro, “mais” dificuldades, “mais” necessidade, “mais” probabilidades de levar pancada e não reclamar.

Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado.

Certo. E eu quero que esteja um dia de sol.

Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal.

Engraçado, será que se estava a referir às manobras de propaganda e manipulação da opinião pública como foi a mais recente “fuga de informação” no ministério das finanças?

Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa.

Esta não tem obrigatoriamente de ser considerada mentira, é apenas uma preferência. Se fosse necessário salvaguardar a coesão fazia-se duma forma, mas como o Povo é sereno tomem lá disto.

Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas.

Ou então.. porque não para os dois lados? Grande ideia!

Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.

Pois, pois, como se costuma dizer em relação a alguns produtos de qualidade duvidosa “garantia até à saída da porta”. Neste caso foi garantia até passar a porta do poder.

A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento.

Nenhum mesmo. Quem foi o idiota que disse esse disparate?

A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos.

Portanto isto quererá dizer que temos um governo de gente fraca? Já desconfiava, fracos de espirito, fracos de competência, fracos de valores… Em suma, fracos!

Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota

Pois, todos podem falar desde que não digam nada. Falar não é escrever manifesto, isso já é outra coisa. Malta subversiva.

O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento.

E então, quando é que o PSD de ontem chumba o PSD de hoje?

Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate.

Pois claro, um completo disparate. Nunca falaram mas fizeram o que, têm de concordar, não é a mesma coisa.

Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?

Excelente pergunta. Se alguém souber responder fico muito agradecido.

Desejo a todos um Feliz dia de Passos Coelho!

(Nota: A declarações Pedro Passos Coelho aqui reproduzidas fazem parte duma publicação da jornalista Fernanda Câncio no Diário de Noticias e podem ser aqui consultadas)

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