– a revolução que acontece a 25.04.74 teve início em África,
– disse Amílcar Cabral “O povo colonizado vai ajudar o povo colonizador a libertar-se”,e assim foi.
– se o fascismo foi uma dor a colonização foi o horror,
– a descolonização foi uma verdadeira tragédia, não ajudou nem protegeu nenhum dos povos, nem Portugueses nem Africanos,
– Portugal tem de fazer muito mais e melhor para resgatar os sonhos de Abril, de Salgueiro Maia, de Otelo e dos bravos que sem medo libertaram Portugal
– Portugal tem de fazer muito mais, cooperar muito mais para ajudar a crescer os povos dos cinco países Africanos por onde andou por quinhentos anos
– Os países Africanos têm de deixar de culpar o colonizador do caminho que escolheram, matando a utopia de Amílcar Cabral e de outros seus dirigentes assassinados para que a Liberdade e a Democracia não (fossem) e sejam ainda – passados 50 anos de independência- um facto consumado,resumo dos joelhos doridos sobre os quais ainda gatinhamos Portugueses e Africanos
– 500 anos de colonização Portuguesa versus 50 anos de Independências Africanas
– séculos de enormes benefícios e riquezas para o país que colonizou e usou trabalho escravo até ao século XIX este baseado em crimes de violência contra a Humanidade e terríveis desigualdades
– a guerra colonial entre irmãos colonizadores e colonizados matou e estropiou esses mesmos irmãos. Teve início em 1963, durou 11 anos (até 1974), matou mais de cem mil, fez nascer mais de vinte mil inválidos,
– A ditadura fascista do Estado Novo durou 48 anos. Salazar que deixou tantos descendentes saudosos, foi responsável pelas feridas abertas até hoje.
Enterraram-no mas a sua semente deu frutos. E é com elas que temos de ter muito, muito cuidado.
Quem viveu durante os onze anos de guerra colonial em Portugal e em África e não a sentiu, nem viveu, nem teve um pai, irmão, tio, morto, estropiado, mãe, tia, irmã, racializada, discriminada, presa, violada, torturado, ou traumatizado pode agradecer aos deuses. Foi abençoado.
Os outros que passaram por isso foram os filhos de um deus bem menor e esquecido. Conheceram-lhe o rosto vestido de terror. Por isso a disciplina de História é tão importante. Se eu não passei por algo, um irmão lá algures na recôndita aldeia, no mato, ou na cidade de um país colonizado, ou no país colonizador sabe do que falo.
Não tenho dúvida que mesmo com tantos pesares, corrupção e desmandos, miséria, descriminação, racismo, divisão, tanto em Portugal quanto nos Cinco Africanos (Venham mais cinco), viver sem colonizador e sem ditador a aprender a ser livre (só há 50 anos) é caminhar um passo em direcção à utopia. Aprendamos em conjunto. Sobretudo a ouvir as vozes que foram sempre caladas. As suas vidas contam.
Só o oceano de gente na avenida no dia 25 do ano 24 veio mostrar que tanto as utopias de Maia quanto de Cabral ainda estão vivas.
Resta-nos esperançar o seu florescimento.
Anabela Ferreira
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