Faz parte da tragédia Lusitana: pontualmente chegam notícias sobre essas práticas estudantis ditas “muito engraçadas e irreverentes”, e lá temos que discutir o assunto.
Fui caloiro da República Pra-kys -tão em Coimbra, fui recebido com uma praxe de insultos que rapidamente viraram em conhecimentos, troca de ideias, canções, etc.
Nada de excessivo, e eram raras e rápidas as trupes de caça ao caloiro…além disso, nunca se apanhava ninguém, era um passeio nocturno organizado pelos mais velhos – por tradição que estava a desaparecer.
Os caloiros tinham tarefas importantes. Tratavamos de convidar escritores que estivessem em Coimbra para jantar na Republica, para falarrmos e os OUVIRMOS. Convites também para artistas, companhias de teatro figuras internacionais como Marcel Marceau, etc. O campo da cultura começava a abrir -se.
Entretanto, com a guerra colonial a Academia começou a politizar -se. E apareceram os comunicados, os papéis clandestinos, as acções nocturnas. Uma vez fomos apanhados pela policia e o chefe da esquadra deu -nos um conselho : não se metam nestas coisas, isto é perigoso. Roubem galinhas que a gente fecha os olhos,mas não se metam nisso.
Talvez este conselho tenha sido aproveitado para criar estes ladrões disfarçados de banqueiros que nos têm assaltado…
E como a luta cresceu e a politica ganhou, a praxe desapareceu!!!essa reminiscência feudal, inquisitória e infantiloide foi à vida.
Veio o 25 de Abril e por milagre muito oportuno voltou a praxe qual Fénix renascida. estimulada pelo ensino privado, claro— para criar desníveis classistas e autoritários, sempre em nome da hipocrita recepção para orientar os pobres caloiros perdidos na Universidade…
Até aqui, era lamentável o retrocesso cívico,e a tentativa clara de criar espírito de súbditos contra cidadãos livres.
O pior estava para vir. A agressão, a boçalidade pornográfica, o crime, a manipulação, a chantagem, tomaram conta de hordas de energumenos que massacram os jovens e humilham as mulheres.
E esta barbárie é desculpada, tentam -se manobras jurídicas para proteger esta selvajaria!!!
Para mim, há duas coisas que lamento profundamente : que as mulheres se deixem humilhar por essa gente que as obriga a mimar actos sexuais e a ter procedimentos de escravatura, e que haja homens que vêem essas práticas e não desfaçam à porrada esses cobardolas.
Não se admirem de os casos do Meco, incapacidades físicas e suicídios se repetirem novamente
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