Hoje mesmo a Comissão Europeia divulgou o relatório da primeira avaliação a Portugal ocorrida após a saída da troika. E os termos do relatório apontam para uma crítica severa à condução da política económica pelo Governo em funções, mormente à ausência de cortes na despesa pública, dando relevo, nessa área, à não reforma do sistema do sistema de pensões, e noutro âmbito à subida do salário mínimo.
Não vou dissertar sobre a justeza do aumento do salário mínimo, que só pecou por insuficiente, e que resultou, inclusive, de um acordo conseguido em sede de concertação social, como resultado de um processo de diálogo entre trabalhadores e empresários.
Mas quero, sobretudo, expressar o meu veemente protesto relativamente à forma como a Comissão Europeia se permite opinar e ingerir na política económica que o País implementa, mormente a subida do salário mínimo. E ninguém se insurge? O Primeiro-Ministro não diz nada? O Presidente da República come e cala? Que representantes tem o País que permitem que a Nação seja enxovalhada dessa forma? Que representantes tem o País que vergam a cerviz, que envergam as vestes dos capatazes que só cá estão para chibatar o povo a mando dos seus mandantes? E ninguém se insurge?
Os mais altos representantes do País não sabem o significado da palavra Pátria, não sabem o significado da palavra Povo, não sabem o significado do que é ser português, não sabem o significado da palavra Portugal.
Se são estrangeirados, pois que emigrem, como Passos Coelho aconselhou aos jovens deste País.
Que sejam os primeiros a dar o exemplo. Passos que se mude para Berlim, e se babe bajulador aos pés da Dona Merkel. Cavaco que venda a casa da Coelha e emigre para Frankfurt, e se divirta a mirar de longe as linhas modernistas da sede do BCE.
Este País, com oitocentos anos de história, que deu novos mundos ao mundo, que dominou o mar salgado com as lágrimas das suas gentes, e com o sangue de muitos dos seus melhores, não merece ser vilipendiado por tecnocratas estrangeiros sem rosto, por almas rendidas ao altar da finança internacional, com base na inflexibilidade de regras acéfalas para as finanças públicas que tratam as pessoas como números desprezíveis e dispensáveis.
Sim, este País não merece o silêncio cúmplice e cobarde dos seus representantes.
Cavaco e Coelho, já que calam perante tanta afronta ao País, não são merecedores de cantar, sequer o Hino Nacional. Quando o ouvirem, que se mantenham sentados e em silêncio. Não cantem nem refiram nunca, os nossos “egrégios avós”. Porque não estão à altura deles, e evocá-los, é um sacrilégio tão grande, que ainda se arriscam a que os nossos ilustres antepassados se ergam do túmulo para os defenestrarem em definitivo, enviando-os para o único lugar da História que eles merecem: o esquecimento.
(*) Nota da Redacção: Estátua de Sal é pseudónimo dum professor universitário devidamente reconhecido pelo Noticias Online.
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