Todas as vidas são iguais mas há umas mais iguais que outras. Quase em poesia e…
Em legítima defesa…
Uma história de violência:
Prometo amar-te…
Até que a morte nos separe!
Diz o marido à mulher,
antes de a violar, maltratar e…matar.
Prometo respeitar a constituição, ser um fiel representante dos cidadãos que me elegeram…
Diz o político fascista, o sem escrúpulos, o sem ética,
pago por interesses económicos
o verme ignorante, corrupto, ganancioso
antes de nos matar! Por dolo ou negligência.
-Morte ao infiel,
ao homem, à mulher, à criança, ao gay, ao preto,
que não obedeça
e de nós falar…diz o fundamentalista religioso
Longe das palavras de amor ensinadas
por profetas feitos homens
ramos da mesma raiz:
Até que a morte nos separe!
São espelhos da mesma face: a violência
no casamento privado, em comunidade, na vida pública, em sociedade
São as violências impostas,
nascidas de profundos complexos de inferioridade
Dos mundos que desconhecem o direito à vida
Que levam crianças bomba, a explodir
Homens e mulheres com esperança, a partir
A ir sem mais poder regressar. Da vida
Que roubam o direito de rir. Ou de fazer rir.
De amar e de se dar.
Que não nos querem ver almoçar,
um pão com o doce de um entardecer
com um pôr-do-sol feito de cores roubadas
num quadro de Van Gogh
e por elas poesia escrever.
Roubam-nos o direito de cultivar
e a terra da imaginação arar,
para ver sementes sadias nascer.
Roubam valores sagrados:
o amor, a esperança, a dignidade, a bondade, a espiritualidade.
Pois conheço uma solução:
Faço o que tenho de fazer,
não largarei as canelas de quem há muito
perdeu a graça com tamanha negação
ou nunca a teve.
E quer continuar inferiorizado.
Em bombas atolado e no seu campo de guerra
refugiado.
Ofereço-lhes lágrimas saídas de um estômago em convulsão pelas gargalhadas.
Mesmo que em agonia de fome.
Vocês que me escravizam e me dominam através do medo, do terror ou de qualquer guerra.
Que me matam de fome.
Com a vossa prostituição obscena.
Com o ódio insano pela minha existência
Com a vossa violenta insanidade
querem-me arrastar para o delírio,
contrário ao terno que a vida pode ser?
Morrerei sim
Mas depois de me defender
Podem clamar: ingenuidade !?
Utopia !?
Sim, no caminho para o meu encontro com ela,
o meu destino final, o meu sentido a minha direcção,
apenas com o amor que carrego no ventre da minha humanidade,
contra a vossa desumanização
contra a imitação de comportamentos grotescos
que não me conduzem à evolução
Viverei para matar a morte gratuita.
Prometo sim, nunca vos matar com uma bala ou uma bomba.
Do lodo nutrido pela água e pela terra,
trazendo apenas o amor de uma gota do oceano
por outra gota de igual raça.
Sem cor, religião, sexo ou pátria
Eu sou todas as gotas do oceano feitas vida
Com as palavras
que a inspiração me depositar num cesto,
na minha janela
com o trunfo do meu lápis
em nome de um
por um todo comum,
visto-me com o gorro do fanatismo da bondade,
calço-me de paixão pela justiça,
junto-lhe as luvas do extremismo da compaixão
e combaterei
pelo pão,
defenderei a liberdade, o riso, a vida,
De pé,
em legítima defesa.
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