No passado Domingo, às 22h30, Portugal parou para ouvir uma espécie de conversa em família proferida pelo Governador do Banco de Portugal. Pela voz de Carlos Costa ficámos a saber que ressurreição e o milagre da multiplicação é afinal simples.
Com um passe de mágica, Carlos Costa, ao terceiro dia ressuscitou o BES, mais que ressuscitar transformou-o em dois, um a que chamou de banco mau e outro que disse ser um banco novo a que chamou Novo Banco. Teve ainda tempo para dizer que o Novo Banco e o BES são afinal a mesma coisa mas em bom.
Na conversa em família de Carlos Costa foi, eventualmente, mais importante o que não foi dito do que aquilo que foi dito. Foi dito que a totalidade do capital do Novo Banco seria detida pelo Fundo de Resolução, o que não foi dito, de forma clara, é que o Fundo de Resolução criado em 2012 e detido pelos bancos não tem capital suficiente para esta festa, tem cerca de 5% o resto, bem o resto está bom de ver vai ser na sua totalidade metido pelo Estado Português.
Ainda em relação ao Fundo de Resolução ficou esquecida por Carlos Costa a informação de que os bancos não estavam informados, não sabiam nem tinham dado o seu aval para que em seu nome fosse feito um empréstimo de mais de 4,5 mil milhões de Euros. Foi dito mas é falso que esta solução não acarreta nenhum risco para o contribuinte.
Querem saber como? Querem saber onde está o risco para o contribuinte? Imaginem que o Novo Banco não consegue realizar capital, imaginem que a venda do Novo Banco é feita por um valor muito inferior ao valor do empréstimo, agora imaginem que os bancos e o Fundo de Resolução são chamados a assumir o pagamento desse dinheiro.Estão a ver o resultado não é? A porrada que os bancos iam levar era de tal ordem que em vez de um Banco Novo acabávamos com uma dezena de novos bancos. Sendo que não é possível deixar cair o sistema bancário como um castelo de cartas está bom de ver em última instância quem iria/irá pagar a factura.
Afirmar-se que não há risco para o contribuinte é mais uma das mentiras sistémicas do regime personificado na pessoa de Lady SWAP. A propósito de Lady SWAP, em entrevista à SIC Notícias reconheceu que este empréstimo feito pelo Estado Português ao Fundo de Resolução vai afectar o défice. Se rapidamente o reconheceu mais rapidamente afirmou que isso não tem importância nenhuma, “é só estatística”.
Claro que sim, claro que é só estatística, da mesma forma que os desempregados em Portugal (os dos números oficiais, os que estão escondidos em acções de formação e os que já ninguém se lembra) são também “só” estatística. Também é “só” estatística o número de Portugueses na pobreza, é “só” estatística o número de Portugueses que passam fome. O que infelizmente não é estatística é o facto de Maria Luís Albuquerque (e companhia) ainda não fazerem parte da estatística dos “ex”.
O Ex-Dono Disto Tudo (ou talvez não) já disse que lá para Setembro vai falar, curiosa esta nova modalidade, tínhamos a reentrém dos partidos políticos agora vamos ter também a reentréem dos arguidos. Este final de verão vai ser uma animação. Talvez seja por isso que o verão teima em não começar, assim não tem de acabar e poupa-nos a cenas tristes.
Ainda em relação a Ricardo Salgado, gostava de entender a razão de ter sido detido para ser constituído arguido e para prestar declarações. O homem tinha sido notificado na véspera que tinha de se apresentar no Tribunal Central de Instrução Criminal no dia seguinte foram buscá-lo a casa porquê? Perigo de fuga não foi certamente, caso contrário não o tinham informado de véspera. Destruição de prova também não, caso contrário não o deixavam à solta a noite toda. Alarme social? Não me parece, já nada alarma esta população que já está preparada para tudo e já espera tudo. Para lhe poupar dinheiro no transporte?… … … Ou talvez para criar um facto noticioso e dar uma imagem do que não existe, uma justiça eficaz.
Até a medida de coação é, como dizer… … fraquita! Trocos para quem está habituado a receber presentes de 14 milhões.
Carlos Costa ficou muito admirado por Ricardo Salgado ter feito uma quantidade de malandrices depois de ele lhe ter dito que o ia “despedir” do BES. Ficou admirado, ficou chateado e não entende como foi possível. Eu explico-lhe Sr. Governador, explico-lhe utilizando a melhor definição que já ouvi para a situação, não me recordo quem deu esta explicação, peço desculpa por não atribuir créditos ao autor mas não me recordo:
“Não se pode deixar a raposa dentro da capoeira e dizer-lhe que não pode comer as galinhas!”
Entendeu Sr. Governador?
É nos pormenores que se vê a qualidade das acções e o cuidado com que se tratam as decisões que podem afectar a vida dum País, neste caso Portugal. São pequenos detalhes que demonstram que tudo é feito em cima do joelho porque em última análise quem paga é sempre o mesmo e responsabilidade é fêmea infértil que morre solteira. Já existe um Novo Banco em Cabo Verde e em Portugal o nome Novo Banco está registado pelo BCP desde 1989. Fantástico! Magnífico!
Estamos entregues aos bichos. Somos decididamente um Povo de galinhas presas numa capoeira com muitas raposas à solta. À solta mas dentro da capoeira!
Depois do descredito em que a justiça caiu esta tenta afirmar-se da pior maneira. Foi assim com Socrates em aliança com uma certa Comunicação Social, tambem ela a viver dos piores dias dos ultimos tempos. Fazem cortinas de fumo, para outros se escapulirem como aconteceu com os vistos GOLD. A Justiça anda de braço dado com a Comunicação Social protegendo a direita e todos os que melitam na Opus Dei e Maçonaria. A esses o irmão tem obrigação de proteger. A vergonha do arquivamento dos submarinos e de muitos mais casos com implicações a direita, contrasta com as condenações a esquerda de sucateiros e peixes menores de robalos e carapaus. Não e por acaso que se diz por ai que a justiça e zarolha da direita e vê muito bem da esquerda. Uns comem os figos e a outros rebenta a boca e quem paga sempre e o Ze.
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