O que se passa na universidade, tem de ser resolvido na universidade. Mas, em Portugal, em vez disso, o que se passa na praxe, fica na praxe.
Só isso poderá justificar tudo o que se seguiu à morte de seis jovens na praia do Meco.
Um Secretário de Estado da Juventude, caído de para-quedas, diz que o que se passou no Meco não tem nada a ver com praxes. Deve saber mais do que o Ministério Público, ou então está a falar para o ar…
O Ministro da Educação, ainda existe?
Seis jovens morrem, no que se diz ter sido um ritual académico, numa actividade relacionada com universitários e com a vida universitária…e a Universidade respectiva, só dois meses depois abre um inquérito… Certamente que o abriu porque o que se passou nada tem a ver com o que se passa na universidade.
Nos “retiros” académicos organizados pela Comissão de Praxes da Lusófona, era prática largar os caloiros no meio da serra da Arrábida, à noite, sempre sem telemóveis. Até tinham uma casa no Meco para os tais retiros. E desta vez lembraram-se de enfrentar as ondas da pior tempestade que investiu sobre a costa portuguesa nos últimos tempos… Diz-se que seria um ritual de adoração a «Mefisto», através do Dux, que simboliza o poder superior e a obediência cega… Para mim assemelha-se mais a um treino táctico de militares de elite…
Um psicólogo, ligado à Universidade Lusófona, diagnosticou à única testemunha (será mesmo a única?) uma “amnésia selectiva”. Passados dois meses, por causa dessa amnésia, a testemunha ainda não foi ouvida. Foi crucificado e coitado, nem percebeu. Entretanto, a testemunha vem dizer que nunca sofreu de amnésia nenhuma… Nem a ideia poderia ter saído da cabeça dele… E ninguém “cai” em cima deste psicólogo? O outro psicólogo, o director do curso de Psicologia lá da Universidade, e vice-reitor, que veio a terreiro dizer que “se o meu colega diz que é, é porque é…”, também é advogado. E que a universidade só prestou apoio às famílias das vítimas…
As universidades sabem o que acontece e participam activamente nisto, tolerando episódios de agressões, violações, sequestros e as mais imaginativas formas de violência física e psicológica, que nada têm a ver com o espírito académico, ou sequer, com a praxe. As coisas fazem-se nas imediações das universidades, mas também nos corredores, no bar e até dentro de salas de aula (os “rasganços”, com raparigas nuas, dentro das universidades em que se formaram, devem servir para homenagear as instituições…). E há quem ache isto normal.
No telejornal, o José Rodrigues dos Santos faz perguntas inconvenientes ao presidente do conselho de administração do grupo Lusófona, que dá respostas atrapalhadas (Vejam aqui:http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=712924&tm=8&layout=121&visual=49). Pergunta se a Reitoria “emprestava” os seus carros à Comissão de Praxes. A resposta é evasiva… Diz que a comissão de Praxes também tinha carros próprios (comprados com que dinheiro?). O Jornalista pergunta se a Reitoria pagava a renda da casa do Meco… Do senhorio da tal casa, ninguém sabe o paradeiro… Perguntas inocentes? O José Rodrigues dos Santos?
Para este administrador, tudo equiparável a uma “brincadeira de berlindes”. Noutra entrevista, o responsável fala ainda em “manipulação” dos pais dos jovens e aponta o dedo a “alguém” com “interesses contra a Lusófona”. A sério. Ele disse mesmo “isto”: ( http://visao.sapo.pt/responsavel-maximo-da-lusofona-compara-praxes-a-brincadeira-de-berlindes=f766996#ixzz2rzspilEM ) !!
Os argumentos são tão esconsos como os que valeram uma licenciatura ao Relvas… Sim… É a mesma universidade…
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