Se estou, alguém me há-de dizer porquê. Argumentos ad hominem passam-me ao lado. Quero é factos concretos. A Isabel não anda por aí a exibir-se em carros de alta gama pagos com o nosso dinheiro. A Isabel nunca foi acusada de corrupção… Nunca usou a sua função em benefício próprio ou dos amigos, como uma certa deputada do PSD foi condenada em tribunal criminal por fazer o que se calhar nem fez, quando dirigia o C.C.B.. Quero lá saber se a mulher nasceu rica. Eu não tenho nada contra quem nasceu rico. Tenho muito mais contra a maioria dos ricos que nasceram pobres… É que há uma enorme diferença entre o Belmiro e o Nabeiro…
Lembrei-me de escrever este texto, não como réplica ao que escreveu o meu amigo Jacinto Furtado, mas mais em resposta ao “testo” publicado no jornal do grupo SONAE, por um sociólogo que é professor universitário no Porto enquanto ao mesmo tempo é deputado em Lisboa, pelo Bloco de Esquerda…
Vem esta vergonhosa provocação a propósito de uma entrevista da Isabel Jonet, onde disse que «Muitas vezes as pessoas ficam desempregadas e ficam dias e dias inteiros agarradas ao «Facebook», ou agarradas a jogos, agarrados a amigos que não existem e vivem uma vida que é uma total ilusão», concluindo que o facebook é o maior inimigo dos desempregados». Depois, recomendou aos desempregados que procurem trabalho voluntário, para se manterem activos e aumentarem a possibilidade de encontrar um emprego.
Eu, na minha ingenuidade, não vejo malícia no que a Senhora Jonet disse… A clareza de expressão até pode nem ser o forte dela, mas isso só demonstra que a “lição” não vem “ensaiada” como a de muitos deputados… E se calhar o maior inimigo dos desempregados não é o facebook, mas de certeza que também não é a senhora Jonet. Porque é que qualquer coisa que a senhora Jonet diga em público é aproveitada para a achincalhar e denegrir? Inveja do que algumas pessoas conseguem fazer na sociedade civil, sem se meterem na política e sem os apoios dos políticos?
Olhamos para a massa crítica desse mistério… O autor dos 10 mandamentos contra a senhora Jonet é sociólogo, professor numa universidade, no Porto; E Deputado pelo Bloco de Esquerda à Assembleia da República, em Lisboa. Realmente – até já houve um “prós-e-contras” sobre isso – só em Portugal é que há políticos no activo que ao mesmo tempo são comentadores políticos. Bem…Vale tudo, deste futebol à coluna social. Ora, o “palco” dado ao deputado do Bloco, é dado por um jornal pertença de um grupo económico SONAE que o partido dele qualifica como Direita Exploratória. Vejam bem o contra-senso. Se é que isto tem sequer senso, contra ou outro, ou vice-versa.
E depois… Ó Senhor sociólogo… “Arbeit macht frei”? Mas está a gozar connosco, que lhe pagamos o ordenado de deputado? Acho que aplicar a monstruosa inscrição dos portões de ferro de Auschwitz aos nossos jovens desempregados, é de uma bizarria sem nome… digno de um deputado? O trabalho liberta. Pois liberta. Só não sabe “isso” quem nunca esteve sem trabalho. Será que a senhora disse alguma mentira? Não há milhares de pessoas que encontram conforto no “second-life” das redes sociais? O voluntariado não pode ser uma alternativa à rotina de acordar desorientado sem uma meta , sem um objectivo para o dia? Eu já experimentei a sensação. Será que o senhor deputado do Bloco de Esquerda e professor de sociologia alguma vez passou pelo mesmo? Sabe qual é a percentagem de jovens “agarrados” a anti-depressivos? Será que a dedicação da senhora Jonet ao Banco alimentar contra a Fome não é preferível à frivolidade das damas do jet-set ou à superficialidade da maioria das figuras públicas deste país?
Não estou a meter o lugar do senhor em crise, a crise está no que ele faz e diz. Escreve sobre entrevistas feitas a pessoas da sociedade civil, num jornal da SONAE, ao mesmo tempo que é deputado pelo Bloco de Esquerda. Além da piada que “isto” em si tem, acresce o facto de ficarmos a pensar como é que arranja tempo para ajudar mais estudantes universitários a tornarem-se futuros desempregados, alguns dos quais, poucos, vão mesmo precisar de recorrer à ajuda da instituição a que a senhora Jonet preside. Não vai ser o Bloco de Esquerda que os vais ajudar.
O que nos leva a outra questão. As leis que saem daquele parlamento, são uma miséria. Falo como jurista. Falo como Advogado, que lida com leis de todo o tipo, todos os dias. Não há dia em que eu não toque em cobrança de dívidas, em administrativo, em fiscal e em penal. Uma miséria de leis. Já a senhora Jonet tornou-se uma alta figura de uma organização sem fins lucrativos que visa ajudar pessoas. Só existe para esse fim. Se alguém me disser qual foi o mal que o Banco Alimentar fez ao mundo… É “caridadezinha” da senhora Jonet está lá quando o Estado falha. Vai à procura das situações de colapso. Sem essa caridadezinha, muita gente, mas poucos de entre os que cada um de nós conhece, iria passar efectivamente fome. É este o Portugal que temos ao fim de 40 anos de democracia e a ver vamos se este não é o último 25 de Abril comemorado com feriado…
Ao povo, convém dar circo, senão, esse povo começa a falar do que realmente interessa…Por alguma já passou tanto tempo sobre a última contenda política que não tenha sido um absoluto desperdício de tempo. O povo tem andado tao entretido com a casa dos segredos e com as telenovelas e com o futebol, que me quer parecer que “aguentam… ai aguentam, aguentam”. Até ao dia. No limite, há um limite para tudo e todos temos um limite…
A beleza da democracia, é essa: intervenção cívica. Se não for isso prefiro uma ditadura minimamente íntegra. O que esta democracia de blocos, não é! Espero que a Isabel não se cale, porque sempre que não se cala, abrem-se debates onde a miséria real é colocada em foco. E dessa miséria é que os sociólogos-deputados não falam. É que a senhora Jonet, diariamente, toca a vida de 250.000 pessoas em Portugal, abrangidas pela acção do Banco Alimentar Contra a Fome. A senhora Jonet não ganha um tostão para fazer o que faz. Estes são os factos concretos de que eu no início falava. O resto é conversa de café.
não é o conselho dela que nos intriga…qualquer um de nós pensa e fala o que ela falou…o pior é a forma como diz e generaliza tudo.
Este texto é uma defesa emocionada de uma pessoa que, com o défice de sensibilidade que tem, só diz disparates e revela a verdadeira natureza da caridade que pratica. Não que interesse muito a natureza da caridade pois o mais importante são os resultados, na verdade.
E a defesa é tão emocionada que perde toda a sua acutilância e credibilidade.
Só se defende assim o chefe do partido, o chefe do clã, a mulher, os filhos, os amigos mais chegados, a amante ou um amor escondido…
O que me espanta é que a senhora Jonet, lidando como lida com situacoes delicadas da vida das pessoas, não tenha mais sensibilidade na forma como fala das mesmas. A intenção pode não ter sido a de ferir os desempregados, mas a verdade é que os ofendeu. Sabe a senhora Jonet que a maioria dos desempregados nem dinheiro tem para pagar o que alimenta as redes sociais? A internet não é gratuita.Fazer voluntariado é efectivamente bom. Mas sabe a senhora Jonet, que muitos desempregados não têm capacidade sequer de pagar transporte para o poder fazer?
Não tem desculpa sequer a forma como o disse, porque denota bem que na realidade é obque a senhora pensa sobre os desempregados.
Tenho que concordar que a Sr.ª Jonet desempenha um papel importantíssimo na sociedade, preside a uma instituição que mata a fome a muitos portugueses. Ponto final.
Também não tenho dúvidas que de cada vez que a senhora abre a boca perante a comunicação social, sai asneira. Ponto final.
Os desempregados não deixam de procurar emprego, por causa da internete.
Existem em Portugal muitos desempregados, porque não existe oferta de emprego, ou será, segundo a Sr.ª Jonet, que não há procura.
Nem vale a pena comentar.