Macedo já tem o seu visto gold de saída
Miguel Macedo percebeu que o seu “passaporte para o futuro” não passará mais pela permanência no XIX Governo (in)Constitucional. A política mercantilista de vistos para chineses, à la carte, concebida e executada pela seu colega, Paulo Portas, comportava tantos alçapões, tantos desvios, tantas omissões e facilidades que, na sua interpretação e implementação – geraria uma discriminação positiva duns (os chineses com dinheiro) – contra a discriminação negativa doutros (os demais estrangeiros que não tivessem grandes montantes para investir) no sector imobiliário no rectângulo e cujo modelo de investimento é tipicamente terceiro-mundista.
Acresce que a fronteira ténue entre as relações pessoais e a esfera pura da política é, por vezes, indefinida. É como o círculo de Pascal, está em todo o lado e não está em parte nenhuma. Todas as cigarras que trabalharam como formiguinhas no esquema, amigos pessoais de Macedo e colocados na alta administração pública, estão hoje a falar mandarim diante o Ministério Público, pelo que seria insustentável a manutenção de quem os nomeou no cargo de MAI. Uma pasta altamente sensível que tutela as “secretas” e as polícias – que hoje estão em guerra para ver quem é que consegue impor um padrão de legalidade/normalidade perante a corrupção que se generalizou em Portugal.
À mulher de César não basta parecê-lo…
Macedo sabia que os indícios são mais do que indícios, e que aquelas ligações com aquelas pessoas e imobiliárias não tinham fins humanitários nem faziam filantropia. Macedo sabe mais do que qualquer um de nós. E sabendo o que sabe, para se proteger a si e ao Governo que integrou, decidiu sair pelo seu pé – antes que fosse empurrado e esmagado pelas próprias circunstâncias, por vezes ditadoras.
Mesmo que, conforme se disse, nunca tendo sido pessoalmente visado pelas investigações, tal não significa que não o venha a ser de futuro, e, se assim for, Macedo – já liberto de funções políticas – estará em melhores condições – politica e pessoal – para colaborar com a justiça no apuramento da verdade, se para isso for convocado.
Em rigor, Macedo é uma metáfora menor deste cadáver adiado que alguns ainda – prosaicamente – designam de Governo. O qual só existe por estar ligado ao ventilador de Belém. Quem, de facto e de jure, se deveria demitir era todas as carraças do Governo, e mesmo que o fizessem ontem já seria tarde.
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