José Paulo Fafe, Presidente da Comissão Executiva (CEO) da Global Media Group (GMG), decidiu atacar-me directa e pessoalmente por causa do artigo “Global Media Group: Tsunami em curso”, publicado na passada sexta-feira.
Tal ataque, já esperado e levado a cabo no infelizmente habitual estilo trauliteiro do Sr. Fafe, tem desde logo uma particularidade, que convém não deixar passar em claro: é que, referindo-se a um único ponto (o da pretensa origem, real identidade e ligações do Fundo que o nomeou para a administração da GMG), não consegue desmentir uma só que seja das irregularidades e ilegalidades, designadamente laborais, praticadas pela mesma administração e por mim em tal artigo denunciadas: o incumprimento de promessas e até de contratos, uma quase inacreditável mas permanente e intencional desvalorização das empresas do grupo, os desmentidos e as públicas divergências dos accionistas agora minoritários, as ameaças de ida para a insolvência e do despedimento de entre 150 e 200 trabalhadores, a consumação do despedimento de inúmeros outros, contratados “a recibo verde”, a apresentação de demissão por uma dúzia de directores, o não pagamento dos salários de Dezembro, etc., etc., etc.
Por outro lado, José Paulo Fafe continua a não esclarecer devidamente – e era, e é, absolutamente imperioso, nomeadamente em nome da transparência legalmente imposta (Lei nº 78/2015, de 29/7), que o fizesse – os seguintes pontos:
1º – Quais são afinal, e em que exactos termos, os verdadeiros “beneficiários efectivos” da cadeia de empresas e dos passos instrumentais que foram utilizados para a consumação da operação que permitiu a sua nomeação como CEO, os quais, em termos gerais, foram descritos designadamente pelo jornal ECO em 28/7 e 12/10/23?
2º – Porquê e para onde desapareceram as elevadíssimas quantias de dinheiro que, no último Verão, foram pelo Fundo apresentadas como justificadoras da bondade do negócio e que estariam suposta e totalmente disponíveis para serem de imediato investidas pelos patrões do Sr. Fafe na GMG? E corresponde ou não à verdade que, dos 4,5 milhões de euros prometidos pelo World Opportunity Fund para o 2º semestre de 2023, em Novembro último apenas tinha entrado meio milhão de euros?
3º – Que ligação tem o estranho “desvanecimento” daquelas avultadas quantias com a resistência dos trabalhadores da GMG à “reestruturação” pretendida por Fafe e/ou com a alteração da conjuntura política em Portugal e a demissão do Governo?
4º – Se o que agora se invoca é um alegado esvaziamento dos cofres, o qual não permitiria pagar salários, porquê e para onde se esvaíram também todas as receitas da GMG do último trimestre de 2023, as quais, não obstante a sua quebra mercê da continuada política de desvalorização das empresas e das marcas prosseguida por Fafe e Companhia, terá sido, apesar de tudo, da ordem dos 16 milhões de euros?
5º – É ou não verdade que, desde a entrada da nova administração e até Novembro último, se verificou uma perda de receitas da ordem de mais de 3 milhões de euros, ao mesmo tempo que ocorreu a contratação de mais de 30 pessoas, o que representará um aumento dos custos anuais com pessoal (incluindo os administradores) superior a 2,2 milhões de euros?
Quanto, enfim, à questão da identificação do Fundo, e para além de que todas as dificuldades nesse campo resultam precisamente da opacidade propositadamente mantida acerca da operação, dos seus valores e dos seus reais beneficiários, vamos então esperar pelos doutos esclarecimentos de José Paulo Fafe, mas, para já, existe diversa informação pública sobre o que são e o que verdadeiramente fazem o World Opportunity Fund e os seus principais “actores”. Não sendo decerto por acaso que, em Setembro de 2017, o Bloomberg apelidava Daniel Dantas como “the bad boy of Brazilian finance” (o menino mau da Finança brasileira) e de “shrewd, aggressive and litigious” (astucioso, agressivo e litigioso)por agir com um estilo provocatório, terrorista e caceteiro que, pelos vistos, faz escola.
José Paulo Fafe e os seus amigos já deviam ter entendido de vez que neste campo são eles – e não os outros que justamente os questionam e criticam – que estão obrigados a esclarecer todas as matérias e a prestar todas as informações que lhe forem exigidas, bem como que não é nem pela ameaça nem pelo insulto que lograrão alguma vez escapar a essa mesma obrigação e às respectivas responsabilidades. Seguramente que os violentados e desesperados trabalhadores do Global Media Group e as suas famílias, bem como as mulheres e os homens bons do nosso País, não lhes permitirão sair impunes.
António Garcia Pereira
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