O último concurso de bolsas de investigação ainda não acabou. A Fundação para a Ciência e Tecnologia espera poder vir a distribuir cerca de 350 novas bolsas individuais, no âmbito do processo de reclamação em curso, em função dos seis milhões de euros entretanto libertados para o efeito, anunciados pelo ministro Nuno Crato.
“Os painéis vão ser chamados de volta para avaliar todas as situações que foram postas em causa do ponto de vista científico”, revelou Miguel Seabra, presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Admitiu que se trata de um “ajuste”.
Miguel Seabra disse ainda não temer uma avaliação externa ao último concurso, proposta nos últimos dias pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. “Uma avaliação é o que precisamos, teremos uma melhor orientação para o que é preciso mudar”. A hipótese de alterar o processo de análise feito pelos painéis está em cima da mesa. “Temos uma visão do que é o ideal, temos feito um caminho”.
O “ajuste” ao último concurso deve ser célere, e espera-se que esteja fechado no prazo de um mês. Esta sexta-feira, encerra o prazo para fazer a audiência prévia (reclamação). Beatriz Padilha, coordenadora do painel de Sociologia, pediu revogação da demissão e voltará a assentar lugar enquanto jurada, contou Miguel Seabra. A professora abandonou a equipa na sequência do conhecimento de que a nota final de alguns candidatos tinha sido alterada sem conhecimento do painel. Sendo que a FCT justificou a correção por falhas de natureza meramente aritmética.
Em janeiro, os resultados do último concurso davam conta da aprovação de 531 bolsas de doutoramento e pós doutoramento: 298 e 233, respetivamente.
Valores que ficaram muito aquém dos do ano anterior – cortes de 35% e 65% – e que levaram mais de 1000 investigadores para a rua em protesto, deixando em polvorosa a comunidade científica e a Oposição. O ministro da Educação e Ciência e o presidente da FCT foram chamados ao parlamento para serem ouvidos pelos deputados.
Outros seis milhões de euros serão aplicados em programas de incentivo às unidades de investigação – 293 instituições e 26 laboratórios – para aplicação em contratação de recursos humanos, portanto, investigadores. No mínimo será atribuído a cada uma 12 mil euros.
No próximo semestre, a FCT lançará um concurso inovador de contrato para gestão e comunicação de ciência, contemplando cinco anos de atividade. O organismo prepara ainda o lançamento de uma comissão de acompanhamento e avaliação dos trabalhos desenvolvidos pelos programas doutorais, a dama deste governo, sinal da viragem de estratégia: atribuir financiamento sobretudo a projetos e equipas.
Durante este semestre dever-se-ão conhecer os resultados das candidaturas à segunda leva de programas doutorais, concurso que ocorre excecionalmente dois anos seguidos e que deverá manter a partir daqui edição bianual. Tal como sucedeu na iniciativa inaugural, o número de projetos deverá rondar a meia centena. Foram 58 os primeiros a receber sinal verde, e isto num leque de propostas de 250.
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