I.
Chega a ter piada, apesar de ser tão trágico.
Sim, o futebol para se ir ver com as crianças. É na idade delas que mais se gosta de futebol, e se joga, também. São elas que pedem para ir ver ser jogado ao mais alto nível o desporto que jogam na escola, nos júniores de um clube de bairro, com os amigos.
Se um pai não pode levar um filho ao estádio, é porque a polícia não faz o seu trabalho: impor a segurança pública.
E se não o faz, não é por falta de meios. São muitos e para este tipo de intervenção, não lhes falta equipamento.
Mas não… Em vez de exigirem condições de segurança, em vez de exigirem a expulsão dos estádios da meia-dúzia que causam desacatos, é vê-los a acusar um cidadão espancado à frente do filho, de ser “mau pai”.
Estou cá desconfiado que quem fala assim, pouco ou nada saberá de futebol. Ou, sequer, saberão ser pais e mães…. Espero aliás que não sejam nem uma coisa, nem outra, porque se o forem, essas pobres criancinhas serão uns atados para a vida, depois de infâncias passadas à frente da playstation…
II.
Neste caso, há algo que salta aos olhos de todos: um homem (polícia ou não) que bate daquela forma noutro, com um bastão de metal (adepto do Benfica ou não), à frente de uma criança, virando-se ainda para um idoso a quem deu dois murros com luvas rígidas, pode, evidentemente, fazer qualquer coisa a qualquer momento. Há, ali, um desequilíbrio psicológico ostensivo.
III.
Mas há mais uma nota a fazer sobre o assunto. Um agente da Unidade Especial de Polícia, preparado para lidar com as situações mais violentas, teve como genuína (e isso vê-se na imagem) e imediata, recolher e proteger aquela criança. Já o agressor, curiosamente, é um oficial da PSP, sub-intendente, com formação humanística de nível superior, comandante de uma esquadra de investigação (!) criminal.
IV.
Se isto afectará a imagem que as pessoas têm da polícia? Sim, porque o caso foi mediatizado. Mas não convirá esquecer que ainda recentemente 3 agentes da PSP foram detidos pela PJ, por integrarem um grupo liderado por outro agente da PJ, que se dedicava a assaltar residências, com mandados de busca que previamente falsificavam. Assim como não conviria esquecer que um agente da PSP era o chefe da “máfia da noite” e conhecido em Lisboa inteira pelo que todos sabiam, dentro e fora da hierarquia, que ele era e fazia… Não esquecemos a vergonhosa carga policial, em 2012, na Assembleia da República (começou lá, mas foram gafadas pessoas que nada tinham a ver com a manifestação, a quilómetros de distância). Ou o agente que atacou uma jornalista, noutra manifestação, com um bastão virado ao contrário, e que foi punido por “excesso de zelo” (!). Ou mesmo a ainda mais recente manifestação onde os polícias desobedeceram a ordens expressas dos seus colegas que estavam de serviço e treparam pela escadaria do Parlamento. Assim como não convirá esquecer, nunca mais esquecer, que um sindicalista dos oficiais de polícia, entrevistado sobre este caso de Guimarães, teve como principal preocupação desculpabilizar o colega e dizer que os oficiais de policia são mal pagos.
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