Certa vez, nos anos 90 do século passado, como Procurador da República, avoquei, legalmente, um inquérito a um subordinado meu – o arguido já havia sofrido algum tempo de prisão preventiva porque aquele meu subordinado e o JIC entendiam que se indiciava homicídio voluntário…
Acusei aquele arguido por homicídio involuntário e intervim no julgamento em que aquele foi condenado conforme com a minha acusação…
Findo o julgamento e conhecida a sentença, populares que enchiam completamente a sala de audiências e o átrio contíguo a esta, bateram palmas efusivamente, porque havia sido feita Justiça – diz a Constituição que os tribunais julgam “em nome do povo”…
Entretanto, fui obrigado hierarquicamente a recorrer da sentença e o tribunal da Relação confirmou-a integralmente….
A minha hierarquia teve alguma posição de apreço para comigo?
Não!
Muito pelo contrário…
Fui processado disciplinarmente…
Porquê?
Porque nenhum magistrado pode fazer sombra a uma hierarquia medíocre…
É esta a desgraçada “justiça” que temos em portugal…
– Victor Rosa de Freitas –
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