– o título podia ser mais parvo já que a conversa é sobre impostos e civilização-
O Ricardo Salgado- para ganhar uns trocos e pagar a conta do aquecimento, é comentador nos jornais – escreveu a agradecer a Mário Soares ter-lhe ajudado a salvar os bens financeiros da família. MS – ouvi a entrevista – telefonou ao seu amigo Miterrand para que desse provas da sua bondade e ajudasse a salvar os bens desta família de refugiados de espoliados do 25 de Abril.
Prontamente – para isso servem os amigos – bancos franceses se chegaram à frente. O resto da história foi um dejà vu da banca.
Para complicar o guião do filme o BES como o Titanic foi ao fundo- quando os franceses vieram buscar o empréstimo – e agora o Salgado é de novo um pobre homem a precisar de ajuda.
Desta vez foram os impostos dos portugueses chamados a pagar as contas. Ninguém telefonou ao Miterrand (daí o título desta parva croniqueta).
Porquê os impostos e não a família dele e os seus amigos a chegarem-se à frente? Se eu fizesse o mesmo, a minha mandava-me ir pedir aos padres (e até são católicos).
Os impostos deveriam servir para viver numa sociedade civilizada…Feita esta declaração de princípio, todos sabemos que assim não é.
Nalguns lugares do planeta até são. Mas não em Portugal.
Neste momento que escrevo sobre impostos e civilização, penso nos portugueses que não conseguem pagar contas de luz para sobreviver a uma quinzena de inverno rigoroso- alguns carenciados até a têm cortada- porque a EDP é uma intrincada teia de negócios de luzes apagadas, mas pagam impostos que nunca o Salgado – ou a Igreja Católica – alguma vez pagaram.
A quem vão telefonar para os salvar?
É isto civilização? Para que havemos então de querer Estado?
E porque havemos de aceitar pagar impostos? Se os que gozam e ficam ricos nunca os pagaram e apenas beneficiam…
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