Je ne suis pas microfone manhoso (por Jacinto Furtado)

Je ne suis pasO momento alto do dia não foi o facto de Portugal, a selecção preferida do grupo, ter ficado desqualificado para os oitavos de final do Euro 2016… Esperem afinal estamos em segundo… Estamos desqualificados, estamos em segundo… Uff afinal estamos qualificados mas, em terceiro.

Nada disto é novo, é a nossa triste sina, o nosso Fado, sempre foi assim e provavelmente sempre assim será!

Deixemos de lado o Fado, o Futebol, Fátima nem sequer vou mencionar. O facto do dia foi protagonizado por Cristiano Ronaldo e nada tem a ver com os dois golos que marcou na baliza da Hungria, tem a ver com o golaço que marcou no difícil desafio que é separar o trigo do joio, diferenciar o que é comunicação social, o que é jornalismo e o que não é.

Um manhoso assalariado da manhosa televisão e papel sujo de tinta de utilidade duvidosa para forrar caixotes resolveu, contra as indicações que tinham sido transmitidas, não há perguntas, não há entrevistas não é jornalismo é violar o direito e o espaço dos outros, é ultrapassar a linha onde termina a liberdade de um e começa a do outro.

Não deixa de ser curioso que o presidente da comissão de carteira profissional de jornalista, Henrique Pires Teixeira, venha a terreiro afirmar que “está em causa um crime de atentado à liberdade de informação”.  Luis Filipe Simões, do sindicato dos jornalista diz que a atitude de Ronaldo foi “um atropelo à liberdade de imprensa”.

Onde andarão estes iluminados que muito se preocupam em receber dinheiro pela emissão de carteiras profissionais e quotizações dos associados mas que nada fazem ou dizem quando os mais elementares direitos dos jornalistas são atropelados pelos interesses, quase sempre obscuros, dos donos dos grandes grupos de comunicação social? A dormir na forma certamente!

Onde andarão estes iluminados cada vez que o manhoso grupo e outros que tais violam reiteradamente as mais elementares regras deontológicas que regem o jornalismo? Sem dúvida a assobiar para o lado!

O manhoso director adjunto do manhoso canal, Carlos Rodrigues, afirma por seu lado que “a atitude do jogador envergonhou a nação”. Nada mais errado, não foi a atitude de Cristiano Ronaldo que envergonhou a nação. A atitude de Ronaldo encheu de orgulho a nação, só lamentável o facto de o lago ter ficado conspurcado com o manhoso microfone. Cada microfone manhoso a menos é uma vitória da ecologia jornalistica.

Quem de facto envergonha a nação são aqueles que ainda têm o desplante de chamar órgãos de comunicação social a grupos manhosos e outros que tais, esses sim envergonham a nação e, em primeiro lugar os jornalistas dignos desse nome que deviam ser por eles representados.

  

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