John Adams, segundo presidente americano, “Existem duas maneiras de escravizar uma Nação. Uma é pela espada, outra através da dívida”. Num discurso em 1826. (por Anabela Ferreira)

rebeldeTenho por intenção morrer imperfeita! Ainda não irei nesta vida quebrar o ciclo das reencarnações. Na próxima vida, talvez me refugie num mosteiro, em um país longínquo, e, passarei os meus dias a jejuar, a meditar. Para atingir um nirvana que me estará reservado.

Quando este canto deixar, num nenúfar cor de outono vou-me ficar, a pensar em que pássaro me tornar. Mas para já nem digo adeus, nem me quedarei em sossego.

Daqui deste socalco onde me encontro, sem procurar a perfeição, apenas aproveitando a vida quase perfeita que a serra me oferece, pergunto-me: porque e como nos tornámos tão perigosos, se a ideia de Humanidade nasceu há tão poucos séculos?

E, antes mesmo de florir, ou antes de se cimentar no solo rico e adubado com a filosofia, o humanismo, o iluminismo, o renascimento?

Somos distraídos com a dívida (ler as palavras de J.Adams), com terroristas vários, do ISIS ao Ébola, (é mais provável morrer atropelada por um tuga inconsciente- e dos que votam-), quando os verdadeiramente perigosos vestem Armani e não sabem o que é isso de humanidade: esses são meros cientistas- com esta corja de humanos- que não serve para nada, a não ser como objecto de experimentação!

Querem que me sacrifique? Que os siga? Que lhes obedeça? Que pague dívidas absurdas? Que continue a ser uma consumidora cega? Que nem ouça? E muito menos que fale?

Neste país, ou antes, neste mundo perigoso e sequestrado pelos interesses económicos, onde a manipulação é a ordem de ataque, vou obedecer?

Em nome de quê? Por quem? Por quem já perdeu a legitimidade (ou nunca a teve) para me governar ou governar em meu nome, ou tem poder sobre o que quer que seja?

De erros Cra(t)ssos em erros de programação, o país encontra-se Citiado, o mundo em perigosa queda livre e eu, encontro-me envergonhada com a manada que comigo se pastoreia. A erva verde está deste lado do pasto, de quem se rebelar. A outra margem está poluída como o Ganges, onde se lavam almas numa cadeia invisível, mas que ainda nos tentam convencer da sua bondade.

Na irracionalidade dos nossos dias querem-nos ricos em ignorância e medo. Presos por dívidas. Ou mortos às carradas (sobretudo aos pretos- esses não dão jeito nenhum estarem vivos- e a consumir os recursos de um tão absurdamente rico continente) já que não nos suicidamos colectivamente.

Para ficarem apenas os que têm capacidade para pagar e consumir.

Prometo não me submeter, não me render, não arranjar desculpas para não fazer o que estiver ao meu alcance de não desperdiçar a capacidade do poder das palavras. Descalçar-me-ei até que a terra seja o único apoio da minha nudez. Para que esses outros bem vestidos não vivam descansados.

Como um analfabeto, depois de rever o Carteiro de Pablo Neruda, apetece-me fazer metáforas:

-Vivo num enorme bar aberto, de alterne… As alternadeiras sucedem-se sem escrúpulos. Até se zangam de vez em quando por causa dos clientes… mas, também levantam os aventais para se protegerem. O que se passa dentro do alterne fica dentro do alterne.

Se sou o que penso, como dizem alguns gurus dos retiros daqueles que querem pôr fim ao ciclo de reencarnações, informo que tenho pensamentos escondidos no meu inconsciente que me dizem que só me resta soltar as correntes e escapar.

E pedir a quem é feliz e forte para ajudar os que menos podem, para quebrar este ciclo de manipulações e sequestros de quem apenas quer a paz de uma vida tranquila, até chegar o fim natural desta sua reencarnação.

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