Manobras numa casa Portuguesa (por Anabela Ferreira)

Quem inventou os portugueses fê-lo com tino (sem gozo para o senhor das rãs). Sabia certamente que a vida depende de uma boa história para conquistar a audiência. Ofereça-se uma história com drama, sangue, dinheiro, ambição, poder,seres maquiavélicos, cínicos, amorais, contrapondo-se aos bons, aos tontos, aos benevolentes, aos crédulos, e a história tem os ingredientes gourmet para ser servido numa novela de prata à hora da janta e o português engole com sofreguidão. Tal como a Gabriela Cravo e Canela deixava o Parlamento às moscas com as pernas morenas e o sorriso encantador da moça do seu Nacib e as maquiavelices dos coronéis (o segredo estava numa bela história com representações extraordinárias) o professor Marcelo contratou um especialista de Hollywood, na Disney, ou o Dustin Hoffman no filme Wag the Dog (Manobras na Casa Branca) ou até na rede Globo, com a fórmula de uma história de sucesso: envolver, enganar, criar diversão, criar ilusão, manipular e sair-se bem. Ele foi co-autor do argumento, representou, pesquisou, manipulou e preparou o terreno para nos comer as células cinzentas ao pequeno- almoço de segunda-feira. O seu terrível pecado foi pensar que somos todos uns pobres Watson´s.

Acabo de ver uma grande história com uma actor extraordinário Ian Mckellen em Sherlock e relembrei-me. O que faz com que os assassinos sejam apanhados é a sua vaidade. O ego.
Se eu fosse Sherlock dir-lhe-ia: Já cometeu o pecado da vaidade e por ele vai ser punido. Como o sei?

Elementar caro Professor!

No advento da internet toda a gente se pode informar, formar, saber, conhecer, ler, pesquisar e perceber hoje sobre a real politik tão distante da politica de Platão. Porque hoje sabemos que estamos numa caverna e temos uma ilusão projectada. Porque vi e li muitos “watch the dog”, gabrielas e outras novelas. Aprendi até com Noam Chomsky sobre as artes da manipulação.
O professor conhece bem o seu país e os tolos portugueses e tiro-lhe o chapéu por isso. Espero que não ganhe a eleição para a qual se tem preparado, idealizado, escrito o guião e representado o papel, porque a vida real não é a ficção por si engendrada.

Se ganhar…retiro-me da carreira de detective e dedicar-me-ei apenas à ficção bem mais sedutora que a realidade triste de um povo feita por um triste povo.

Espero que desta vez, ganhe o povo que bem conhece mas que entretanto se tenha engasgado com os sucessivos venenos que engoliu e ganhe tino (sem ofensa para o senhor das rãs).

não tenho imagem pode ser?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *