Nasceu em Angola em 1947, no dia 21 de Setembro, morreu hoje após uma longa luta contra o cancro. Já uma vez o tinha vencido a batalha, hoje perdeu a guerra.
Emídio Rangel começou a sua actividade profissional há 50 anos aos microfones da Rádio Clube de Huíla. Chegou a Portugal em 1975 tendo, após uma breve experiência como vendedor de enciclopédias, ingressado na RTP, ficou em 2º lugar num concurso que teve 300 candidatos.
O seu nome fica ligado a dois grandes projectos, a TSF e a SIC. Foi precisamente na TSF, ainda “rádio pirata” que conheci Rangel, ele era um “pirata” profissional, eu um aprendiz de “pirata”. Tivemos longas conversas sobre rádio, sobre a actualidade e sobre o seu futuro. Emídio Rangel tinha sempre tempo para uma conversa, para partilhar experiência e saber, nunca o incomodou partilhar essa experiência, esse saber, com a “concorrência”.
Com a entrada em vigor da Lei da Rádio os nossos caminhos separaram-se voltámos a encontrar-nos uma ou duas vezes ainda na TSF, pouco tempo antes de Rangel partir para dar vida a um novo projecto, a SIC, a partir desse momento não voltei, talvez culpa minha, a ter oportunidade de falar de novo com Emídio Rangel para beber de novo as palavras do seu saber.
Quando me pediram para escrever a noticia da sua morte confesso que fiquei incomodado, é diferente escrever este tipo de notícia acerca de uma pessoa com quem lidámos. Não tenho dúvida que muitos vão escrever sobre Emídio Rangel, sobre a sua vida e sobre a sua longa actividade profissional.
Optei por não entrar por essa linha, opto por dar destaque a um gesto de Emídio Rangel que ditou a sua saída da SIC, um gesto que podia e devia ter marcado o futuro da televisão em Portugal.
Emídio Rangel foi o director de programas que rejeitou o Big Brother, teve a coragem e o bom senso de não ceder à baixaria para aumentar audiências. Como seria melhor a televisão em Portugal se outros tivessem seguido o seu exemplo.
Obrigado Emídio Rangel, até sempre!
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