Muito barulho por nada

Quero dizer-vos que tudo o que tenho para vos dizer é que o mundo anda chato e sem criatividade. Sempre a mesma coisa, sempre o mesmo barulho. Por nada. Há milhões de anos. Bomba aqui, mortes ali, guerras acolá, cimeiras sem resultados cá, estratégias de domínio e mentiras acoli. Uns andam à porrada, outros calam-se e saem de cena, outros sofrem na pele. Sempre pelos mesmos motivos. Por tudo. Sobretudo por nada. Tudo desinteressante e nada criativo. Com umas musiquinhas e uns gin tónicos nos intervalos para animar. Assuntos chatos e sem criatividade, desde a invenção da roda e do fogo. Ser psicótico-esquizofrénico-chato-e-desinteressante é o novo normal há uns milhares de anos. Somos um total fracasso. Com uns génios pelo meio para oferecer alívio.

A culpa deve ser da programação que veio por defeito ou um vírus que entrou no sistema e tornou esta merda toda numa merda aborrecida.

Estamos já na versão 2.019 DC. Que se nos visse fazer as figuras que andamos a fazer – sempre a brincarmos ao mesmo carnaval – nunca escolheria a ressurreição e andaria de mochila às costas a fazer inter-rail e a comentar “mas o que é que esta gente fez?” “it´s all wrong! what da fuck happened“?

Ou então, a terra, aborrecida de morte por andar a girar sempre para o mesmo lado – movimento que perde a criatividade ao fim de algum tempo – desviou-se do eixo magnético. Ou assim.

O que penso – como ser muito aborrecido que sou – é que ninguém percebe nada de coisa alguma, mas levamo-nos muito a sério. Estamos todos fora do eixo. Seja lá o que isso for. Somos um circo cheio de palhaços fora do eixo. E como vamos todos desaparecer, fazemos barulho por nada. Não deveria ser – porque vamos todos morrer, deveríamos aproveitar a festa de cá estar?

Esta festa tornou-se igual à festa de cem anos de um tio que tenho num lar de terceira-idade para cegos, surdos e mudos. Tão aborrecida que basta. Ligar à Cristina Ferreira para animar significa um suicídio colectivo.

Cá está, a minha falta de criatividade e aborrecimento faz-me dizer coisas sem nenhuma criatividade. E isto é tudo o que tenho para vos dizer.

Obrigada aos que votam no non sensecomo forma de vida. Esses são os meus favorotos. Ou favo-ritos. Um rito de passagem. Da caverna para a iluminação.

Que saudades tenho de gastar o meu nada aborrecido tempo nas nada aborrecidas e bem criativas festas no tempo das cavernas…

Era tudo tão simples. Caçava-se durante um par de horas e em seguida regressávamos ao ritmo de festa,artes e comida de bisontes assados no espeto.

Tenham um final de semana criativo.

Anabela Ferreira

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