Na “Dick-tadura” dos caminhos de África. Quem mostra o caminho, longe, longo, ao meu continente, à minha espécie?​ (por Anabela Ferreira)

africa“Quando eu nasci as frases que hão-de salvar a humanidade já estavam todas escritas, agora só falta salvar a humanidade”
Almada Negreiros
Boko Haram, ditaduras violentas, raptos, genocídio, massacres terroristas, xenofobia, direitos humanos básicos inexistentes, mulheres, homossexuais, albinos tratados como escória. Ganância infinita. No meu continente. Vitima de saques de predadores. Abandonada, solitária, dividida para bem reinarem os sobas que se perpetuam no poder. Locais ou à distância.
Um continente na sua maioria mantido convenientemente na extrema pobreza.
Um mar Mediterrâneo sepulcro de milhares de vidas, na sua maioria na flor da vida, à procura de vida.
Nas suas terras a palavra não tem definição. Apenas veste capulanas impregnadas de morte.
Os pobres não dão lucro. Mas a pobreza pode gerar muitos negócios lucrativos.
No resto do mundo a vontade política para mover um dedo e algo mudar é conversa entre surdos, cegos e mudos. Não há linguagem comum.
Apenas interesses e, esses não jogam a favor das tácticas e estratégias relativamente a África no tabuleiro do jogo.
Nem a vontade de mudar interessa a quem lá está a sacar, a pilhar, a lucrar com o jogo.
No país de Nelson Mandela, um imenso barril de pólvora, está a tornar-se uma vergonha, pensar que os homens que com ele aprenderam, estão a incendiar a sua memória, quando homens incendeiam outros homens.Apoiados por discursos incendiários de homens responsáveis.
Como se África lhes pertencesse.
No meu cinismo habitual, penso que concessões e negociações foram feitas com os opressores que varreram o lixo para debaixo do tapete. O tapete rasgou-se com o tempo com tanta gente a puxar em direcções opostas.
O lixo está todo acumulado e a soltar-se desregrado.
Para gáudio dos que querem manter África solitária e campo aberto de boas negociatas.
Há ainda tantos escravos para vender e comprar…
Por homens seus parentes que ganham milhões. Aos homens seus parentes na espécie que lucram milhões.
Em particular pelo que sucede na África do Sul, país que adoro, há duas famílias (pais e filhos) Le Pen e Zuma que gostaria especialmente de ver encapsuladas num vai-vem, enviadas para o espaço por 100 anos, para conversações.
Ambos fazem o mesmo discurso xenófobo como se lhes pertencesse algum pedaço do planeta. Talvez viesse de lá um casamento gay entre os pais e,netos mulatos. Quem sabe, poderiam aprender a conviver e a tolerar-se.
Que é o que está a faltar ao meu continente. Aprender a conviver e a tolerar-se. Que é o que está a faltar…ao mundo global.
Pensei falar apenas de África mas não é possível, as fronteiras da demência, da ganância, das ditaduras, da barbárie, não existem.
Somos como o último rinoceronte branco/macho.
Este está guardado 24 horas por dia com guardas armados. Não vá um caçador furtivo ganancioso pilhar o corno. A proteger a espécie da extinção.
Assim somos nós, alguns, da espécie. Há uns guardas 24 horas por dia a proteger a extinção.
De caçadores que andam bem às claras.
Do outro lado, há muitos guardas a proteger as suas riquezas, não olhando aos meios para extinguir quem a ameaçar.
Um dia, quem se vinga é o planeta.
Se eu fosse o planeta pensaria:
até a mim a tolerância começa a faltar.
Com muita força, desejo que a moda de dar saltos em cima das mesas dos ditadores, em todas as latitudes, a despejar baldes de merda, comece a pegar.
No final da loucura
neste circo em chamas
uma lembrança vos faço
para não me esquecer
rei,presidente,ministro,militar, ladrão, 
servente, banqueiro,engenheiro,
doutor, cangalheiro, alienado, espião
vamos todos morrer

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