Na espuma dos nossos dias… desculpem qualquer coisinha (por Anabela Ferreira)

10681602_10204088203020776_1401617644_nComo accionista deste Estado, de coisas, e coisas de Estado, venho lavar a cara ao meu livro, a correr- entre ramos de rúcula, alfaces e alhos, dióspiros e beringelas da horta- e deparo-me com uma pieguice pegada:

a)os dignos ministros a chorarem desculpas à Nação.

Aos accionistas, no fundo. Com um riso de escárnio quando tiram a máscara- assim como quem pensa: tansos!

b) o PS sem D a arder em insultos internos. Desejo que a vida se lhes torne um verdadeiro inferno (também pode ser através de um chá das ervas daninhas que me invadiram as pedras).

c) a Jonet disse que há “profissas” da pobreza ?!

Naturalmente que conheço alguns. Até conheço alguns “profissas” do negócio da pobreza. Do lado contrário ao que ela se refere.

Sem querer matar a criatividade de quem é tão “empreendedor”- como já odeio esta palavra- a procurar meios para aparecer, solicito à santa das respectivas devoções que verta alcatrão e penas, cabecinhas abaixo. Numa pocilga, se não for pedir em demasia.

Eles sabem que não fizeram nada de errado! Nada!
Pois…

Não fazem mesmo nada. Ou seja: de nada!
A não ser…

Pois!

Fui atrás da moita mijar logo a seguir, com a vontade de rir que se me apoquentou a bexiga:

d)o Portas disse que eu ouvi, não sem me rir até perder o equilíbrio- que havia um certo senhor que se demitiu da missão- do tal de banco que foi bonzinho mas já não é, que é só mais ou menos, assim – assim, com más contas e/ou de gente de carácter duvidoso (estou confusa)- por não ter espírito de (de)missão.

Fiquei com dúvidas existenciais sobre o tal espírito:

-Será assim como Hamlet se questionou: Ser ou não ser: irrevogável! Eis a questão.

-Será que o rei da Dinamarca, pai de Hamlet, apareceu a Portas?

-Quem faltou à missão?

-Ou seria como dizia Orwell: há uns animais mais iguais que outros?

Ai…apeteceu-me logo: voltar para o meio das couves, enterrar-me ao lado das cebolas com um raminho de salsa a balançar entre os dedos dos pés.

Fiquei muito aborrecida, vá!

Gritei por socorro! Este reino está estragado!

Alguém os conseguirá tirar das suas zonas de conforto -os Citius onde se encontram bloqueados- e os coloca nos recipientes correctos? :

– Contentores, do lixo, evidentemente! A última tendência Outono-Inverno.

Nas guerras, no mundo, continuamos a aprender a lição: Graças a Deus que todas as religiões espalham o bom senso e a humanização. Ah claro: e o amor entre os homens. Pela degola.

Lição nº 3 da História que aprendemos desde a Antiguidade, em todos os livros da especialidade. Continuamos selvagens e, espalhamos despudoradamente o nosso saber.

As lições 1 e 2 referem-se às causas das guerras: poder e dinheiro.

Se for preciso, até vendem o planeta para ter ambos.

A saber da minha vida: continuo no caminho do conhecimento e do saber. Nem que seja como se faz aguardente de medronho. Prefiro o cheiro da destilaria da serra do que o fedor que vem desses outros currais políticos, e, desta feira desgovernada em formato big brother-pornograficamente miserento – que vivemos.

Sabem aquela pedra que atiramos a um lado quieto? Forma círculos a distâncias longe da nossa imaginação. E, no mergulho encontra-se o saber.

O que eu gosto de fazer é acompanhar o mergulho da pedra. E aumentar a minha distância do supérfluo. Através das alucinações com medronho.

Da vida, ouvi dizer – entre gente que decidiu que no mudar de vida iria conquistar asas para voar, de gente que me inspira, em cenários que me levam a mergulhos nas águas profundas da imaginação – que segue o caminho da água, para o oceano. O seu destino!

O meu escolho-o. No momento em que deixo que a vida aconteça.

Acontece entre as conversas enquanto se colhem marmelos e amoras. Nas palavras que escrevo para mais um conto, nas personagens que crio no pensamento. Para um novo livro. Acontece também, quando estou com as gentes que decidem cruzar as suas vidas com as minhas.

Dizem que aqui onde estou é o penico do mundo. Chove. Maningue. Acho mesmo que o penico era da avó do Pedro e está roto. Por uma enorme depressão bipolar do neto Pedro, da avó Maria. Até já nascem cogumelos nas paredes. Vou ali colher uns dos venenosos, para ir deixar nas portas do outro santo. O Bento.

E tornar-me independente!

Chiça, penico!

Até à próxima colheita: de scotch whisky.

Saravá!

Enquanto a orquestra toca um Requiem…

In the loving memory do nosso triste estado. E Estado. De sítio. De coisas. De situações. De pessoas.

Cheio de estrume.

Peçam rapidamente desculpa-por todos os crimes cometidos- e de seguida, retirem-se. Sem dar nas vistas, para longe. A comunidade ficará grata.

Assinado: uma accionista entre as couves.

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