Na espuma dos nossos dias…Desigualdades (por Anabela ferreira)

GetAttachmentSou átomos de todos

todos têm moléculas de mim

Pertenço a tribUs em cada lugar

de cada coração que abraça o meu

Cem anos se passaram

Da primeira guerra que colocou o mundo

Na senda das desigualdades

Combatem, perdem a vida, deixam milhares de órfãos e viúvas

Para que outros homens, iguais a todos nós, mas privilegiados porque o casaco que vestem é feito do algodão colhido pelos escravos, vivam ricos

Deixando aos que morrem as sobras sintéticas para vestir. Estes são os que morrem e deixam órfãos, viúvas e mães de luto

Estamos cem anos mais sábios?

As desigualdades cem anos depois, não se desfizeram nem estão esgaçadas pelos panos comidos pelo tempo,

Aguçam-se

Gritam-nos nos rostos dos desprotegidos, dos que ainda perdem a vida!

Mas não as encaramos…

Discutiram-se as fronteiras ao belo poder do prazer do ego dos machos alfa. Uma disputa de territórios.

Sem nunca consultar as mulheres. Apenas existem na transparência,

Eles, os homens, morrem em nome do ego de quem comanda as guerras para…perder

Elas, as mulheres submetem-se aos egos que inventam as guerras para… perder

Cem anos se passaram, e entre guerras e desigualdades, o mundo cresceu

Tornámo-nos muitos. Mas menos sábios.

As mulheres esqueceram e dão mais filhos à terra.

Continuam em guerra como se nunca a primeira tivesse tido fim,

em nome dos recursos para os donos do algodão colhido pelos escravos.

Os muros, as barreiras, as cercas e as desigualdades para proteger os que vestem o algodão colhido pelos escravos, cem anos mais velhos,

são ainda mais altos e resistentes.

Vejo-os da minha casa, na minha janela, na beira do meu passeio, no arame farpado que me separa dos meus irmãos

E de uma vida digna

em nome do nada…no vazio que vem das mortes sem justiça

Como se as notas numa partitura de jazz tivessem sido mal combinadas e mal usadas:

-Como se tivesse caído pelas escadas e todos os instrumentos de desafinassem em simultâneo e se tornasse  impossível improvisar.

Numa jam session catastrófica e desamparada.

Somos uma espécie desamparada.

Inventámos o fogo para nele nos consumirmos.

Cem anos de instrumentos desafinados e despidos de partituras.

Onde improvisar para nos levar pelo caminho da nossa essência, a liberdade, estivesse recheado de armadilhas e minas anti-pessoais.

Como se a guerra, começada há cem anos não tivesse terminado…

E eu, todos nós…continuamos a perder guerras…sem número

Somos o meteorito que despejou os dinossauros do planeta,

somos todos os soldados zombies aparecidos por entre o fumo de uma batalha, nas trincheiras da primeira Guerra,

somos todos os que lá deixaram a alma e o sangue. Em todas as guerras.

Em todas as desigualdades, deixamos a alma.

A Humanidade vai vestida com roupas retalhadas ,

se não nadarmos contra a forte corrente que nos quer afogar,

se não aprendermos a desfazer

as correntes que nos aprisionam,

em nome da liberdade que somos

em nome da unidade à qual pertencemos

a humanidade ficará… nua!

sinto com um coração,

Que pulsa sangue vermelho…

sou,

apenas sou,

pó de estrelas

calçada de liberdade

despida de medo

vestida de paixão transparente

um pouco de nada, muito de tudo

sou…de todas as cores,

humana

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