O eurodeputado Nuno Melo, grande especialista na ciência do oposicionismo, publica hoje no Jornal de Noticias mais um artigo de opinião em que resolve continuar na sua já tradicional senda do bota abaixo.
Nuno Melo para tomar balanço na má língua começa por citar um artigo publicado no jornal El Mundo, assinado por um enigmático Sebastião Pereira, que vaticina o fim do governo, da carreira política de António Costa e mais umas quantas barbaridades.
O artigo em questão afirma, como se conhecimento e provas de facto o seu autor tivesse, que há descoordenação no comando, nas comunicações entre os intervenientes e um par de mentiras mais, tais como o facto de atribuir às autoridades portuguesas a falsa noticia da queda do avião, chegando a afirmar que as autoridades confirmaram a queda, mas, por estranho que pareça, não identifica quem foi o representante das autoridades que confirmou a queda.
Quem é este Sebastião Pereira que assina o referido artigo no El Mundo? Assina este e outros 7, todos eles relacionados com os recentes incêndios, ou seja, não há no jornal histórico deste jornalista que não seja o já referido. Será que este Sebastião é uma reencarnação dos famosos beneméritos do CDS sendo que este, em vez de servir para depositar donativos, dá o nome a artigos que servem para justificar ataques políticos.
Voltando ao artigo de opinião de Nuno Melo. Além do empurrão que é dado pelo enigmático Sebastião Pereira utiliza outros argumentos que não passam de pura retórica politica desenquadrada da realidade e da factualidade.
Diz Nuno Melo que não é normal o SIRESP falhar, tenho sido renegociado em 2006 quando José Sócrates era primeiro-ministro e quando António Costa era o ministro da administração interna. Obviamente Sócrates não podia faltar nesta equação, ainda se arranja forma de dilatar o prazo do inquérito em curso mais uns meses, talvez até final de Setembro que é uma data como outra qualquer… ou então não!
Na retórica de Nuno Melo falta um detalhe importantíssimo é que se por um lado o SIRESP foi, como ele muito bem afirma, renegociado por António Costa, também é um facto que o contrato foi assinado por Daniel Sanches, ex-funcionário do BPN que, enquanto ministro, assina um contrato com o ex-patrão. Como se isto não bastasse o contrato é assinado 3 dias depois das eleições legislativas de 2005, ou seja, com o governo em gestão, um governo que só devia assumir compromissos de gestão corrente e de urgência provada e comprovada.
António Costa renegociou a trampa que estava feita, mas dificilmente se transforma trampa em alguma coisa de jeito. Convém acrescentar que a primeira intervenção de António Costa neste processo, quando assumiu a pasta do Ministério da Administração Interna foi pedir um parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República, com o objectivo de anular a trampa que tinha sido feita, 5 votos a favor, 5 votos contra foi o resultado o desempate foi dado pelo Procurador Geral da República, Souto Moura, que usando o voto de qualidade para dizer que o contrato assinado por Daniel Sanches não se enquadrava com um acto de gestão.
Foram pedidos pareceres ao Instituto das Comunicações, ao Instituto Superior Técnico à Inspeção Geral de Finanças e à ANACON. Todos os pareceres foram no sentido de renegociar o contrato até porque já havia forças de segurança que estavam a utilizar o sistema. Em conclusão, no que ao SIRESP diz respeito restava renegociar e transformar a trampa numa trampinha!
Diz Nuno Melo que não é normal que dos 6 aviões Kamov adquiridos pelo Estado em 2006 apenas 3 funcionem, mas, como não contesta, deve achar normal que dos 2 submarinos comprados pelo seu ex-líder espiritual, Paulo Portas, em 2003, apenas um funcione. Isso já é normal!
Ainda dentro daquilo que não é normal segundo Nuno Melo está o facto de Portugal ter recusado um desconto que podia atingir os 85% para a compra de aviões anfíbios, mas, novamente o que Nuno Melo esquece é que, como não há almoços grátis, o custo de manutenção desses equipamentos era de todo incomportável e, caso o governo os tivesse comprado, cá teríamos o opinador eurodeputado a criticar a compra e os custos de manutenção.
Diz ainda, entre outras coisas, que não é normal um ano e meio depois de ter tomado posse o governo atribua culpas ao anterior governo. Não ouvi, nem li, nenhuma acusação nesse sentido mas, por outro lado já ouvi e li, várias vezes, os partidos que compunham o antigo governo, um ano e meio depois de terem saído do governo quererem os louros por tudo o que de bom acontece atirando para o atual governo as culpas de tudo o que de mal acontece.
Retóricas politicas…!
É normal… ou então não!
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