Sentada no banco a ponderar sobre o ninho de cucos…
Hoje o BCE (Banco Central Europeu) adopta medidas inacreditáveis para a Banca na UE, para que estes “emprestem à economia” e a salvem…
Emprestam a 0% e dão bónus. Paga até para lhes emprestar, para que estes emprestem…Antes que venham os donos dos mercados penso eu de que, e engulam a Europa.
Como num sonho, percebo que nada percebo de finanças ou de economia. Só percebo que a minha vida sem dinheiro não se concretiza em aspecto nenhum e se eu não tenho, não faço mover a economia. Por sua vez, esta, é feita de gente como eu. Se a gente não produz, não tem dinheiro, não pode fazer nada, nem criar empresas para criar empregos que gerem dinheiro, essa gente não existe, nem faz falta.
Muito confuso de tão simples. Mais confusa é a física quântica mas até ela com a descoberta das ondas gravitacionais ficou mais fácil de entender.
O banco empresta-me dinheiro, eu crio dinheiro através de uma actividade lucrativa (onda gravitacional) e esse movimento faz mexer e é visível na economia. Estúpidos!
A Europa está assim. No cadafalso. Condenada a morrer, com a lâmina a escorregar em direcção ao pescoço. Com a economia morta porque os seus cidadãos já foram esmifrados para além do possível e já não têm mais trabalho, empresas nem rendimentos para gerar ondas. Nada mexe. Eis senão quando o BCE ao final destes anos de estertor vem dar uma injecção de adrenalina.
Vem-me à memória as dificuldades em que se encontra o grande banco alemão…
Vem-me à memória a frase “viveram acima das possibilidades”…
Vem-me à memória a frase “não há dinheiro”…
Vem-me à memória a frase “só há um caminho: a austeridade”
Vem-me à memória Varoufakis. A Grécia. A Irlanda.
A Islândia.
entre outras memórias,
vem-me à memória os milhares obrigados a emigrar por falta de trabalho
vem-me à memória os que continuam desesperadamente desempregados
vem-me à memória a dívida pública que pagamos todos até aos meus tri-tri netos.
vem-me à memória os que morrem por falta de dinheiro na pensão para medicamentos
vem-me à memória o património nosso (REN, EDP, TAP, etc) e das restantes Nações Europeias vendido por dois patacos aos melhores compradores (não necessariamente às melhores ofertas), por falta de dinheiro ou de medidas sérias do BCE para com os seus Estados Europeus.
entre outras más, duras,inesquecíveis memórias:
1º-Bancos são resgatados pelo Estado
2º- Bancos vão à falência
3º -Bancos fazem aumento de capital
4º -Bancos são resgatados pelos Estado
5º -Bancos vão à falência
Estou como a Floribela: confusa. Preciso urgentemente de fazer a fotossíntese.
Esta injecção de adrenalina/capital para quê ?Porquê ? Irá o morto ressuscitar e fazer ondas que se descubram? Se é feito agora porque não foi feito antes e se asfixiou quem faz mexer a economia? São estúpidos ou quê? Não, não são!
Não está o sistema capitalista de casino totalmente falido e corrompido e seja esta a hora de o eutanasiar? Vamos (os Estados membros que não foram salvos pelo BCE) voltar a pagar de novo à Banca e salvá-la quando esta voltar a falir, se não resultar?
Porque temos de ter orçamentos de Estado com mais medidas de austeridade e para a Banca uma torneira aberta?
Não sei o que pensar. É minha convicção que o placebo é apenas para enganar os mercados (sempre eles) e acabar a esganar definitivamente o paciente. Não é possível continuar o esquema manhoso pois não? Intuo que o dia do fim do tratamento oferecido por estes carrascos deve estar a chegar. Ou o meu.
Há algum cientista sábio e simples, que me possa explicar tão complicada ciência, respondendo às minhas questões que não são apenas de retórica?
Não me vou deixar engolir nem pactuar com a banalidade do mal dos nossos tempos sem questionar. Precisamos colectivamente encontrar respostas porque há outros caminhos. O da coesão e cooperação entre os homens é uma via. Não me vou reconciliar com aqueles que me querem usar como ovelha obediente. Vou desobedecer ao pastor autoritário e morder as canelas do cão que me faz medo.
Como faço parte da massa do povo que vier a pagar a massa, peço a alguém que me esclareça o menu para que eu, segundo as palavras de Eduardo Galeano, “escolha o molho com que vou (de novo) ser comida”.
Deixe um comentário